Carnaubais RN; Alvo de operação da PF, sobrinho de Lula admitiu contrato com a Odebrecht à CPI do BNDES


FOTO: LUIZ CLAUDIO BARBOSA/CÓDIGO19/ESTADÃO CONTEÚDO – 22.3.2016

Por interino

Alvo de um mandado de condução coercitiva na operação Janus, da Polícia Federal, nesta sexta-feira (20), o empresário Taiguara Rodrigues dos Santos, sobrinho do ex-presidente Lula, afirmou à CPI do BNDES em outubro do ano passado que sua empresa Exergia Brasil recebeu entre US$ 1,8 milhão e US$ 2 milhões por serviços prestados à Odebrecht.

O valor era referente à obra de ampliação e modernização da hidrelétrica de Cambambe, em Angola. A Polícia Federal investiga se os pagamentos à empresa de Taiguara foram utilizados para o recebimento de propinas.

Na ocasião, o executivo falou por quatro horas à comissão, e disse que o valor é referente a serviços de sondagem, avaliação da topografia e gerenciamento de obras prestados pela empresa. Segundo ele, todos os contratos foram obtidos por meio de licitações dentro da empreiteira.

A investigação começou com o envio para a PF de um Procedimento de Investigação Criminal do Ministério Público Federal que pretendia investigar se a construtora Odebrecht teria, entre 2011 e 2014, pagado propina em troca de facilidades na obtenção de empréstimos de interesse da multinacional junto ao BNDES. No total, a obra de Cambambe recebeu do BNDES financiamento de US$ 464 milhões.

Ao falar para os deputados no ano passado, Taiguara também confirmou ser amigo do filho do ex-presidente Lula Luís Lula da Silva, o Lulinha, mas negou que o ex-presidente ou seu filho tenham exercido tráfico de influência para que sua companhia conseguisse contratos junto à empreiteira. O executivo disse ter contato com Lula, mas não se considerar amigo do petista, embora seu pai, que foi cunhado do ex-presidente, tenha sido “muito amigo” do ex-presidente. “Lula foi casado com minha tia, irmã do meu pai”, afirmou, negando que isso signifique que ele seja sobrinho do ex-presidente, como noticiado pela imprensa.

Em relação a Angola, ele disse que as oportunidades de trabalho naquele país apareceram “com o passar dos anos”. O executivo contou que, em 2007, foi convidado pelo empresário paulista Nivaldo Moreira, da companhia Morelate, para atuar no fornecimento de peças para ônibus e caminhões no país africano juntamente com o empresário português João Germano.

De acordo com o Taiguara, quando a Exergia foi aberta, em 2009, ele detinha 49% da sociedade, sendo o restante da participação do empresário português. Questionado por integrantes da CPI como o grupo português topou sociedade com ele sem que ele tenha entrado com qualquer capital inicial, o executivo afirmou que foi escolhido pela sua habilidade como vendedor, uma vez que seu principal papel seria “vender” a empresa. Ele disse atuar como vendedor desde os 14 anos. Parlamentares de oposição se mostraram irritados com a resposta do empresário, que confirmou ser sócio de outras três empresas, as quais, segundo ele, não atuaram em Angola.

O empresário disse ainda que a Exergia é uma empresa pequena. Segundo ele, de 2011 a 2015, o faturamento da companhia não chegou a R$ 2 milhões por ano. “Infelizmente não sou um grande empresário”, disse. Taiguara confirmou que comprou um apartamento duplex com financiamento da Caixa Econômica Federal e um veículo de luxo da marca Land Rover. Ele alegou, contudo, que, desde meados do ano passado, vive em situação econômica difícil, tendo “muitas dívidas”. De acordo com o empresário, seu apartamento corre o risco de ir a leilão. “A Exergia Brasil está há muito tempo sem contratos”, disse.

Em seu depoimento, o executivo também confirmou que Exergia Brasil firmou outros contratos com a Odebrecht, empreiteira envolvida nas investigações da Operação Lava Jato: um deles no valor de US$ 280 mil e outro de US$ 750 mil – este para reformar uma casa em Angola. O empresário negou, contudo, ter fechado contrato de US$ 1 milhão para construir uma fazenda hidropônica no país africano. Segundo ele, o projeto não foi para frente porque ele não recebeu o dinheiro pelo serviço. No depoimento, o executivo disse ainda que não sabia que a obra da hidrelétrica de Cambambe possuía financiamento do BNDES.

Na ocasião, Taiguara aceitou a quebra dos sigilos fiscal, telefônico e bancário de sua empresa, solicitada pelo deputado Betinho Gomes (PSDB-PE). O empresário comentou ainda que não tinha recebido nenhuma notificação ou intimação do Ministério Público de investigação a seu respeito. O executivo disse estar sabendo apenas pela imprensa estar sendo investigado pelo MP. “Está me incomodando aqui o menosprezo à minha pessoa o tempo todo”, disse.

R7, com Estadão

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SP - OPERAÇÃO/LAVA JATO/26ª FASE - GERAL - Sede da construtora Odebrecht em São Paulo (SP), na manhã desta terça-feira (22). Hoje   foi divulgado dados da 26ª fase da Operação Lava Jato. Um grupo de 380 policiais federais   cumprem 110 mandados judiciais. A atual fase foi batizada de 'Xepa' e tem como um dos   alvos o Grupo Odebrecht.    22/03/2016 - Foto: LUIZ CLAUDIO BARBOSA/CÓDIGO19/ESTADÃO CONTEÚDO
SP – OPERAÇÃO/LAVA JATO/26ª FASE – GERAL – Sede da construtora Odebrecht em São Paulo (SP), na manhã desta terça-feira (22). Hoje foi divulgado dados da 26ª fase da Operação Lava Jato. Um grupo de 380 policiais federais cumprem 110 mandados judiciais. A atual fase foi batizada de ‘Xepa’ e tem como um dos alvos o Grupo Odebrecht. 22/03/2016 – Foto: LUIZ CLAUDIO BARBOSA/CÓDIGO19/ESTADÃO CONTEÚDO

 

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Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

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