CARNAUBAIS RN-VALDEMAR CAMPIELO LIDER INCONTESTE GOVERNOU CARNAUBAIS EM DUAS OPORTUNIDADES DISTINTAS


No ano de 1965 já instalado no Brasil o regime militar, aconteceu a primeira eleição constitucional em Carnaubais com o vereador em três mandatos na Câmara Municipal de Assu, sendo Valdemar Campielo Maresco, o candidato escolhido para o desafio maior de enfrentar o candidato da situação João Batista Lacerda Montenegro, irmão de deputado Olavo Lacerda na sucessão do prefeito interventor Rivadávia Alves Cabral.

 

Nesta época se rivalizavam no predomínio do poder politico varzeano Olavo Lacerda Montenegro pelo PSD e Edgard Borges Montenegro pela UDN.

Olavo com  sua valentia politica tentou fazer uma paz pública que com seu rival, fato que não aconteceu devido a indisposição do seu sobrinho Inácio Dias de Lacerda, que sendo vereador em Assu e adversário de Olavo, reagiu de imediato, convocando os vereadores: Astério Tinoco, Pedro Borges de Andrade,Verdi Cortez e Juca Benevides , todos da ala edgazista, passando um telegrama urgente redigido por Dr. João Marcolino de Vasconcelos (Lou) para que num prazo de 48 horas, apresentasse um candidato do seus bloco politico, sob pena de rompimento em caso da falta de acato desta solicitação.

Edgar se sentindo em canto de parede, veio atender o chamamento de seus pares e nesta reunião, o nome escolhido, foi do líder sindicalista da região de Logradouro e Porto do Mangue Valdemar Campielo Maresco – que teve como vice prefeito João Benevides Sobrinho (Juca Benevides).

A campanha ganhou contornos de altíssima rivalidade dado o comportamento austero de Olavo em seus discursos em praça pública e das discussões brabas e inflamantes  em tom de resposta do seu tio Inácio, que nos bastidores da politica local, não poupava a pele dos dois sobrinhos.

Inácio era como um lança flecha do exército de Valdemar, topava tudo que fosse possivel, gastou dinheiro de suas suadas posses para bancar determinadas necessidades da campanha de Valdemar Campielo.

Fizeram uma campanha popular, enquanto Olavo e João Batista sobrevoava o municipio de helicóptero, uma frota potente Jeep Toyota, enviados pelo governador Aluizio Alves corria de estrada afora fazendo a campanha de JB.

Valdemar andava de porta em porta, montado no cavalo “Viola” de Chico Amâncio e seu companheiro Inácio Lacerda montava a besta “Rosinha” uma possante égua que recebeu de presente do popular Rodolfo, um parente que morava na comunidade “Entrada” no municipio de Areia Branca.

Enquanto Olavo e comitiva se banqueteava com a elite na casa de dona Cecilia Alves, Valdemar orientado por papai, ia jantar em casa de um orador humilde de cada comunidade.

A estratégia usada, era simples e eficaz .

Nesta época eu estudava em Mossoró e recebia a incumbência de colocar aviso na rádio Rural de Mossoró que o candidato Valdemar Campielo e seus aliados de campanha, candidatos a vereadores e outros seguidores, estariam em comunidade tal, jantando na casa de fulano de tal dos anzóis, a convite do seus moradores.

Papai com sua visão coletiva de fazer politica, gastando os parcos recursos do seu patrimônio, mandava deixar na casa do anfitrião a carne do almoço ou jantar, o peru comprado a galinha dada por algum correligionário e a bebida  gratuita para quem comparecesse, indo o senhor Chico Varela com seu botequim ambulante servir a acachaça, o conhaque, o vinho e o guaraná, de uma vez que era rara quem possuísse uma geladeira a gás.

Como exemplo cito um jantar na comunidade Pai João na casa de seu compadre Cirilo Albano.

Por mais de uma vez trouxe a famosa dupla de violeiros repentista mossoroenses: Elizeu Ventania e João Liberalino para grandes cantorias na casa de Manoel Horácio aqui no Pacheco.

Foi desta forma que o nome de Valdemar ligeiramente se popularizou nesta região, desde que era bastante forte eleitoralmente nas comunidades de logradouro e Porto do Mangue, cujos votos iraram a vantagem de João Batista que era mais votado na cidade e adjacências.

Valdemar teve uma vitória consagradora e o ponto marcante desta façanha, foi fazer Olavo se revoltar, trazendo pra Carnaubais o pelotão policial do destacamento de Assú, impedir que Inacio Lacerda, Verdi Cortês e demais vitoriosos, fizessem a passeata comemorando o resultado favorável das urnas.

A cultura da prepotência dos poderes em Carnaubais, não é um fato novo, existe desde o seu primeiro momento, uns sendo mais e outros menos, na condição de dizer e fazer o que bem entendem.

A verdade é que até hoje persiste: quero, posso e mando!

Moral da história – papai se sentiu desprestigiado por Valdemar, antes da sua posse, ponto de não marcar presença e com 12 dias de seu governo anunciou o seu rompimento com Valdemar.

Na segunda passagem de Valdemar pela prefeitura, contarei detalhes de como Valdemar perdeu a hegemonia e popularidade por esnobação de atos que desabonaram a sua conduta como liderança inconteste deste municipio.

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