Amigos e fãs prestam homenagem a Luciano do Valle; esposa divide sonho Hortência, Neto, Osmar Santos e Oliveira Andrad
20/04/2014 09h38 – Atualizado em 20/04/2014 16h04
Amigos e fãs prestam homenagem a Luciano do Valle; esposa divide sonho
Hortência, Neto, Osmar Santos e Oliveira Andrade são alguns que compareceram para se despedir do narrador, que será enterrado em Campinas na tarde de domingo
O corpo de Luciano do Valle, que morreu em Uberlândia na tarde deste sábado, aos 66 anos, é velado agora na Câmara dos Vereadores de Campinas, cidade em que nasceu e iniciou a trajetória profissional. Amigos, colegas de profissão, familiares e fãs do locutor, uma das vozes de maior importância da história da televisão brasileira, aproveitaram para prestar a última homenagem pela manhã. O comentarista Neto, a ex-jogadora de basquete Hortência e Osmar Santos, ícone do rádio, foram alguns dos presentes. A esposa Flávia, com quem morava em Campinas havia dez anos, revelou o maior sonho da carreira do marido: a cobertura dos Jogos Olímpicos de 2016.
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– Ele estava muito focado na Copa, porque sabia que ia ser um trabalho muito diferente, mas estava radiante por causa das Olimpíadas. Ele promoveu tantos esportes no país, tanta gente que ele colocou para cima. Ele foi tão visionário e corajoso de colocar esses projetos no ar. É o que ficou faltando, a cobertura dos Jogos – disse a viúva.
A emoção tomou conta não apenas dos familiares, que ficaram em um espaço reservado, mas também de todos que largaram compromissos para se despedir do narrador. Companheiro de bancada na TV Bandeirantes há 12 anos, Neto foi um dos mais abalados com a notícia. O comentarista, que também fez história em Campinas com a camisa do Guarani, ficou longos minutos em pé ao lado do caixão olhando para o amigo e chorou bastante. Depois, foi consolado por colegas.
– Eu não perco só um companheiro. Perco uma pessoa que me ajudou a ser o comentarista que sou hoje. O legado que ele deixa para nós é imenso. Ele foi um visionário. Infelizmente, teve que morrer para as pessoas entenderem a força dele. Ele não sabia o amor e respeito que as pessoas tinham por ele – afirmou o craque, que costumava ajudar muito o amigo, já com problemas de saúde, durante as transmissões.
Maior jogadora da história do basquete brasileiro, Hortência também fez questão de ir a Campinas para homenagear o amigo de longa data. A rainha lembrou histórias entre eles e Paula nos anos 80 e 90 e exaltou a importância de Luciano do Valle para a popularização do esporte no país. Por influência do narrador, ela e Paula atuaram juntas pela Ponte Preta, time para o qual ele torcia.
– O Luciano foi um grande parceiro. Quando começamos e não existia internet ou marketing esportivo, ele nos ajudou muito. Me chamava de lado, falava para tomar cuidado com a entrevista, com a maneira que eu me comportava. Ele nos orientou muito. Essa rivalidade entre Paula e Hortência foi criada por ele, que fez o basquete crescer. A gente brincava: “Você torceu para a Paula”, “você torceu para a Hortência”. Ele ficava todo sem graça – disse a ex-jogadora.
Além de Neto, outros companheiros de trabalho também foram a Campinas para se despedir de Luciano do Valle. Emocionados, elegeram momentos de destaque na grande carreira do locutor.
– A gente conviveu bastante. O Luciano começou um pouco antes de mim, uns três ou quatro anos, mas ele fazia parte da minha turma. Ele foi para um lado, eu fui para outro. Só comecei a narrar futebol em 1982, e o Luciano já fazia desde os anos 80. Era uma referência. Aquela narração do gol do Zico (contra a Iugoslávia, antes da Copa do Mundo de 1986) é de arrepiar – falou o narrador Oliveira Andrade.
Herdeiro de Luciano do Valle no microfone da Bandeirantes, o neto Paulo do Valle também falou sobre a importância do avô em sua formação profissional. Jovem radialista em Campinas, ele enxerga a morte de maneira simbólica. Representa uma era triste do futebol brasileiro.
– A família perde em primeiro lugar, mas o Brasil também chora junto com a gente. Estamos prestes a ter uma Copa do Mundo no país, era o sonho dele, apesar do descontentamento com tudo que a gente vê, narrar uma Copa no país dele. Parece que foi uma morte de protesto. Era uma tristeza que vinha tomando conta dele nos últimos anos. Estava indo narrar um jogo do Campeonato Brasileiro, que está cheio de confusões fora do campo – disse o neto.
Clubes de futebol do país, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e emissoras de rádio e televisão enviaram coroas de flores para a Câmara dos Vereadores, onde o corpo foi velado em Campinas. Os fãs também marcam presença em bom número. A organização formou fila para que todos pudessem ir ao caixão e se despedir de Luciano do Valle. Mesmo sem nenhum tipo de parentesco, essas pessoas decidiram ir ao local. Profissionais da imprensa que trabalharam com ele nos últimos anos e dirigentes da Ponte Preta, clube para o qual ele torcia, também compareceram.
– Foi um grande torcedor, gritava o gol da Ponte com muita emoção, levava o nosso clube até um patamar mais alto. Ele sempre guardou uma decepção com o caso do Sócrates, que ele estava repatriando para a Ponte Preta na época (1985). Uma grande festa estava sendo feita, mas não deu certo. “Foi um dos grandes negócios da minha vida que não consegui concretizar”, ele disse. Era um visionário, levava a Ponte dentro do coração. Que lá de cima ele veja a Ponte conquistar um título – afirmou o presidente da Macaca, Márcio Della Volpe.
Aberto ao público, o velório do locutor campineiro de 66 anos segue até o fim da tarde, quando o corpo será levado ao Cemitério Parque Flamboyant, local escolhido pela família para o enterro. Luciano do Valle morreu após sentir-se mal durante um voo para Minas Gerais, de onde transmitiria a partida entre Atlético-MG e Corinthians, pela primeira rodada do Campeonato Brasileiro.
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