Por Estefano Nascimento
É muito simplista dizer que a aceitação de cargo de ministro será apenas para Lula “fugir do Moro”. Porque se fosse somente essa a intenção, Lula provavelmente já teria aceitado esse cargo bem antes, talvez em um momento em que a repercussão midiática desse ato seria bem menor.
O que eu acho que acontece na verdade, é a consolidação de uma certa conjuntura politica que força essa saída. Seria mais ou menos o seguinte:
1 – Vai ficando claro através das delações premiadas, das prisões e dos constantes vazamento seletivos feitos a imprensa, que o principal alvo da operação é o PT, e sobretudo Lula. Isso fica bem óbvio quando se leva em consideração que há outros políticos de outros partidos tão ou mais citados que Lula, e para nenhum deles foi feito pedido de prisão, ou mesmo de uma condução coercitiva.
2 – Dilma entra em ciclo vicioso, quanto mais tem tomado medidas liberais, menos tem o apoio da população, dos militantes e do próprio partido, e com isso mais a Dilma é obrigada a ceder a pressões de partidos fisiológicos, banqueiros, bancada evangélica para tentar manter a governabilidade… E quão mais faz isso, menor é o apoio da população e de seus eleitores de esquerda.
3 – A entrega ao fisiologismo não surte efeito algum na governabilidade. O governo passa a sofrer sucessivas derrotas no congresso, e perde completamente a capacidade de governar
Encontro de Dilma e Lula dura mais de 4 horas e termina sem anúncio
Presidente e ex-presidente discutiram nomeação dele para ministério.
Segundo Planalto, não há previsão de comunicado oficial nesta terça.
Filipe MatosoDo G1, em Brasília
Terminou por volta das 23h25, após cerca de quatro horas e meia, o encontro desta terça-feira (15) entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio da Alvorada, em Brasília.
Segundo informou o Blog da Cristiana Lôbo, a reunião foi inconclusiva, e os dois decidiram continuar a conversa na manhã desta quarta-feira (16).
Acompanhados pelos ministros Jaques Wagner (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo), Dilma e Lula discutiram a eventual nomeação do ex-presidente como ministro.
Procurada pelo G1, a Secretaria de Comunicação Social informou que não havia previsão de divulgar um comunicado oficial com o resultado da reunião.
Lula desembarcou em Brasília nesta terça-feira. A possibilidade de ele assumir um ministério vem sendo defendida desde as últimas semanas por Dilma, auxiliares dela, como Jaques Wagner, Berzoini e Edinho Silva (Comunicação Social), além de parlamentares, como o líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE).
Na semana passada, Dilma e Lula se encontraram em Brasília para avaliar a conjuntura política e discutir o assunto.
Segundo o G1 apurou, tanto Jaques Wagner quanto Ricardo Berzoini ofereceram a Lula seus postos no Palácio do Planalto. Na ocasião, Lula recusou a oferta.
TRIPLEX EM GUARUJÁ
Lula é alvo de investigação.
Investigações
A possível indicação de Lula para um ministério se dá em meio a investigações conduzidas pela Justiça Federal do Paraná e pelo Ministério Público de São Paulo para apurar se o ex-presidente recebeu vantagens indevidas oriundas do esquema de corrupção daPetrobras.
Ele também é investigado por supostamente ter omitido das autoridades ser o dono de um apartamento triplex em Guarujá (SP) e de um sítio em Atibaia (SP), o que a defesa dele nega.
Em razão das suspeitas, o MP-SP pediu a prisão preventiva de Lula. Nesta segunda (14), a juíza Maria Priscila Oliveira remeteu o pedido ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato em primeira instância.
Se confirmada a nomeação de Lula como ministro, ele passará a ter a prerrogativa do chamado foro privilegiado, e as investigações envolvendo o ex-presidente seriam remetidas ao Supremo Tribunal Federal (STF).
4 – Para não afetar a própria imagem, partidos começam a se afastar do governo Dilma.
5 – Com o medo de serem atingidos, partidos passam a acreditar que a melhor alternativa é derrubar Dilma usando-a como “boi de piranha”. O quanto mais rápido acontecer o processo de impeachment, mais rápido se esfriara os ânimos da sociedade, e maior a possibilidade de saírem ilesos.
6 – Adotando essa estratégia, PMDB dá um ultimato a Dilma, dizendo que nos próximos 30 dias deverá deixar a base, e retirar todos os 6 ministros governo.
O que temos na consolidação dos fatos aqui são duas variáveis:
1 – A iminente prisão de Lula
2 – A iminente queda do governo
Se o fatos tivessem se consolidado com apenas UMA dessas variáveis, dificilmente Lula aceitaria o cargo de ministro, como estava recusando até o momento, enquanto havia para Dilma uma perspectiva de governabilidade. A iminencia da queda do governo Dilma sem dúvida alguma é o fator preponderante para a tomada dessa decisão.
Com a decisão de aceitar o ministério, há um beneficio mutuo para o governo Dilma e para Lula.
Já o contrario, a negação do pedido significaria a certeza da queda tanto de Dilma, quanto de Lula , e consequentemente de todo o PT.
Dessa forma, ao aceitar o ministério, Dilma ganha um fiador forte, com grande capacidade de articulação politica, que tem passe livre tanto entre sindicatos quanto a empresários, além de conseguir aglutinar vários partidos em torno do seu nome, conseguindo dar uma sobrevida ao seu governo. O foro privilegiado seria apenas um efeito colateral desse ato.
E, do ponto de vista do PT, seria impor uma grande derrota para Moro, para mídia, e para toda operação lava jato, ainda mais quando se tornava óbvio que o principal alvo da operação era o Lula. Além disso, levar o caso de Lula para plano federal e sobretudo para o Supremo Tribunal Federal, poderia expor os possíveis excessos cometidos durante a operação Lava Jato, Muitos desses excessos reconhecidos por alguns ministros do STF, como Marco Aurélio Mello.
Comentários
Ana Torres
Quem é Estefano Nascimento ?
qua, 16/03/2016 – 04:18
Em poucas linhas ele assassina a lingua portuguesa ! O PRIMEIRO pré-requisito para se escrever um artigo é o domìnio da lingua.isso aqui poderia passar como comentário de leitor, nada mais que isso. É preciso selecionar melhor o que é publicado.