A decisão do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, de não aceitar o rito de tramitação do impeachment estabelecido por Eduardo Cunha pode, ao mesmo tempo, ajudar o governo ou tornar o presidente da Câmara ainda mais poderoso.
A liminar concedida por Teori, aliada ao aditamento que a oposição vai fazer no pedido de impeachment apresentado pelo jurista Hélio Bicudo, pode dar argumento para Cunha postergar a decisão sobre abrir ou não o processo, que ele havia anunciado para esta terça-feira.
Enquanto não decide, Cunha será cortejado ao mesmo tempo pelo governo, para que rejeite o pedido, e pela oposição, que quer a abertura do processo de impeachment de Dilma.
Antes do anúncio da liminar de Teori, Cunha já admitia não responder hoje o pedido de Bicudo, patrocinado pelos oposicionistas. Ele vinha argumentando que precisaria de tempo para a assessoria jurídica analisar o aditamento, que deve conter denúncias de que as chamadas “pedaladas fiscais” ocorreram também em 2015. Esse seria um dos principais argumentos para afastar a presidente.
A liminar de Teori contribui e reforça a tendência de Cunha levar mais tempo para se pronunciar sobre o pedido, segundo interlocutores do deputado. A esta altura, o presidente da Câmara tem o poder monocrático de determinar a abertura de processo contra a presidente da República, rejeitar ou arquivar.
Neste momento, se torna ainda mais valioso para Cunha ter apoio dentro da Câmara, para permancer na Presidência da Casa e preservar seu mandato, já que é alvo de denúncia da Procuradoria Geral da União por movimentação ilegal de contas na Suíça.
Nos últimos dias, ele conversou muito com a oposição, mas também foi procurado por pelo menos dois ministros com gabinete no Palácio do Planalto: Jaques Wagner e Edinho Silva. Ele prometeu anunciar a decisão sobre os pedidos de impeachment pendentes na Câmara na tarde desta terça.