Aplicativo virtual vai ajudar no combate à dengue
A dois cliques do celular, tablet ou desktop, o aplicativo “Observatório da Dengue” com tecnologia de geolocalização por informações via satélite em smartphones conectados à internet une ciência e gestão pública no combate contra a dengue. Desenvolvido por pesquisadores da UFRN e Secretaria Municipal de Saúde, a ferramenta permite a população denunciar locais de infestação do mosquito Aedes aegypti e os casos de pessoas com sintomas da doença para agilizar as ações públicas.
De manuseio simples, feito a baixo custo e prometendo amplo alcance e eficiência, é difícil ao ouvir a descrição técnica feita pelos pesquisadores não imaginar: “como ninguém pensou nisso antes?” A sensação é tão universal que ganhou repercussão mundial, depois que a agência de notícias francesa, a AFP, noticiou o projeto, na última semana, sendo replicada em pelo menos 60 jornais e revistas de 22 países.
Quando cruzadas pelo sistema, as informações dão um panorama de onde ocorrem os surtos e até epidemia, além de quantos e onde estão os pacientes que precisam de atendimento médico. O envio e monitoramento desses dados, em tempo real, à uma central de informação alertará a SMS para destinar a atuação de agentes de endemias e também agentes de saúde, nas áreas com maior risco identificado, de forma mais rápida e direcionada.
Pensado pelo epidemiologista do Departamento de Atenção Básica da SMS, Ion Andrade, e executado pelo professor Ricardo Valentim, coordenador de Tecnologia da Informação e Comunicação da Sedis/UFRN, projeto complementar faz parte de um sistema homônimo e mais amplo, que irá mapear e monitorar os casos alimentando o banco de dados do Município, em uma parceria com a UFRN e o Telessaúde Brasil.
A diferença entre os projetos, explica Ricardo Valentim, é que este aplicativo do usuário “é capaz de integrar a população ao controle e combate aos casos de dengue, permitindo ao gestor público uma visão mais real para planejar ações”, observou Valentim.
Para um estado com baixa resolutividade em serviços de saúde e com o menor crescimento do PIB do país nos últimos anos, observa os pesquisadores, fazer ciência desenvolvendo tecnologia de ponta que poderá ser usada em todo o mundo coloca o estado na dianteira do controle da doença.
Embora mais simples, o projeto complementar tem uma resolutividade maior, segundo o epidemiologista. “ É um trabalho de prevenção, não estamos em epidemia. A SMS pode ter ações para impedir o surto circular para outros bairros e que mais pessoas adoeçam”, destaca Andrade. “A repercussão vem justamente do fato de dar uma solução simples a um problema complexo”, disse.
Com tecnologia responsiva, ou seja, que se adapta a qualquer plataforma e fabricante, o aplicativo deverá estar disponível para ser baixado pela população até o final do mês.
Observatório
Em fase de testes pilotos, o Observatório da Dengue de Natal depende de um convênio para atender as demandas da Secretaria Municipal de Saúde. O sistema fará o mapeamento das rotas feitas pelo agente de endemias e dispara três níveis de alerta (campanhas educativas, visita de agente de endemia ou uso do carro fumacê) de acordo com o nível de infestação dentro de um plano de contingência.
Além de dar mais celeridade e permitir planejamento de ações, explica o professor Ricardo Valentim, as informações irão refletir em redução do gasto de recursos públicos por meio da otimização da força de trabalho. Hoje, as informações chegam a Secretaria em média com 30 a 45 dias da notificação de focos de infestação, o que retarda a tomada de decisões.
A tecnologia irá demandar infraestrutura e investimentos por parte da SMS. Durante a vigência do projeto, a proposta é que o sistema use o Laboratório de Inovação Tecnológica da Saúde do Hospital Universitário Onofre Lopes. Depois poderá ser transferido ao Município.
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