Foto: Ailton de Freitas – O Globo
Depois das declarações do líder do PT sobre o “clube do golpe”, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (PSDB-MG), foi cobrado diretamente pelo PT sobre a ligação dos tucanos com o presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em torno do andamento do pedido de impeachment. Aécio respondeu que Cunha deve responder às “gravíssimas acusações” que recaem sobre ele, mas que a oposição não deve cair na armadilha de desviar do foco, que é o governo da presidente Dilma Rousseff. Interpelado pelo senador Linbergh Farias (PT-RJ) sobre a aliança entre o PSDB e Cunha, Aécio disse que a aliança do partido é com “70% da população”, que quer a saída da presidente Dilma do cargo.
— Ao presidente da Câmara, caberá a ele obviamente se defender das gravíssimas acusações que sobre ele recaem. A aliança do PSDB e das oposições é com cerca de 70% da população brasileira que está percebendo que este governo não tem mais capacidade para governar, parra tomar decisões importantes para o país. O PT busca desviar o foco daquilo que é essencial, a incapacidade que esse governo vem demonstrando de continuar governando o Brasil. Não vamos cair nesta armadilha — disse Aécio.
O tucano disse que os partidos de oposição divulgaram nota, no final de semana, pedindo o afastamento de Cunha do cargo. Aécio disse desconhecer eventual encontro de Cunha com líderes da oposição antes da divulgação da nota.
— Em relação ao senhor Eduardo Cunha, já dissemos isso de uma forma clara: as oposições já se manifestaram, inclusive pelo seu afastamento. A nota foi feita pelos líderes das oposições da Câmara e, para mim, está valendo. É um sentimento amplamente majoritário nas oposições em relação à gravidade da denúncia que recaem sobre o presidente da Câmara dos Deputados, mas isso não vai nos tirar do nosso foco. Agora é fundamental que o foco principal dessas denúncias não se perca, e o foco é o governo do PT — disse o senador.
Aécio ainda respondeu ao líder do PT, Humberto Costa, que criticou a ação “golpista” da oposição em favor do impeachment de Dilma.
— O PT, ao não ter respostas a dar a todos esses questionamentos, atacam as instituições, como fizeram com o TCU, e agora buscam taxar as oposições de golpistas — disse o tucano.
Quanto à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de suspender o rito da Câmara sobre o processo de impeachment, Aécio defendeu a prerrogativa do Legislativo de tomar uma decisão sobre abertura de impeachment.
— Estamos analisando essas decisões, obviamente elas têm que ser respeitadas, obviamente não se pode retirar uma prerrogativa constitucional do Poder Legislativo. Vamos analisar elas em sua profundidade, mas é uma decisão que caberá à Câmara (à bancada do PSDB na Câmara) — disse Aécio.
O tucano fez vários discursos em plenário, mas só falou sobre a questão de Cunha e do Supremo depois de questionado em entrevista. Diante da pergunta de Lindbergh, ele repetiu apenas que a aliança do PSDB era com a sociedade.
— Aécio, o PSDB está em conluio com o deputado Cunha — disse Lindbergh, olhando para os senador tucano.
— Nossa aliança é com mais de 70% da população — respondeu Aécio.
Pouco antes, o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), e a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) também trocaram farpas sobre as negociações pelo impeachment.
— Fala-se das tentativas de fazer acordo com Cunha para uma proteção recíproca: o presidente da Câmara protege a presidente na Câmara e a presidente tenta ajudar Cunha na resposta do Supremo dos seus processos. O pior que pode haver nesse instante é a ausência de uma decisão (sobre o pedido de impeachment) — disse Cunha Lima.
— O senhor usa de contorcionismo verbal para justificar esse atitude golpista da oposição. A presidente e o PT não tem proximidade com o presidente da Câmara. Quem articula com o presidente da Câmara é o PSDB. Tem que explicar de forma clara porque fecham os olhos às denúncias contra o presidente da Câmara — disse Gleisi Hoffmann, afirmando que Cunha “não tem moral” para decidir sobre um pedido de impeachment contra Dilma.
Cunha Lima disse que a decisão do Supremo não pode reduzir a atuação da oposição em favor do impeachment.
— Não haverá processo de intimidação — disse Cunha Lima.
O Globo
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