Foto: Gabriela Bilo/Estadão
O pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fez um depoimento secreto à Operação Lava Jato. Investigadores quiseram saber do pecuarista se ele participou da aquisição do terreno e das obras da sede do Instituo Lula, em São Paulo. As perguntas da força-tarefa a Bumlai envolveram também a empreiteira Odebrecht.
O conteúdo do novo depoimento do amigo de Lula está sendo mantido sob sigilo pelo juiz Sérgio Moro, a pedido da Polícia Federal, ‘para preservar a eficácia das investigações’.
Bumlai foi preso na Operação Passe Livre, 21ª fase da Lava Jato, em 24 de novembro do ano passado. Em março deste ano, Moro autorizou prisão domiciliar por três meses – monitorado com tornozeleira eletrônica -, para o amigo de Lula. O pecuarista, de 71 anos, foi diagnosticado com câncer na bexiga.
Em despacho anexado aos autos em 20 de junho, o juiz Moro afirmou que o sigilo não prejudica as defesas no processo sobre o empréstimo de R$ 12 milhões, pois os fatos descritos no novo depoimento ‘não dizem respeito à ação penal’.
“A autoridade policial anexou novo termo de depoimento prestado por José Carlos Bumlai, cujo conteúdo requereu fosse mantido em sigilo, à exceção da defesa do próprio investigado, para preservar a eficácia das investigações. Mantenho, assim, sigilo nível 2 sobre a documentação, já que talvez necessário para não prejudicar as investigações a serem realizadas”, determinou Moro.
O magistrado ordenou o acesso exclusivo à defesa de Bumlai sobre o depoimento, ‘evidentemente sem prejuízo do acesso pelo Ministério Público Federal’. “Considerando que este inquérito já instrui a ação penal, deverá a autoridade policial prosseguir nas investigações pendentes, sobre fatos ainda não denunciados, em novos inquéritos, encerrando este a fim de evitar confusão”, decidiu Sérgio Moro.
Sítio. Bumlai também é peça-chave na investigação sobre o Sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), que seria de Lula, segundo suspeita a Lava Jato, mas registrado em nome de amigos. O imóvel passou por ampla reforma em 2011 que envolveu Bumlai, Odebrecht e a OAS – outra empreiteira do cartel que fatiava obras e pagava propinas milionárias na Petrobrás.
O Estadão apurou que Bumlai não fechou acordo de delação premiada, mas tem buscado adotar uma postura colaborativa com as investigações da Lava Jato.
O Instituto Lula, por meio de sua assessoria de imprensa, tem negado qualquer irregularidade.
Fausto Macedo, Estadão
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