O poceiro Flavilson Alves, 31 anos, passou o último fim de semana distribuindo convites para o aniversário de um ano de seu único filho, marcado para no próximo sábado (13). Morador de Guaianases, na Zona Leste da capital, ele não estará presente para celebrar. Sua família também não tem motivos para comemorar.

Alves morreu nesta segunda-feira (8), após ficar quase oito horas soterrado no terreno em que trabalhava, na Rua Voluntários da Pátria, em Santana, na Zona Norte.

Ali, Alves cumpria seu ofício a 11,5 metros de profundidade, quando a terra desabou sobre ele. O poceiro  tinha a função de cavar a terra para dar espaço à base da construção de um prédio comercial, da Fao Building. A obra já durava um mês, de acordo com  os bombeiros.

Segundo o major do Corpo de Bombeiros Henguel Ricardo, Alves foi encontrado inconsciente e vestido com o equipamento de segurança. “Ele será encaminhado ao Hospital do Mandaqui, mas o estado dele é grave”, disse o militar por volta das 17h, logo após o dramático resgate do operário.

O militar explicou que a libertação do poceiro foi delicada porque apenas um bombeiro podia ficar no local, fazendo a retirada da terra manualmente. “Abrimos um espaço com a ajuda de uma retroescavadeira, mas precisamos tomar cuidado para não por a vida da vítima em risco, e nem a dos bombeiros, já que havia o risco de um novo deslizamento”, explicou.

O primo da vítima estava esperançoso. “Tudo que eu queria era uma notícia positiva”, disse o também poceiro Genivaldo Macedo, 45. Ele conta que a família é de Chapada Diamantina, na Bahia, e que o primo era flamenguista fanático.

O irmão de Alves também acompanhou o resgate, mas, aos prantos, não conseguiu falar. “Estou muito emocionado, sem condições”, disse ele.

Alves era casado e tinha apenas um filho. Não foram divulgadas informações do enterro até o fechamento desta edição.

Representantes da construtora não falaram com a imprensa. A empresa também foi procurada por telefone e por e-mail, mas não respondeu.

IG

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