“Tem que ser intenso [o estudo] para ser uma vez só”, diz a estudante Luiza Soares Penedo, sobre as cinco horas diárias dedicadas aos estudos, neste ano, para a participação o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que acontece neste sábado (24) e domingo (25).
Ela e os irmãos, Bia, Ricardo, Vicente, são quadrigêmeos. Aos 17 anos, eles relatam sobre o compromisso com os estudos, mas apontam a importância do lazer. As horas de dedicação para fixarem os assuntos são vistas como suficientes para fazer um boa prova e eles dizem: “estamos preparados”.
Os jovens, naturais de Salvador, começaram a se preparar para o Enem este ano, mas revelam que, em 2014, participaram do exame. “Não é uma prova difícil, é cansativa. A gente tirou em torno de 660, fazendo uma média total dos quatro. Mas com toda essa garra que a gente está tendo este ano vamos subir essa nota”, conta Bia.
O Enem, segundo os irmãos, não atinge apenas o equilíbrio emocional dos jovens, mas também dos pais. “Antes minha mãe mandava a gente estudar, a gente parou e conversou: ‘mãe você precisa parar de pedir para a gente estudar porque nós estamos estudando e quanto mais você pede, mais traz agonia para a gente, atrapalha”, revela Vicente. Já Luiza se mostrou compreensiva e tentou explicar o lado dos pais. “É porque, na verdade, os pais também ficam muito inseguros, tomam as dores dos filhos e minha mãe tem quatro dores para tomar”, brincou.
Mesmo vendo o estudo como prioridade, o momento de lazer é algo necessário e destacado pelos irmãos. No último feriado, de 7 de setembro, os quadrigêmeos recusaram uma viagem oferecida pelos pais, com destino a Itacaré, um dos centros turísticos mais conhecidos da Bahia e que possui belas praias.
“Todo mundo sabe que no terceiro ano a gente tem que abrir mão de muita coisa. Mas não dá para ficar neurótico. Tem coisas que você não terá outras oportunidades de ir, como, por exemplo, o aniversário do melhor amigo. Mas uma viagem, por exemplo, depois, nas férias, a gente sabe que vai ter outras oportunidades”, conta Luiza.
Vicente, concordando com a irmã, enfatiza. “Não é saudável você ficar só estudando, sem sair de casa, porque a cabeça cansa. Mas também, a gente tem que lembrar que se a gente não se esforçar agora, para passar por essa fase que é chata, teremos que passar ano que vem novamente. Então é muito melhor você abrir mão de boa parte do ano, do que ter que abrir [mão] do próximo também”, disse.
Após um ano de abdicações e estudos, os irmãos contam o que farão depois das provas. “Gostamos muito da praia da Barra [em Salvador], então iremos bastante na praia”, disse Vicente. “Vamos aproveitar os dias de ócio, sair com os amigos, ir no cinema, descansar muito”, concluiu Luiza.
apartamento para melhorar rendimento do estudo
(Foto: Maiana Belo/G1 Bahia)
Os estudos
A técnica usada pelos irmãos para um bom rendimento nos estudos era cada um ficar em um cômodo do apartamento onde moram. Porém, quando a dúvida surgia, um ajudava o outro.
“A gente estava sempre se falando porque às vezes o professor pode dar uma dica a um, que o outro não pegou. A gente não sentava junto para estudar, cada um ficava em um ‘canto’ da casa, mas a gente estava sempre se falando para trocar informações”, relata Ricardo.
Para chegarem relaxados na prova, os irmãos decidiram não estudar na véspera do exame, porém um dia antes do início do Enem, todos foram para a escola onde cursam o 3° Ano do Ensino Médio. “Vamos sentir muita saudade de tudo na escola, por isso estamos indo para as aulas também. Mesmo depois do Enem, como teremos aula até 17 de dezembro, vamos para a escola”, revela Luiza.
Decisão
Três deles já escolheram as áreas que vão cursar na faculdade. A preferência é de conseguir ingressar na Universidade Federal da Bahia (UFBA), que eles consideram ter um ensino de qualidade e por ser gratuita. Ricardo decidiu por bacharelado interdisciplinar de humanas; Vicente, engenharia mecânica; Luiza, administração. Apenas Bia ainda está em dúvida entre produção cultural e administração.
Apesar das definições dos cursos na faculdade, eles acreditam que é comum entre os jovens da idade deles surgirem dúvidas na escolha da profissão. “As pessoas têm que ter na cabeça que a chance de errar é enorme. Você tem que errar para se conhecer. A gente vê colegas desesperados porque ainda não escolheram o que vão fazer”, conta Luiza. E Bia revela: “Eu mesma cheguei ao ponto de dizer: ‘o que vou fazer?’. Já escolhi duas coisas que gosto muito, mas ainda estou um com um pouco de dúvida entre as que optei”.
As provas
Neste sábado (24), as provas com questões de ciências humanas e ciências da natureza terão duração máxima de 4 horas e 30 minutos. No segundo dia (domingo (25), o tempo de duração é de 5 horas e 30 minutos para serem respondidas questões de linguagens, matemática e redação. O candidato só pode sair do local das provas após duas horas do início do exame. Os candidatos que quiserem levar o caderno de questões para casa tem que esperar até 30 minutos antes do término da prova.
Abertura dos portões
Por conta do horário de verão, no Piauí, os portões dos locais de aplicação das provas serão abertos uma hora mais cedo porque a realização do exame segue o horário de Brasília. Enquanto nos estados que aderiram ao horário de verão os portões se abrem ao meio dia e fecham às 13h, no Piauí os portões serão abertos às 11h e fechados ao meio dia.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) orienta que os candidatos cheguem com pelo menos uma hora de antedecência e que visitem o local de realização da prova dias antes para que o candidato não perca o caminho.
Cartão de inscrição do candidato
Neste ano o Inep não enviou pelos Correios o cartão de confirmação da inscrição. O acesso ao cartão do candidato está sendo feito através da internet. É através dele que o candidato fica sabendo em qual escola vai fazer o exame.
O cartão deve ser baixado ou consultado diretamente no site do Inep. Segundo o órgão, o cartão não é obrigatório ou requisito para fazer a prova, mas é preciso que o candidato leve anotado dados como o endereço, andar, número da sala e o número do candidato, além dos documentos de identificação.
Documentos obrigatórios
Segundo o edital do Enem, os documentos de identidade previstos são: documento de cédula de identidade (RG) expedida pelas Secretarias de Segurança Pública, pelas Forças Armadas, pela Polícia Militar, e pela Polícia Federal; identidade expedida pelo Ministério da Justiça para estrangeiros; identificação fornecida por ordens ou conselhos de classes que por lei tenham validade como documento de identidade; Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), emitida após 27 de janeiro de 1997; Certificado de Dispensa de Incorporação; Certificado de Reservista; passaporte; Carteira Nacional de Habilitação com fotografia, na forma da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997; e identidade funcional em consonância com o Decreto nº 5.703, de 15 de fevereiro de 2006.
Alimentação
Água e comida não são proibidas. O candidato deve se preocupar com sua própria alimentação durante a prova.
Punição para faltas no Enem
Quem for liberado da taxa e faltar nos dois dias do exame em 2015 terá obrigatoriamente que pagar a inscrição em 2016.
Funções do Enem
O Enem é usado como critério de entrada em diversos programas federais. A prova substitui vestibulares no acesso a instituições federais de ensino superior. Também são exigidas as notas do Enem para o candidato que pretende uma bolsa de estudos pelo ProUni, para quem quer uma vaga gratuita no ensino técnico pelo Sisutec ou para quem vai tentar financiamento estudantil pelo Fies.
Quem tem mais de 18 anos pode usar o exame nacional para obter o diploma do ensino médio. E quem já está na faculdade precisa de boas notas no Enem para concorrer a bolsas de estudos no exterior pelo Ciência sem Fronteiras.