Blog do Levany Júnior

Assú RN; Corrupção na Petrobras bancaria um mês de Bolsa Família para 50 milhões de brasileiros

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O noticiário nacional tem sido diariamente invadido por denúncias de corrupção aos milhões e bilhões de reais. Tanto dinheiro que pode fazer a população brasileira pensar que se trata, como lembra uma das mais populares expressões, “dinheiro de pinga”.

Não é bem assim. Foram reunidos dados que apontam que o prejuízo de R$ 2,1 bilhões aos cofres da Petrobras, revelados na última semana, pelo MPF (Ministério Público Federal), é semelhante ao que o governo federal destinou ao Bolsa Família, em janeiro.

Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, o valor transferido pelo Bolsa Família foi de R$ 2,3 bilhões no mês passado. A quantia foi suficiente para beneficiar 13.980.524 de famílias, ou 50 milhões de brasileiros, que receberam benefícios com valor médio de R$ 167,56 neste ano.

A cifra divulgada pelo site criado pelo MPF para acompanhar as denúncias da Operação Lava Jato contabiliza apenas os desvios de caixa já denunciados na maior estatal do País. A analistas e investidores da petroleira, a agora ex-presidente Graça Foster admitiu que as perdas com corrupção podem ser inclusive maiores caso novas denúncias apareçam.

Nesta semana, para aumentar essa conta da corrupção, o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco afirmou que o PT teria recebido US$ 200 milhões em propina entre 2003 e 2013. Em nota, o PT negou e disse que recebe apenas “doações legais” e que são declaradas à Justiça Eleitoral.

Diretor-presidente do Instituto Avante Brasil, Luiz Flávio Gomes acredita que a sensação de corrupção é sinônimo de descrédito para o País, que ocupa a 69ª colocação no ranking dos países livres de corrupção, segundo a organização Transparência Internacional.

— Esse clima [de corrupção] induz ao crime. Só uma elite está para a corrupção. É o que chamo de “P6”, ou “parceria público-privada para pilhagem do patrimônio público”. Isso está ligado diretamente à eficácia do sistema de controle. O controle da corrupção tem de ser feito e a punição rigorosa.

A Fiesp (Federação das Industrias do Estado de São Paulo) divulgou em 2010 um estudo que aponta que o custo médio anual da corrupção no Brasil representa de 1,38% a 2,3% do PIB (Produto Interno Bruto, que é a soma de todas as riquezas do País). Na época, esse valor já representava algo entre R$ 41,5 bilhões e R$ 69,1 bilhões.

Segundo cálculo da Fiesp, “o custo da corrupção” naquele período poderia, por exemplo, incrementar o número de matriculados na rede pública de 34,5 milhões para 51 milhões de alunos. Na saúde, seriam 327.012 leitos do SUS a mais para a população.

Anos de suor

Outro caso que já ficou emblemático na Lava Jato foi a confissão de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras, que recebeu US$ 1,5 milhão (aproximadamente R$ 3,8 milhões) para que não criasse problemas na reunião de diretoria para aprovar a compra da polêmica refinaria de Pasadena, no Texas, nos Estados Unidos.

Um trabalhador comum precisaria chegar ao improvável de juntar mais de R$ 9.000 por mês, do começo da carreira até a aposentadoria para acumular tamanha quantia. Além disso, teria de contar com a inflação do período em um cenário mais otimista.

O diretor do Instituto Auditores Internos do Brasil, Paulo Gomes, entende que a corrupção independe de política e está ligada à ganância do ser-humano. Para ele, a população tem papel fundamental e deve cobrar mais para não arcar com as contas dos desvios.

— A manifestação é um caminho da mobilização do povo. Já houve manifestações anteriores, mas a população precisa sempre buscar a transparência. Do síndico do prédio aos grandes cargos. Em grandes casos de corrupção, ocorre também o efeito-dominó. Todas as empresas menores acabam quebrando. As consequências de quebrar uma empresa desse tamanho é uma crise social.

Gomes também fala em aumentar o número de auditores no Brasil. Segundo dados do seu instituto, o País tem cinco auditores para cada cem mil habitantes. Enquanto isso, mesmo com inúmeros casos de corrupção, os Estados Unidos contam com 12 auditores para cada cem mil habitantes.

R7

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