Blog do Levany Júnior

Após assalto, ônibus bate, mata casal e fere 2

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Uma tentativa de assaltou a um micro-ônibus da Viação Expresso Guarará resultou em um grave acidente no início da tarde de ontem, na Vila Luzita, em Santo André. Um casal morreu e duas garotas ficaram feridas.

O motorista da Linha AL 135, Sítio dos Vianas/Terminal Vila Luzita, José Carlos do Nascimento, 46 anos, perdeu o controle do veículo ao ser rendido por um criminoso e atingiu o carro em que estava o pintor Vladimir Teixeira Pinto, 43, e a doméstica Célia Aparecida Daniel, 43, além da filha do casal, Maria Clara Daniel, 8, e Mariana Daniel, 24 anos (filha de Célia). O casal foi socorrido com vida, mas não resistiu aos ferimentos. Até o fechamento desta edição, Maria Clara estava em estado grave no Hospital Estadual Mário Covas e Mariana, internada no CHM (Centro Hospitalar Municipal), tinha quadro estável, após passar por cirurgia.

Ao parar em um ponto, por volta das 12h30, Nascimento foi abordado por Pedro Soares Pelegrini, 30, que, armado com faca, encostou o objeto no pescoço do condutor e anunciou o assalto. Em um instinto de defender-se, o motorista levantou a mão e foi atingido com um corte no dedo.

Segundo Marcos Alexandre Cattani, delegado do 6º DP de Santo André (onde o caso foi registrado), o assaltante mandou que o condutor não parasse o ônibus; do contrário, o mataria. Nervoso, Nascimento perdeu o controle do veículo e bateu violentamente contra um Gol – onde estava a família. Com o impacto, o carro atingiu um picape Peugeot, que por sua vez colidiu em outro ônibus maior, da mesma viação, ficando prensando entre os dois coletivos. O motorista do Peugeot, Fernando Gomes da Cruz, 28 anos, não se feriu. “Ouvi um barulho grande. Olhei no retrovisor e vi o ônibus, arrastando o carro, vindo na minha direção. Tinha outro ônibus parado na minha frente, dei a ré e tentei sair, mas não deu tempo, fui acertado na traseira. Por Deus, está tudo bem” contou.

Segundo os moradores que viram o acidente, o ônibus arrastou o carro por dois quarteirões antes de bater na picape e parar. “Foi horrível, todos que estavam na rua correram. Parecia que iria atingir a calçada. Mas uma hora isso iria acontecer, o que tem de assalto a ônibus aqui não é pouco”, reclama a dona de casa Maria Eunice de Lima, 35.

De acordo com o delegado, após a colisão o criminoso foi para a parte de trás do ônibus e tentou assaltar uma senhora que, desesperada, pulou do coletivo e sofreu escoriações leves. Na tentativa de fuga do criminoso, populares o renderam e o agrediram. Com a chegada da polícia, Pelegrini foi levado ao CHM para fazer curativos e depois foi conduzido ao 6º DP.

O motorista do ônibus também foi retirado do local por ter sido ameaçado.

Muito abalado, ele não quis comentar o ocorrido. Um inspetor de segurança da empresa Guarará, que preferiu não se identificar, disse que a falta de segurança naquela região está afetando o trabalho dos motoristas. “Só no último mês registramos oito boletins de ocorrência por causa de assalto. Os motoristas não estão querendo trabalhar com medo. Estamos revezando os funcionários para eles não precisarem trabalhar sempre nessa linha”, disse.

O diretor da Viação Guarará, Francesco Tripicchio, informou que a empresa dará toda assistência às famílias das vítimas e ao motorista da companhia. “Vamos auxiliá-los em tudo o que estiver dentro das nossas possibilidades.”

Viciado em crack, assaltante se diz arrependido do crime

De cabeça baixa, Pedro Soares Pelegrini, 30 anos, se disse “muito arrependido” pelo assalto que cometeu ao ônibus da Viação Expresso Guarará e vitimou o casal Vladimir Teixeira Pinto, 43 anos, e Célia Aparecida Daniel, 43.

Sem antecedentes criminais, o rapaz disse que nunca havia praticado roubos até então e atribuiu sua ação ao crack, droga da qual é usuário há cerca de dez anos. “Depois que separei da minha mulher, há dois meses, comecei a usar crack ainda mais e acabei fazendo essa besteira. Nunca quis a morte de ninguém. Peço perdão à família”, disse ele, ao Diário.

Morador do Jardim Lavínia, em São Bernardo, Pelegrini contou que há cinco dias estava pelas ruas e foi na calçada, em um lixo próximo ao local do acidente, que encontrou a faca utilizada no crime.

“Fui atrás de droga, não me deram, fiquei nervoso, achei a faca, vi o ônibus e entrei.”

O rapaz responderá por latrocínio e lesão corporal culposa. Ele diz esperar por chance para mudar de vida. “Quero largar as drogas. Sempre trabalhei, tive as minhas coisas, não queria que isso tivesse acontecido.”

As vítimas fatais moravam no Jardim Guarará, em Santo André e tinham quatro filhos. Vladimir, que era pintor, havia saído do trabalho para levar a filha, Maria Clara – que completou 8 anos no sábado – ao dentista. “Vladimir e Célia eram pessoas muito boas. Esse criminoso tirou a vida de uma família. Que ele pague pelo que fez”, falou a mãe de Vladimir, Amabile Teixeira Pinto, 66.

 

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