Jornal GGN – A desvalorização do câmbio tem ajudado a indústria brasileira a trocar as importações por produtos nacionais. Além disso, o aumento dos custos em países asiáticos, especialmente na China, pode beneficiar a indústria nos próximos anos. Para Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-presidente do BNDES, a volta da capacidade de exportação da indústria será o resultado de um longo processo de mudanças na China.
De acordo com a Marcopolo, fabricante de ônibus, os veículos feitos no Brasil ganharam competitividade em comparação aos fabricados pela empresa na China. Ruben Bisi, diretor da companhia, diz que produzir no Brasil custava cerca de 30% a 35% mais caro do que no país asiático até 2012, diferença que hoje caiu para cerca de 10%.
Do Valor
Câmbio ajuda indústria a substituir importação pelo produto nacional
Por Tainara Machado e Marta Watanabe | De São Paulo
Quando a Trasix Soluções Ambientais foi criada, no início de 2013, a tecnologia para fabricação das composteiras elétricas para tratamento de resíduos orgânicos não existia no Brasil e a empresa decidiu importar as máquinas da Coreia do Sul.
Quase três anos depois – e 70% de desvalorização do real em relação ao dólar - a empresa está prestes a fechar contrato com um fabricante local para fornecimento de três modelos de composteira, que respondem por 80% da demanda da empresa. O objetivo, segundo Luiz Pistilli, um dos sócios da empresa, é chegar a janeiro de 2017 com substituição de 100% das importações por produção nacional. “Estamos em um momento de transição, focando no desenvolvimento de todos os modelos de equipamentos que antes eram importados”, diz ele.
A transição foi facilitada pela desvalorização do câmbio, que praticamente dobrou no período, ao passar de uma média de R$ 2,16 em 2013 para perto de R$ 4 ao fim de 2015. O avanço da tecnologia brasileira também pesou na decisão, diz Pistilli, que enxerga algumas vantagens na produção nacional.