O Democratas está rachado no Rio Grande do Norte. De um lado, o grupo de Rosalba Ciarlini, única governadora do partido na atualidade e que ainda sonha com a reeleição. Do outro, o senador José Agripino, presidente nacional da sigla, que quer facilitar a reeleição do filho (o deputado federal Felipe Maia) e dos outros parlamentares estaduais, apoiando o PMDB de Henrique Eduardo Alves. A situação parece ser tão grave que nem após a reunião do Diretório Estadual do DEM, marcada para o dia 2 de junho, conseguirá remediar o conflito interno, uma vez que, dificilmente, o lado vencido se dedicará integralmente à disputa.
Isso porque se, por exemplo, Agripino conseguir convencer Rosalba de que a tentativa de reeleição não é o melhor caminho, dada a condição de inelegibilidade e o alto índice de rejeição do nome dela, dificilmente a governadora participará da campanha de outro candidato – principalmente, da campanha de Henrique. Alias, deverá não. Henrique é o escolhido, segundo se comenta nos bastidores da política local. O pré-candidato peemedebista ao Governo, inclusive, já havia até confidenciado que Agripino prometeu que estará ao lado dele no pleito de 2014, para conseguir uma coligação mais ampla na proporcional e reeleger, pelo menos, seus atuais deputados.
Além dos bastidores, é bem verdade, esse desejo de ficar ao lado de Henrique ficou claro no evento realizado em João Câmara na última quinta-feira, quando Agripino esteve junto ao pré-candidato do PMDB e também da ex-governadora Rosalba Ciarlini (pré-candidata ao Senado). E, além disso, ainda discursou repetindo o que tem falado Henrique, pregando a união no Estado. “O Rio Grande do Norte é um estado pequeno, cheio de problemas e precisa contar com a união das forças dos homens e das mulheres que, realmente, tem força para trazer de Brasília a solução para os nossos problemas”, disse Agripino, durante a inauguração do Centro de Abastecimento Municipal Luiz Antônio Vieira da Câmara, o novo mercado público da cidade.
A promessa do apoio a Henrique teria sido acompanhada, também, da promessa de comunicação à Rosalba Ciarlini do desejo de se aliar ao PMDB. O encontro informando isso teria ocorrido na manhã desta sexta-feira (aniversário de Agripino), na casa do senador. Lá, a governadora foi informada que o partido quer focar na reeleição dos parlamentares e não arriscar pensando apenas na reeleição da governadora – uma vez que, sozinho, o DEM dificilmente conseguiria coeficiente eleitoral para reeleger seus parlamentares.
Confirmando o desejo do DEM de ficar ao lado do PMDB, Rosalba não deverá participar da eleição e, claro, não subirá no palanque de Henrique. Até porque, os peemedebistas, desde que romperam com o governo, têm feito duras críticas a gestão estadual dela (e não ao Democratas), por isso, além de inviabilizar o discurso henriquista de “mudança”, a presença da governadora no palanque também atrairia a rejeição que ela já enfrenta atualmente.
Do lado de Agripino, além de Felipe Maia, estão também os deputados estaduais Getúlio Rêgo, José Adécio e Leonardo Nogueira. Consequentemente, com Rosalba, está o marido dela e atual secretário-chefe do Gabinete Civil, Carlos Augusto Rosado, o ex-deputado federal Ney Lopes e o atual deputado federal e cunhado da governadora, Betinho Rosado (que é do PP, mas integrava até bem pouco tempo os quadros democratas).
E se com a opinião de Agripino prevalecendo, Rosalba estaria fora, se confirmando a vontade da governadora, é bem provável que Agripino abra mão da disputa e participe mais da disputa nacional, viajando junto ao pré-candidato à Presidência da República, Aécio Neves, do PSDB. Essa, inclusive, foi a estratégia que ele usou no pleito suplementar de Mossoró, quando, contrariado, teve que apoiar oficialmente a candidatura da ex-prefeita Cláudia Regina, mas sequer pisou na Capital do Oeste durante o pleito (nem para a convenção ele foi).