Blog do Levany Júnior

Assú RN; Ezequiel Ferreira assegura que Robinson Faria não interferiu na eleição da Assembleia

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Alex Viana

Repórter de Política

O presidente da Assembleia Legislativa, Ezequiel Ferreira (PMDB), eximiu o governador Robinson Faria (PSD) de ação direta ou mesmo de ingerência política na sua eleição para a Presidência do Poder Legislativo. Amigo de Robinson há quase três décadas, mas adversário do pessedista na campanha eleitoral, o novo presidente da Assembleia disse que Robinson poderia ter simpatia ou mesmo torcida a favor de sua candidatura, mas não atuou para que os deputados mudassem o voto em favor dele.

“Não houve nenhuma ação direta do governador Robinson Faria. Acredito até que Robinson poderia ter torcido (por minha candidatura) como cidadão. Sou amigo do governador há 27 anos e sabemos separar política de amizade. Na campanha eleitoral eu defendia Henrique Alves (candidato do PMDB), mas nunca denegri nem maculei a imagem do meu amigo Robinson. Acredito, portanto, que eu teria a simpatia e a torcida do governador, mas não a ingerência para que deputados mudassem o voto e viessem me apoiar”, afirmou Ezequiel, em entrevista a 96 FM.

As palavras de Ezequiel corroboram a tese, predominante nos bastidores, de que Robinson permaneceu totalmente neutro no episódio. E que o rompimento de José Dias (PSD), então provável líder do governo na Assembleia, se deveu mais a pressões exercidas pelo grupo de Ricardo Motta, por José Dias ter sido suposto avalista de apoio de Robinson a Ricardo.

No final da manhã de ontem, Ezequiel foi eleito presidente da Assembleia, por unanimidade – 24 votos -, em chapa única, após a desistência de Motta. Houvesse disputa, Ezequiel venceria, com 15 votos, contra nove de Ricardo. Por isso o ex-presidente desistiu de concorrer, pacificando a Casa em torno de Ezequiel.

DIVISÃO

Ezequiel negou que haja sequelas em função das tensões eleitorais internas do Legislativo. Citou como exemplo o fato de ter obtido 24 votos. “Não acredito em divisão da Assembleia Legislativa”, disse, lamentando o episódio envolvendo o deputado estadual José Dias.

“O deputado José Dias tem meu respeito, admiração e amizade. Tive com o deputado Zé Dias durante o processo. Morei no mesmo prédio que Zé Dias durante mais de vinte anos. Tenho uma amizade respeitosa. Em hora nenhuma pedi seu voto. Fui duas vezes conversar com ele e dizer que, após a eleição, a eleição passava e a Casa era maior que qualquer parlamentar. O mandato passa, e a Casa Legislativa tem que ser maior que cada deputado. Disse a Zé Dias que gostaria de ter a união da Casa após o processo eleitoral”, frisou o presidente.

Ainda ao falar sobre o processo sucessório, Ezequiel voltou a elogiar a postura de Ricardo Motta. “Tenho convicção da união dentro da Casa. Tanto que tivemos um consenso. Estávamos com 15 votos no domingo, prontos para votar na candidatura. Depois do adiamento, subimos para 16. E aí o presidente da Assembleia teve o gesto elogioso de grandeza, na hora que retirou sua candidatura em defesa da união dos deputados”, ou o novo presidente.

Independência e harmonia no trato com Executivo e Judiciário

Ezequiel afirmou que, como presidente da Assembleia, terá relacionamento independente e harmonioso com os demais poderes, executivo e judiciário. “A relação será de independência e harmonia, como tem que ser. A Assembleia tem demonstrado, ao longo dos vários governos, que, ali, os deputados se somam às necessidades do povo e aprovam as demandas enviadas pelo governo quando beneficia a população do RN. Todos os governos. Todos os candidatos na campanha eleitoral passada falaram das dificuldades do Estado e da necessidade de união da classe política. Isso é o que tem que acontecer. Para tentar combater as mazelas sociais, as dificuldades na saúde, a crise na segurança, a classe política tem que somar”.

Sobre seu mandato como presidente, Ezequiel destacou que terá três pilares. “Estamos alicerçando nossa administração em três eixos: gestão democrática, eficiente e participativa; respeito à democracia e independência dos poderes. Além disso, iremos dialogar permanentemente focado no RN e nos anseios do povo potiguar; faremos o planejamento estratégico, capaz de fazer uma Assembleia mais eficiente; a integração da Assembleia com as Câmaras. E também vamos avaliar os programas existentes na Casa, realizar seminários e atuar fortemente na valorização dos servidores”, destacou.

Mineiro também defende: “Governador não tomou nenhuma posição com relação a orientar o voto”

O deputado estadual Fernando Mineiro (PT) confirma a informação do presidente da Assembleia, Ezequiel Ferreira (PMDB), de que não houve ingerência do governador na eleição da Assembleia Legislativa. Instado a falar qual o envolvimento de Robinson Faria (PSD) no processo sucessório da Mesa Diretora da Casa, Mineiro declarou: “Nenhum. Pela informação que tenho, ele não tomou nenhuma posição em relação a orientar voto. Até porque tinha assumido acordo com Ricardo e Zé Dias de que não se meteria na eleição. Pelo menos comigo, ele não sugeriu e sequer comentou a preferência dele para a Assembleia”.

Para Mineiro, o rompimento do deputado José Dias (PSD) com o governo “é ruim para a Assembleia e não é bom para o governo”. Apesar disso, o episódio não deixa sequelas dentro do parlamento. “Ezequiel foi unanimidade. Todos são pessoas que têm larga experiência com a atividade política. Nada do que aconteceu está fora da política”, frisou.

O petista avalia o resultado da eleição como positivo. “Em termos de votação foi importante porque foi consenso. Mas acho ruim o Zé Dias ter saído da base do governo. Não foi boa a saída dele. Mas a política tem dessas coisas. Até ontem ele seria o líder. Zé Dias, a despeito das eventuais divergências, é uma pessoa por quem tenho grande respeito”.

Sobre o substituto de José Dias na função de líder do governo, Mineiro disse que ainda não foi abordado sobre este tema. “A primeira vez que alguém me fala sobre isso é você. Nem pensei sobre isso. É decisão do governador. Seria o Zé Dias. Mas, com a saída dele, é um assunto que cabe ao governador diretamente escolher e decidir sobre isso”.

Mineiro disse ainda desconhecer qualquer compromisso do novo presidente da Casa, Ezequiel Ferreira, de deixar a legenda à qual pertence, o PMDB, para se filiar a uma nova sigla – no caso, o PL, partido em gestação e que seria comandado no RN pelo governador Robinson Faria, indiretamente. “Não tenho conhecimento disso”, disse.

Sobre o fato de Ezequiel ser do PMDB, Mineiro destacou que Motta, “o outro lado”, segundo ele, “tem o PROS, e é aliado de Henrique”. Quanto à bancada do governo na Casa, numericamente, afirmou que o governo vai iniciar o diálogo na Casa, buscando aproximação, e que não haverá dificuldade no quesito oposição versus situação.

“Eu acho que o governo vai ter o dialogo com a Assembleia. Chegamos com oito deputados, resultado do apoio no segundo turno, e o processo vai buscar aproximação. Não haverá dificuldade desse tipo oposição e situação. Até porque os projetos serão debatidos em processo de conhecimento. A oposição que existir será a natural”, declarou.

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