Foto: Marco Antônio Cavalcanti / Agência O Globo
A greve dos bancários completa um mês nesta quarta-feira ainda sem qualquer sinalização de uma nova proposta por parte dos bancos e sem perspectiva de chegar ao fim. A paralisação já está marcada como a mais longa da história da categoria, superando a do ano passado, que durou 21 dias. Segundo o Comando Nacional dos Bancários, na véspera, 13.104 agências ficaram fechadas, o que corresponde a 55% de adesão à mobilização. No entanto, o número já chegou a 13.245.
A greve teve início no dia 5 de setembro, quando os sindicatos dos bancários de todo o país chegaram a um impasse nas negociações de reajuste salarial com a Federação Nacional de Bancos (Fenaban). Os trabalhadores reivindicam reajuste salarial de 14,78%, sendo 5% de aumento real e 9,31% de correção da inflação; participação nos lucros e resultados correspondente a três salários mais R$ 8.297,61; piso salarial de R$ 3.940,24; vales-alimentação e refeição; auxílio-educação; 13ª cesta básica e auxílio-creche/babá no valor do salário mínimo nacional (R$ 880) e 14º salário.
Os bancários também exigem o fim de metas abusivas, assédio moral e demissões, ampliação das contratações, combate às terceirizações e à precarização das condições de trabalho e mais segurança nas agências bancárias.
Mesmo após nove reuniões, a categoria, que soma 512 mil pessoas, e os bancos ainda não chegaram a um acordo. Em nota, a Fenaban informou que os bancos ajustaram sua proposta três vezes e, na mais recente, apresentada na quarta-feira passada, a entidade ofereceu aumento no abono para R$ 3.500,00, mais 7% de reajuste salarial, extensivo aos benefícios.
“A proposta para 2016 garante aumento real para os rendimentos da grande maioria dos bancários e é apresentada como uma fórmula de transição, de um período de inflação alta para patamares bem mais baixos. Com a previsão de índices mais moderados e maior estabilidade a partir de 2017, foi possível acrescentar essa nova proposta, antecipando a fórmula para o próximo ano, a ser oficializada na Convenção Coletiva”, sustenta a federação dos bancos.
A federação propôs ainda que a Convenção tenha duração de dois anos, com a garantia, de reajuste para 2017 pela inflação acumulada e mais 0,5% de aumento real.
Para Roberto von der Osten, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), nenhum seria compreensível não atender aos pleitos dos trabalhadores se o setor financeiro tivesse registrado prejuízo.
— Os bancos são recordistas em lucro. Porque querem achatar os salários de seus empregados? — questionou Osten.
Os bancários entregaram a pauta de reivindicações no dia 9 de agosto. A data-base da categoria é 1º de setembro e a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) tem validade nacional. Em todo o país, a categoria soma cerca de 512 mil pessoas.
PREJUÍZOS AOS CLIENTES
Apesar de os bancos oferecerem atendimento eletrônico para quase todos os tipo de transações, algumas operações acabam sendo prejudicadas no período de greve, especialmente nas instituições públicas. Quem não tem conta na Caixa, por exemplo, tem mais dificuldade para receber benefícios como FGTS e seguro-desemprego.
Pessoas que já têm conta na Caixa terão o valor do seguro-desemprego depositado. Aqueles que não possuem conta, mas têm o cartão do cidadão podem sacar o benefício nas casas lotéricas. Já o FGTS só pode ser recebido nas loterias por portadores do cartão do cidadão se o valor for de até R$ 1.500. Acima disso, a pessoa precisa se dirigir a uma agência da Caixa. E, neste caso, o atendimento fica sujeito à boa vontade do bancário.
O Globo
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