Carnaubais RN; Rússia admite que queda de avião no Egito foi ‘ato terrorista’
Foto: ASMAA WAGUIH / REUTERS
A possibilidade de um atentado ter sido responsável pelo desastre do Airbus da Metrojet que matou 224 pessoas na Península do Sinai se torna cada vez mais evidente, segundo autoridades. O primeiro-ministro da Rússia, Dmitri Medvedev, admitiu nesta segunda-feira que a queda do avião russo na região do Sinai foi possivelmente resultado de um “ato terrorista”.
“A possibilidade de um ato terrorista é considerada naturalmente como a causa do que ocorreu”, disse o premier em uma entrevista para a edição desta segunda-feira do jornal estatal Rossiyskaya Gazeta, segundo a AFP.
Com declarações de políticos e especialistas, agentes locais do Egito falaram em 90% de chances de uma bomba na aeronave e outros admitiram falhas de segurança drásticas no aeroporto de Sharm el-Sheikh, de onde investigadores acreditam que uma bomba tenha sido plantada no voo que caiu no sábado, dia 31.
Os EUA devem mandar o FBI para auxiliar na perícia. Na noite de sábado, um funcionário ligado às investigações disse à CNN ter “99,9%” de certeza que o episódio foi provocado por uma bomba plantada. Neste domingo, investigadores egípcios afirmaram que têm 90% de certeza que o som ouvido no último segundo gravado na caixa-preta do voo foi o da explosão de uma bomba.
— As indicações e análises mostram que o som seria de uma bomba. Temos 90% de certeza disso — explicou sob anonimato um investigador.
O chefe da comissão de inquérito, Ayman el-Muqadem, afirmou um dia antes que o avião se partiu em pleno voo, mas que o suposto estouro poderia ter se originado de “baterias de lítio na bagagem, no tanque de combustível ou fadiga no corpo do avião”. Por sua vez, o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, foi enfático:
— Não devemos descartar nenhuma hipótese, mas evidentemente a hipótese de um atentado é levada muito a sério — disse o premier, que também vem coordenando esforços de seu país na investigação.
CAOS NA SEGURANÇA
Sete funcionários de segurança no aeroporto de Sharm el-Sheikh — que vive um caos com cancelamentos e superlotação para turistas retidos no balneário — mostraram à AP algumas falhas graves de segurança. Um deles é um aparelho de escaneamento de bagagens grandes que passaram por check-in, que todos disseram estar constantemente com defeitos. Segundo eles, os superiores estavam cientes do problema, mas não substituíram o material.
— A estupidez também fez a máquina quebrar. Já vi gente tirando da tomada para economziar energia, ou operadores achando que estão evitando a sobrecarga elétrica — disse um.
Além dos problemas que pdoeriam ter levado à colocação de uma bomba no bagageiro, foram mostradas revistas ineficazes na passagem de comida e bebida. Nos últimos dias, turistas relataram ter tido facilidade (em meio ao caos das filas) para embarcarem com objetos proibidos, como isqueiros e garrafas d’água abertas.
Eles também afirmaram que os hotéis mandam comida para o serviço de bordo, mas que ela não é verificada porque representantes do aeroporto e os entregadores se conhecem. “É rude”, segundo um.
Mas o principal problema citado foi a corrupção:
— Não consigo te dizer quantas vezes peguei uma mala cheia de drogas ou armas, mas que os agentes acabaram deixando passar por algo como € 10 — relatou outro.
A Aviação Civil do Egito negou categoricamente todas as acusações, dizendo que o aeroporto “é um dos mais seguros do mundo”. No entanto, o Secretário de Transportes britânico, Patrick McLoughlin, alertou que a checagem de malas no local parecia muito insuficiente, e pediu a suas companhias aéreas que reforçassem suas perícias.
Apesar dos problemas para deixar o aeroporto, a Rússia já conseguiu repatriar pelo menos 11 mil pessoas. Outras mais de 60 mil ainda estariam aguardando a saída. Em São Petersburgo, autoridades fizeram cerimônias civis e religiosas em homenagem aos mortos.
O Globo
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