Após ter sido multada duas vezes nos últimos meses por gritos homofóbicos durante jogos das eliminatórias da Copa de 2018, a CBF toma atitudes para se prevenir de novas punições após jogo no Mineirão. O cuidado especial também está relacionado ao adversário desta quinta-feira (10), a Argentina, devido à rivalidade histórica entre as seleções.
Antes da partida, será lida uma mensagem que procura desencorajar manifestações de intolerância por parte dos torcedores.
“Atenção, torcedor brasileiro. Vamos celebrar o respeito entre os povos. Nesta noite, os argentinos são apenas os nossos adversários. Vamos respeitar os jogadores e todos os membros da comissão técnica. Qualquer atitude de falta de respeito pode prejudicar a seleção brasileira nas eliminatórias. O futebol é a nossa maior paixão e combina com festa, alegria e respeito ao adversário. Somos iguais, somos todos futebol”, dirá a mensagem.
Por gritos de “bicha” durante os tiros de meta nas partidas contra Colômbia, em Manaus, e Bolívia, em Natal, a CBF já recebeu multas nos valores de R$ 66 mil e R$ 83 mil, além de uma advertência.
No entanto, a maior preocupação é com punições mais drásticas, como a que já aconteceu com a Federação Chilena, sancionada sete vezes. Caso mais extremo, os chilenos foram proibidos de mandarem uma de suas partidas no estádio Nacional.
Argentina, Peru e Uruguai também já foram multados e advertidos pela entidade pelo grito de “puto” de seus torcedores quando o goleiro rival cobra o tiro de meta. O México, na Concacaf (confederação das Américas do Norte e Central), também já foi punido por essa razão.
Nos países de língua espanhola, “puto” é uma maneira pejorativa de se referir a homossexuais. No México, pelo menos desde 2004, quando o arqueiro do time contrário se prepara para repor a bola em jogo, os torcedores iniciam o canto com um longo “eee” e finalizam com o “puto” quando o tiro de meta é batido.
Nos últimos anos, com clubes do México na Libertadores, os brasileiros passaram a fazer o mesmo, trocando o “puto” por “bicha”. Torcedores do Corinthians foram os primeiros a importar a hostilidade, geralmente dirigida ao então goleiro do São Paulo, Rogério Ceni. Durante a Copa do Mundo de 2014, os gritos foram frequentes e desde então foram adotados não somente por membros de torcidas organizadas -durante a Olimpíada deste ano, eles aconteceram em quase todos os jogos de futebol do evento.
Além da mensagem no telão, terá continuidade a ação da campanha “Somos Todos Iguais”, pré-existente, com a exposição de recados contra manifestações racistas em camisetas, banners e faixas.
Brasil e Argentina se enfrentam no Mineirão nesta quinta-feira (10), às 21h45. A seleção brasileira lidera a classificação das eliminatórias, com 21 pontos, ao passo que a Argentina ocupa a sexta colocação, com 16 pontos.
Folha Press