Se o atual presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Marco Polo del Nero, deixar o cargo entes do fim de seu mandato, segundo o estatuto da entidade, assumirá o posto o atual vice-presidente mais velho da entidade, Delfim Peixoto Filho.
Se isso ocorrer, a CBF será comandada por um cartola que preside a Federação Catarinense de Futebol ininterruptamente há 30 anos e que emprega na entidade a nora e o próprio filho, Delfim Peixoto Neto. O filho do cartola tem um passado de polêmicas, chegou a passar um ano preso por tráfico de drogas em 2007 (quando já trabalhava na federação) e até hoje responde pelo crime na Justiça catarinense.
O atual vice da CBF é presidente da FCF (Federação Catarinense de Futebol) desde 1985. Em 2007, nomeou seu filho Delfim Peixoto Neto como assessor especial da presidência, logo depois deste ter deixado uma clínica de tratamento de usuários de crack, onde estava graças a uma condenação judicial por porte de droga.
Três meses depois, ele foi preso em flagrante por tráfico de drogas portando 132 gramas de crack, adquiridas em um bar onde funcionava uma rinha de canários, no município de Camboriú, no litoral catarinense. A polícia havia grampeado seu telefone e descobrira que ele iria ali comprar a droga para, depois, revender a uma terceira pessoa.
Durante o processo criminal, o filho do vice-presidente da CBF alegou que era viciado desde os 16 anos, e que a droga era para consumo próprio. Disse que fumava de dez a 15 gramas de crack por dia e, eventualmente, fazia uso também de drogas injetáveis. Afirmou ainda que não precisava traficar para ter dinheiro, já que trabalhava para o Joiville Esporte Clube e também na FCF, e que também a sua esposa trabalhava na FCF.
Uma testemunha de defesa confirmou o que dizia Peixoto Neto, e contou também que já tinha visto o acusado chegar para trabalhar na FCF exalando o cheiro da droga e portando algumas pedras de crack no bolso e nas mãos.
Os argumentos da defesa não convenceram a Justiça, que condenou o filho do presidente da FCF a cinco anos e cinco meses de prisão por tráfico de drogas. Em agosto de 2008, quando ele já estava há um ano cumprindo pena, foi solto da cadeia, pois seus advogados conseguiram a anulação do julgamento, sob a alegação de que o magistrado que julgara o caso não detinha os requisitos legais para fazê-lo.
De acordo com André Lozano, do escritório RLMC Advogados, especialista em direito e processo penal, a anulação do primeiro julgamento se deu em virtude da “inobservação do princípio do juiz natural”. “O juiz que deveria julgar o caso se declarou impedido por motivos pessoais. O novo juiz que assumiu não pertencia à vara que deveria ser a responsável pelo processo. Assim, a defesa obteve a anulação”.
O processo, então, voltou à estaca zero, e Peixoto Neto agora aguarda em liberdade pelo novo julgamento, que está marcado para o próximo dia 30 de julho.
Ao deixar a prisão, ele voltou a trabalhar na FCF, onde está até hoje. Ele atua como delegado da federação em jogos oficiais, representa o pai em compromissos e viagens ligadas à federação e auxilia o gabinete da presidência em assuntos gerais.
No dia 11 de julho de 2010, Peixoto Neto estava no estádio do Joinville acompanhando a final da Copa de Santa Catarina, disputada entre o time da casa e a equipe de Brusque. Os visitantes acabaram por sagrar-se campeões.
Um minuto após o apito final, Delfim Peixoto Neto, acompanhado de dois amigos (sendo um deles árbitro oficial da FCF), invadiu uma das cabines de rádio do estádio e espancou o narrador de Brusque Rodrigo Santos, que ainda estava no ar quando foi agredido.
UOL
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