Fernando Domingo
Repórter
Líder na produção de petróleo terrestre nacional, com representação de 31% do total, e passada a frustração com a 13ª Rodada de Licitações da ANP, onde apenas seis dos 71 blocos ofertados na Bacia Potiguar foram arrematados, o Rio Grande do Norte volta suas atenções aos investimentos e dificuldades do segmento nos próximos cinco anos. De acordo com especialistas, será preciso reavaliar projetos, diminuir a dependência da Petrobras e fortalecer a prestação de serviços à outras operadoras.
O insucesso no leilão não significa limitações diretas a curto prazo, pois, os investimentos acertados pelas empresas vencedoras ocorrerão ao longo dos próximos cinco anos, época caracterizada pelo Programa Exploratório – que compreende sísmicas e estudos técnicos – até a perfuração de poços e atividades para produção. Contudo, o atual cenário de crise, o desinteresse de grandes operadoras internacionais no Estado e nula participação da Petrobras no certame despertam preocupações.
“O que preocupa é a falta de certeza quanto ao investimento da Petrobras nos campos produtores atuais, a falta de uma política de incentivo à revitalização e prolongamento dos perfis de produção da Bacia Potiguar e sobretudo a ausência de um direcionamento estratégico quanto à cadeia produtiva que se formou ao longo de quatro décadas no RN e corre o risco de se perder por inanição”, analisou Jean-Paul Prates, diretor-presidente do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (CERNE) e especialista em petróleo.
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Ainda segundo Prates, é preciso ampliar a política local e nacional de incentivo, incluindo também projeto de composição entre o portfólio da Petrobras e das empresas independentes já operantes no RN. “A bacia vem decaindo na atração de investimento há pelo menos 5 anos. Há que se pensar e discutir quais são os fatores que resultam nisso. A Petrobras é o principal investidor e operador da região e não me parece muito entusiasmada em investir mais do que o básico, a manutenção”, comentou.
Para Elói Fernández y Fernández, diretor-geral da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), apesar do modesto resultado da Rodada, os certames precisam ter seguimento e manutenção. “Foi diferente, porque em todos os outros anos, a Petrobras entrou de forma intensa nos leilões, inclusive no on-shore. Isso, mostra que a realidade hoje é uma situação diferente. Mas, o principal fator para o continuidade do mercado é a existência do leilão. Essa regularidade é fundamental”, declarou.
E, neste leilão, diferentemente da 11ª Rodada, realizada em 2013, onde pequenos e médios operadores misturaram-se à gigantes como Petrobras, OGX, Exxon Mobil, Petrogal, em 2015 eles foram protagonistas. No caso do Rio Grande do Norte, a Imetame, a Geopark Brasil, a Phoenix e a UTC Óleo e Gás demonstraram seu interesse no solo potiguar e ampliaram seus portfólios. “A manutenção de mais um bloco no Estado está dentro da nossa estratégia de mercado e, confirmando o sucesso econômico esperado, poderemos solidificar uma posição no RN”, afirmou Roberto Baptista, diretor da Imetame.
Tal intenção produtiva é comemorada pelo Sindicato dos Petroleiros e Petroleiras (Sindipetro/RN). “A chegada ou ampliação da presença de outras empresas no setor de petróleo no RN, desenvolvendo atividades de exploração e produção, tende a reduzir os impactos negativos decorrentes da decisão da Petrobras de cortar investimentos e concentrar recursos na área do pré-sal, principalmente, com relação à geração de empregos”,disse, em nota.