O deputado Jair Bolsonaro diz ter sido vítima de “intolerância, preconceito, discriminação e heterofobia” pelo deputado Jean Wyllys em um voo que ia do Rio de Janeiro a Brasília. Wyllys, que estava sentado quando Bolsonaro chegou ao avião, levantou-se e mudou de assento. Bolsonaro estava gravando desde antes de sentar. Wyllys classificou a gravação de Bolsonaro como “sensacionalismo barato” em sua página no Facebook.
Em resposta, Jean Wyllys publicou um texto na rede social em que cita Patrícia Galvão, a Pagu, que foi presa durante o governo de Getúlio Vargas. Em visita de Ademar de Barros à penitenciária, Pagu teria sido a única detenta a recusar-se a dar-lhe a mão, dizendo: “Não dou a mão a carrascos nem a interventores”.
Jean Wyllys afirma no post que se baseia no exemplo de Pagu para não estender a mão a pessoas que “defendem e estimulam a tortura (crime de lesa-humanidade!); que apoiam regimes autoritários e fascistas; que fazem apologia ao estupro de mulheres; que desrespeitam as famílias de pessoas mortas sob torturas em masmorras de ditaduras; que lamentam que intelectuais de esquerda não tenham sido metralhados; que defendem a violência contra crianças e adolescentes; que aplaudem a degola de presidiários; que estimulam a homofobia e outras violências contra homossexuais; e que financiam, com dinheiro público, sórdidas campanhas difamatórias contra adversários políticos”.
Leia, na íntegra, o post de Bolsonaro e a resposta de Jean Wyllys:
Post de Jair Bolsonaro
O que aconteceria se um homossexual fosse humilhado em voo da TAM
Ao embarcar hoje no voo da TAM
Surpreendentemente, em clara demonstração de intolerância, preconceito, discriminação e heterofobia o Deputado Jean Wyllys levantou-se e acomodou-se em outro assento.
Se fosse eu quem tivesse praticado tal atitude, pelo PLC 122/2006 (Senado), que criminaliza a homofobia, estaria sujeito à pena de 1 a 3 anos de reclusão, além da perda do mandato e o fato seria noticiado pela maioria dos telejornais.
Direitos iguais sempre!
Post de Jean Wyllys
Presa pela ditadura Vargas – que durou de 1937 a 1945 e colaborou com o regime nazista de Hitler – sob acusação de “subversiva” por causa de suas atividades no então clandestino Partido Comunista, a jornalista e escritora Patrícia Galvão (mais conhecida como Pagu) foi retirada da cela e conduzida com outras companheiras à presença do interventor Ademar de Barros, que visitava a prisão na ocasião, mas era conivente com as – e incentivador das – torturas e outras violências praticadas contra os presos políticos. O diretor do presídio exigiu que as prisioneiras, em fila, cumprimentassem a autoridade política. Todas as outras presidiárias cumpriram a ordem, apenas Pagu não estendeu a mão a Ademar de Barros. Quando o diretor do presídio exigiu que ela o obedecesse, Pagu respondeu: “Não dou a mão a carrascos nem a interventores!”. E, por isso, foi conduzida à solitária pela desobediência.
Tenho, em Pagu, uma das minhas referências. Escroques que defendem e estimulam a tortura (crime de lesa-humanidade!); que apoiam regimes autoritários e fascistas; que fazem apologia ao estupro de mulheres; que desrespeitam as famílias de pessoas mortas sob torturas em masmorras de ditaduras; que lamentam que intelectuais de esquerda não tenham sido metralhados; que defendem a violência contra crianças e adolescentes; que aplaudem a degola de presidiários; que estimulam a homofobia e outras violências contra homossexuais; e que financiam, com dinheiro público, sórdidas campanhas difamatórias contra adversários políticos, recorrendo à calúnia não merecem que lhes estendamos a mão nem que sentemos ao seu lado onde quer que seja.
Lamento que, neste Dia do Jornalista, o jornalixo dê o tom, abrindo espaço para que escroques piores que Ademar de Barros mintam sobre os motivos de suas vítimas se recusarem a estar ao seu lado.
Fonte: IG