Com as regras mais rígidas do FINANCIAMENTO
A principal novidade das regras mais rígidas para concessão do Fies é a exigência de que o aluno tenha nota mínima de 450 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), sendo que a redação não pode ser zerada. Até então, mesmo estudantes que obtinham zero no Enem conseguiam FINANCIAMENTO
‘PAGAR JURO É MELHOR QUE PERDER ALUNO’
A nova regra deve tornar inacessível o Fies a milhões de alunos. Segundo dados da Hoper Consultancy citados em relatório do Banco Votorantim, 26% dos 4,2 milhões de candidatos do Enem de 2012 ficaram abaixo dos 450 pontos. O percentual sobe para 37% na Região Norte e para 32% no Nordeste. A mudança afetará o caixa das universidades privadas, uma vez que cerca de um terço dos estudantes de graduação são financiados pelo Fies. Desde que foi ampliado, em 2010, o programa já concedeu 1,9 milhão de FINANCIAMENTOS
“O potencial de crescimento das matrículas será reduzido”, disse Guilherme Moura Brasil, analista de Educação do Banco Fator. “Mas as alterações no Fies são positivas, pois vão no sentido de dar mais sustentabilidade ao programa e incentivar maior qualidade no ensino. O problema foi a forma como foi comunicada, sem consulta prévia ou negociação”, disse, repetindo a reclamação das faculdades, o que motivou ações na Justiça.
Com juros considerados simbólicos (3,4% ao ano), prazos de quase duas décadas para amortização e níveis baixos de recusa, o Fies praticamente inviabilizou o desenvolvimento do FINANCIAMENTO
A Ideal INVEST
Desde que foi criada, em 2006, a IdealInvest já havia financiado 50 mil alunos, em um total de R$ 1 bilhão. Seu plano era repetir o valor nos próximos três anos, mas, com o Fies mais restrito, a meta agora é fazer mais R$ 3 bilhões no período.
“Com as mudanças, as faculdades buscam soluções”, disse Carlos Furlan, sócio e diretor-executivo da Ideal INVEST
Se houver falência da faculdade — situação que deixou alunos em apuros em casos como o da Gama Filho —, a empresa diz que se compromete a realocar o estudante em outra instituição com condição de pagamento similar ou melhor.
Mas a alternativa privada tem juros bem mais altos que o do Fies. No caso de um curso com quatro anos de duração e mensalidade de R$ 750, no PraValer, com juros parcialmente subsidiados pela faculdade, o prazo de amortização é oito anos mais curto e o custo, 15% maior. A simulação sobre o Fies foi feita no site da Caixa Econômica Federal, para um universitário sem bolsa de estudos de ProUni e que busca financiar 100% do valor do curso. Já a simulação do PraValer foi feita pela Ideal Invest, responsável pela linha de crédito.
Pelo Fies, o aluno só começaria a quitar o FINANCIAMENTO
No Fies, incide taxa de juros de 3,4% ao ano. No PraValer, mesmo com juros parcialmente subsidiados pela universidade, a taxa média anual é de 17,45% ao ano. A amortização começa no início do curso, em parcelas equivalentes à metade do valor integral da mensalidade — nesse caso, R$ 375. O prazo para quitar o FINANCIAMENTO
Em casos como o da Estácio, que paga os juros do aluno, o mesmo curso com mensalidade de R$ 750 custaria ao aluno R$ 39 mil ao fim da amortização — contra cerca de R$ 50 mil do Fies. Mas o prazo é de oito anos, em vez dos 18 do programa federal e dos dez anos do PraValer com juros parcialmente subsidiados.
“Se a gente está pagando os juros pelo aluno, a faculdade vai ganhar
UM NOVO FIES COM CAPITAL PRIVADO
Segundo especialistas, o índice de aprovação do crédito é muito elevado no Fies, que impõe como condição renda familiar mensal bruta de, no máximo, 20 salários mínimos. Já no PraValer, a taxa de aprovação é de um terço, segundo Furlan. O aluno tem que comprovar renda mínima de duas vezes o valor da mensalidade.
O Santander, que acaba de lançar um seguro que paga a mensalidade do aluno em caso de perda do emprego, avalia a possibilidade de lançar linha de crédito, mas vê o cenário com cautela.
As faculdades preparam um fundo similar ao Fies, com capital privado, com lançamento até o fim de maio. O projeto prevê a criação de um fundo de provisionamento para cobrir a inadimplência.
“Estamos procurando as federações de bancos e da indústria para participar desse FINANCIAMENTO
A estudante de engenharia da UVA Karen Kiarelli de Rezende diz que, sem o Fies, teria dificuldade de bancar os R$ 1.700 mensais e aproveitar as aulas. Karen avalia que poucos estudantes podem recorrer ao setor privado para concluir o curso.
“Faço estágio. Se não tivesse o FINANCIAMENTO
Fonte: O GLOBO