Assú RN; Diretora de agência de avaliação diz que houve ‘deterioração considerável’ no Brasil
Foto: Shannon Stapleton/Reuters
A diretora da agência Standard & Poor’s (S&P), Lisa Schineller, afirmou que “uma deterioração considerável” da situação do Brasil, tanto na economia quanto na política, motivou o rebaixamento da nota de crédito do país. Ao participar de teleconferência com jornalistas, ela ressaltou que o rebaixamento da nota de crédito do Brasil foi resultado das “ações e inações da política doméstica”, ainda que a situação da economia global torne o cenário mais desafiador.
— O cenário global torna mais desafiadora a situação para o Brasil, como para qualquer exportador de commodity. Mas isso não levou à mudança da nota de crédito. Isso foi mais um resultado das ações e inações da política doméstica.
A perspectiva negativa da nota de crédito, explicou Lisa, se deve à “dinâmica fluida” tanto da economia quanto da política, com a possibilidade de reversão de políticas e as fraquezas tanto no campo fiscal quanto do crescimento econômico. Ela apontou ainda que as projeções para o crescimento da economia brasileira têm sido ajustadas, mas é difícil prever qualquer estabilização até que “haja mais clareza na dinâmica política”.
— Nós mantivemos a perspectiva negativa dada à dinâmica política fluida. Se virmos redução da incerteza política, podemos elevar a perspectiva para estável — disse ela.
Perguntada sobre a capacidade de o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, reverter a atual deterioração fiscal, Lisa Schineller esclareceu que as decisões sobre o rating de um país não refletem a posição sobre uma pessoa em particular, mas a avaliação sobre as políticas do governo como um todo. Ainda assim, Lisa apontou como positiva a proposta do ministro de discutir uma reforma da previdência, mas destacou, por outro lado, a falta de clareza sobre uma meta fiscal.
— Estamos vendo, pelo lado positivo, uma discussão sobre a reforma da aposentadoria. Por outro lado, o cenário político parece tornar difícil o cumprimento de qualquer meta fiscal. E o lado negativo é a falta de clareza sobre quais são as metas e a questão de mudar as metas — disse.
SOBRE RATING EM MOEDA LOCAL
Uma das maiores surpresas na decisão de rating da S&P foi o fato de que a nota de crédito em moeda local agora está no mesmo nível daquela em moeda estrangeira. Lisa reconheceu que geralmente a condição é melhor para a moeda local, mas que a deterioração fiscal levou a essa mudança.
Lisa Schineller descartou riscos de contágio no sistema bancário por problemas nas instituições financeiras. Ela reconheceu que há desaceleração na concessão de empréstimos e dúvidas se haverá “apetite pelo lado da demanda” diante das medidas anunciadas pelo governo para estímulo ao crédito, citando o desemprego em alta.
De qualquer forma, ela ressaltou que os grandes bancos estão capitalizados, com capacidade de lidar com este cenário, ainda que bancos menores sejam mais vulneráveis.
— Não vemos o sistema bancário como de risco de contágio — afirmou Lisa.
O Globo
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