BRASIL-PESTE-JESUS CURA-“Comecei a pedir para Deus para ver minha filha crescendo, para poder cuidar dela, para levá-la ao altar um dia”, conta. “Comecei a ter consciência do meu próprio corpo. A sentir meus braços, minhas pernas, mesmo sem conseguir mexer. Sempre ouvindo a mesma música e cantando junto. No sétimo dia, acordei e fui recebido por aplausos”, conta.
43 anos, ficou em coma por sete dias após receber três resultados negativos para o novo coronavírus.
Por Juliana Steil, G1 Santos
Paciente desperta do coma após contrair coronavírus em SP
Diagnosticado com Covid-19 e em coma, o executivo Hudson Ricardo Alves dos Santos, de 43 anos, ouvia a enfermeira cantarolar um louvor em seu leito ao aplicar suas medicações. Segundo o paciente, a canção o fez perceber que não estava apenas dormindo e que precisava lutar para sobreviver.
Ele recebeu alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Leforte Liberdade, em São Paulo, na última terça-feira (7), e foi recebido por aplausos por toda a equipe médica de plantão. Hudson ficou em coma, inicialmente induzido, por sete dias até conseguir despertar.
Com dificuldade para falar e muita tosse seca, o paciente relatou ao G1, na manhã desta quarta-feira (8), que tudo começou com um forte cansaço. “Eu trabalhava, trabalhava, trabalhava, comia alguma coisa e precisava deitar no chão de cansaço. Por quatro dias seguidos, eu tive febre de 38.8º”, conta. “No quinto dia, meu ex-sogro me levou no hospital e deu negativo para H1N1 e para coronavírus.”
Foram três resultados negativos para detectar o novo coronavírus mas, mesmo assim, ele foi internado com a suspeita, até que a situação foi finalmente confirmada. “É uma doença traiçoeira. A tomografia do meu pulmão apontava um quadro semelhante ao coronavírus, mas os exames davam negativo. Eu estava com pouco oxigênio no sangue”, relata.
Ele foi internado no dia 23 de março, mas seu quadro logo começou a piorar. “No dia seguinte, meus pulmões começaram a parar e eu estava sufocando”, relata. Ele pediu socorro à enfermaria, que rapidamente o transferiu para outra unidade de saúde.
“Imediatamente ligaram para a ambulância e me transferiram para outro hospital. Fui ser entubado, foi uma loucura. Vi a mesa de cirurgia, com uns sete médicos, e um deles gritava: ‘Não fala nada, só respira’. Eu não conseguia respirar. O médico subiu em cima de mim para eu parar de me debater e pedia para eu respirar. Nesse momento, perdi a consciência. Fiquei em coma por sete dias.”
Paciente relata ter se prendido a louvor de enfermeira para despertar de coma. — Foto: Reprodução
O executivo, que é natural de Cubatão (SP), relata que não faz parte do grupo de risco e não tem nenhuma comorbidade. O resultado positivo chegou com ele já em coma. Para sair da condição, ele se prendeu no que ouvia. Na UTI, enquanto estava de coma, Hudson começou a ouvir uma música. “Comecei a perceber que uma mulher cantava baixinho, mas perto de mim. Eu não entendia nada, mas conseguia ouvir”, diz.
Com o passar do tempo, a letra foi se tornando mais clara e o paciente percebeu que era um antigo louvor que ele conhecia. “Comecei a cantar junto, mas na minha cabeça. Aí me dei conta que não conseguia abrir os olhos.”
“Comecei a pedir para Deus para ver minha filha crescendo, para poder cuidar dela, para levá-la ao altar um dia”, conta. “Comecei a ter consciência do meu próprio corpo. A sentir meus braços, minhas pernas, mesmo sem conseguir mexer. Sempre ouvindo a mesma música e cantando junto. No sétimo dia, acordei e fui recebido por aplausos”, conta.
O executivo ficou ainda mais quatro dias depois de despertar internado na UTI, até receber alta e ser homenageado por toda a equipe médica (veja vídeo acima). Agora, Hudson está em observação na enfermaria e passa por fisioterapia diariamente. “Estou reaprendendo a respirar. Desaprendi a usar a capacidade dos meus pulmões e preciso de ajuda”, diz.
A previsão é que ele receba alta hospitalar no início da semana que vem para seguir em isolamento domiciliar, mesmo não estando curado do novo coronavírus. “Se eu fizer um novo exame, ainda tenho Covid-19, mas o coronavírus não me mata mais”, finaliza.
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