Beneficiária de bolsa do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), Kamila do Nascimento, de 24 anos, soube pelas redes sociais que seu projeto de fazer o curso técnico em saneamento ambiental está comprometido. Aluna do segundo período, ela figura na relação de estudantes atingidos pelo corte de orçamento do Ministério da Educação (MEC). “Não sei se vou para aula amanhã”, afirmou.
Um decreto do governo federal, de 1º de dezembro, “zerou” a verba do MEC disponível para gastos considerados “não obrigatórios”, como bolsas estudantis; salários de funcionários terceirizados (como os das equipes de limpeza e segurança) e pagamento de contas de luz e de água.
Os institutos federais perderam R$ 208 milhões, e as universidades sofreram contingenciamento de R$ 244 milhões.
O IFPE foi uma das instituições de ensino prejudicadas pelos cortes do MEC. Na sexta (2), a instituição informou que a medida comprometeria os pagamentos de contas e as compras. Também obrigaria a anulação de forma parcial ou total os empenhos já emitidos.
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Bolsa usada no transporte público
Moradora do Ibura, na Zona Sul do Recife, Kamila depende de transporte público para ir de casa para o IFPE, na Zona Oeste da cidade.
A bolsa de R$ 130 que ela recebe por mês é usada “essencialmente” para pagar passagem de ônibus.
A estudante estuda à noite, mas tem cadeiras no turno da tarde. Por isso, precisa se alimentar, quando vai para aula em outro horário.
Para ajudar no orçamento, tem um trabalho informal. Com o corte da bolsa, no entanto, não tem como pensar em gastar R$ 8,20, de transporte público, por dia, caso tenha aula apenas em um horário.
“Se eu tiver aula em dois horários, o curso do ônibus dobra. Não tem como pagar sem a bolsa. Além disso, recebo um benefício que está congelado há quase três anos. A minha bolsa é a menor de todas que é concedida pelo IFPE. A maior é de R$ 230”, afirmou.
Além do transporte, Kamila usa a bolsa permanente concedida pelo IFPE para custar material de estudos. Ela disse que o curso exige equipamentos específicos, que não são dados pelo instituto.
“Temos que ter régua e lápis especiais. Fora as cópias de material didático. É tudo por conta dessa bolsa”, declarou.
Na terça (6), Kamila esteve no IFPE. Ela teme que, no futuro bem próximo, tenha que adotar uma medida que já foi tomada por colegas.
“Muita gente desiste do curso por falta de recursos. Tem gente que precisa de bolsa e nem ganha. Agora, sem esse dinheiro, acho que vou ter que parar de estudar mesmo. As turmas que começam com 50 alunos terminam com bem menos”, declarou.
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