Avó de menina morta em suposto prostíbulo desabafa: ‘Eu alertei’
A avó de Camilly Vitória Ferreira de Miranda, de 3 anos, morta neste sábado (14) em um suposto prostíbulo de Cajati, no Vale do Ribeira, interior de São Paulo, não se conforma com o que aconteceu e ainda está muito abalada. Ela afirma que já sabia que isso poderia acontecer. Segundo a polícia, o padrasto da menina confessou tê-la espancado até a morte, após beber e consumir drogas. A participação da mãe no crime ainda é investigada, mas ambos foram autuados por homicídio qualificado e estão presos preventivamente.
Sonia Elizabeth Ferreira relata que já havia notado que algo estava errado com a neta. “Eles estavam escondendo ela de mim. Depois que a minha neta saiu de casa, não tive mais notícias, não sabia como ela estava. Minha filha dizia que o padrasto tratava a menina com carinho. Porém, ele já demonstrou diversos comportamentos agressivos, inclusive eu alertei minha filha sobre isso”, lembra.
morta em Cajati, SP (Foto: Reprodução/TV Tribuna)
Sonia comenta que denunciou o caso ao Conselho Tutelar da cidade. “Eu avisei o Conselho Tutelar sobre possíveis agressões. Eles disseram que foram lá no bar, mas não resolveram o problema. Ainda disseram para investigar por conta própria, e que, se descobrisse algo, avisasse eles. Eu acho que o Conselho Tutelar tem culpa nessa história”, ressalta.
A avó ainda lembra com carinho os últimos momentos junto a Camilly. “Minha neta dizia: ‘vó, eu quero dormir com você, porque você é boazinha. Minha mãe e o padrasto só ficam se beijando’. Foi a última vez que falei com ela”, conclui.
Investigações
O delegado responsável pelo caso, Tedi Wilson de Andrade, diz que o casal acabou confessando a agressão após ter sido interrogado separadamente. “A mãe disse que apenas o padrasto espancou a menina e que ele pediu para ela ocultar a história. Já o homem admitiu que bateu na criança até a morte, porque era madrugada e ela não parava de chorar. Ele contou que havia bebido e se drogado com cocaína. No entanto, ele diz que a mãe também ajudou a espancar e que, quando a menina parou de chorar, eles pararam de bater nela”, relata Andrade.
O delegado afirmou ainda que, ao falarem sobre o episódio, tanto a mãe, Rayana Cristina Ferreira de Lima, que tem mais um filho, quanto o padrasto, Erik Leite de Carvalho, se mostraram indiferentes. “Ao contar o que aconteceu, ele foi frio, falou como se nada tivesse acontecido. A mãe também foi fria, sem remorso. Ela só chorou uma vez, quando viu a criança, mas a reação dela não foi de desespero”, acrescenta o delegado.
segundo a polícia (Foto: Reprodução/TV Tribuna)
Sobre o andamento das investigações, Andrade espera agora o resultado dos exames periciais para saber se a criança foi abusada sexualmente. “Temos a hipótese de ter havido violência sexual, mas só poderemos comprovar a história quando sair o exame pericial”, afirma.
(Foto: Reprodução/TV Tribuna)
Questionado sobre a versão da família da menina, de que o local onde ela foi agredida, conhecido como “Pantera Negra”, seria um prostíbulo, o delegado respondeu que só a investigação vai poder confirmar isso. “Trata-se de uma lanchonete, um bar. Eu questionei a proprietária do estabelecimento, mas ela tem alvará de funcionamento do local como um bar. Nos fundos, há seis quartos. A dona alega que a mãe chegou há 20 dias e que ela trabalharia no balcão para pagar a estadia. Agora, se há encontros amorosos no local, é uma situação que ainda temos que apurar. Pelo que pude constatar, é um bar mesmo, com estrutura bem precária até”, completou Andrade.
Conselho Tutelar
Por meio de nota, o órgão esclarece que a situação foi mesmo informada e que foram feitas duas visitas ao bar como “ação verificatória”, mas nas duas ocasiões não foram encontrados nem o casal nem as crianças. No local, uma atendente teria informado que não havia ninguém morando na casa.
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