Acusado de envolvimento em esquema de corrupção e desvio de recursos na Caixa, o empresário Alexandre Margotto negocia um acordo de delação premiada com investigadores da Procuradoria-Geral da República. Ele informou a investigadores ter detalhes sobre tratativas de políticos e autoridades que frequentavam o escritório em São Paulo que mantinha com o corretor Lúcio Funaro, entre eles o atual ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, ex-vice-presidente de Pessoa Jurídica do banco público.
Preso no início do mês, na Operação Sépsis, uma das fases da Lava Jato, Funaro é apontado como operador do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no esquema.
Margotto é acusado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de receber parte das propinas pagas por empresas a Cunha e Funaro, em troca da liberação, pela Caixa, de investimentos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Alvo de mandado de busca e apreensão na Sépsis, ele também foi sócio do ex-vice-presidente de Fundos e Loterias do banco Fábio Cleto, cujo acordo de colaboração baseou a denúncia oferecida pela PGR ao Supremo Tribunal Federal. Conforme investigadores ouvidos pelo Estado, as tratativas para a delação estão em fase inicial.
Geddel confirma as visitas ao escritório da dupla, mas não dá detalhes dos assuntos que tratou com o corretor, a quem chama de “um conhecido”. “Ia por cortesia. Não foram tantas vezes”, afirmou o ministro, que foi vice da Caixa de março de 2011 a dezembro de 2013. Antes, foi ministro da Integração Nacional no governo Lula, de 2007 a 2010.
Além das visitas ao escritório em São Paulo, Geddel afirma que se encontrou com Funaro na capital federal. Os encontros, afirma, eram “circunstanciais”. “Eu o conheci em Brasília. Ele estava sempre em Brasília”, disse o ministro.
Geddel afirma não se recordar com exatidão do que tratava no escritório de Funaro, tampouco das datas e do número de vezes em que esteve no local. Afirmou também que o corretor nunca lhe fez pedidos relativos ao banco público. “(Queria) saber de mercado, como é que estava: ‘como vai, tudo bem?’. Nem me recordo se era vice-presidente da Caixa.”
Estadão
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