Natal acompanhou ontem dois velórios: o do ex-lateral da Seleção Brasileira na Copa de 74, Marinho Chagas, e o velório político da governadora Rosalba Ciarlini.
Não é exagero, não. O clima na sede do Democratas em Natal era de velório. Sob a batuta do senador José Agripino Maia, o coveiro, 45 membros do diretório estadual do DEM decretaram o fim do Governo Rosalba.
Por força de liminar do TSE, Rosalba Ciarlini segue no governo até 31 de dezembro deste ano, mas os ‘demos’ decidiram ontem (2) que o governo do DEM “já era”. Morreu.
Por ampla maioria, o diretório estadual do Democratas negou a candidatura de reeleição a Rosalba Ciarlini e sacramentou a aliança com o PMDB de Henrique Alves e o PSB de Wilma de Faria.
Por uma questão de sobrevivência política, como pontuou o filho do senador, deputado federal Felipe Maia, o DEM preferiu focar seus esforços na eleição proporcional – a de deputados estadual e federal. Para José Agripino e seus liderados, o governo de Rosalba Ciarlini, outrora uma ilha do DEM na política nacional, virou um estorvo.
Não adiantaram os apelos de Rosalba num discurso lido logo na abertura do encontro. Ela disse com todas as letras que deseja participar do pleito e que a reeleição é um direito que lhe assiste.
As palavras da governadora entraram num ouvido e saíram pelo outro do senador José Agripino. Na resposta a Rosalba, ele disse que tentou articular uma aliança de partidos em torno da reeleição da governadora, mas não obteve êxito.
A convenção partidária do DEM está marcada para 15 de junho. Com feriado da Copa e início dos festejos juninos, a governadora não terá tempo e espaço para uma reação. Agripino estabeleceu um rito, um jogo de cartas marcadas, um simulacro de processo democrático para Rosalba perder. E ela perdeu.
Hoje, Rosalba deve estar arrependida de não ter largado o DEM e ter assumido uma das três legendas que diz ter tido à disposição.
O gosto amargo da ingratidão ficou na boca. Rosalba tem quatro caminhos nesta eleição: liberar seus eleitores, acompanhar o DEM no apoio a Henrique Alves, apoiar Robinson Faria (que já comentou que não fará aliança com ela) ou pode se abster mas trabalhar por um dos candidatos (Robinson) por debaixo do pano. A conferir.
Mas o que Carlos Augusto Rosado, marido de Rosalba, deseja hoje ardentemente é prejudicar a eleição do filho do senador José Agripino, o deputado Felipe Maia.
Carlos Augusto deixou ontem a reunião do DEM com “óooodio” de José Agripino!