Ezequiel 5
5.1 — Raspar a cabeça era um ato que demonstrava vergonha ou desgraça na cultura hebraica (Ez 7.18; 2 Sm 10.4). Também representava um ritual de luto pagão proibido pela Lei (Ez 27.31; Dt 14.1; Is 15.2; 22.12). Raspar a cabeça era um indício de profanação, que tomava um sacerdote como Ezequiel ritualmente impuro e, portanto, incapaz de cumprir com seus deveres no templo (Lv 21.5). Essa mensagem dizia ao povo que todos estavam prestes a serem humilhados e profanados.
5.2 — Os cidadãos de Jerusalém sofreriam um dos três destinos dados às três mechas de cabelo do profeta, repartidas em medidas iguais: (1) alguns judeus seriam queimados no incêndio da cidade, ou morreriam de praga, fome ou outras calamidades advindas do cerco (Ez 5.12; 2 Rs 25.9); (2) outros seriam mortos pela espada durante o ataque (Ez 5.12; 2 Rs 25.18-21) e (3) outros seriam espalhados pelo vento; seriam espalhados para outras terras, sendo exilados (Ez 5.12; 2 Rs 25.11-17, 21).
5.3,4 — Sairá um fogo. Um remanescente desse grupo enviado para o exílio seria poupado da morte e contaminado pela cultura estrangeira. Outros exilados seriam mortos.
5.5-7 — Esta é Jerusalém. Essas palavras foram proferidas em meio à situação angustiante. O Deus dos judeus lhes dera a cidade como herança. O Senhor a amava e a estabelecera como o centro do mundo, porque o templo estava localizado ali. No entanto, nesse trecho, Deus descreve a extensão das abominações do povo. Porque multiplicastes as vossas maldades refere-se ao povo da cidade favorecida que não apenas se recusara a guardar a Lei, mas cujo pecado ainda era pior do que o das nações ao redor — os israelitas haviam fracassado em seguir até mesmo as diretrizes morais que os pagãos observavam.
5.8 — Por isso, assim diz o Senhor Jeová: Eis que eu, sim, eu mesmo, estou contra ti; e executarei juízos no meio de ti aos olhos das nações. Esse é o anúncio do Juiz soberano. Eis que eu, sim, eu mesmo indica um tom solene e enfático.
5.9-17 — Os elementos do juízo de Deus sobre Seu povo por causa de pecado podem ser enumerados da seguinte maneira: (1) um juízo pior do que qualquer outro já visto; (2) uma terrível fome que levaria ao canibalismo; (3) peste, isto é, pragas e doenças associadas à fome; (4) mortes violentas por meio de espada ou por animais selvagens e (5) a dispersão e a morte do remanescente. Essas punições eram resultado da idolatria do povo. Os israelitas haviam profanado o templo de Deus com coisas detestáveis e abominações (v. 11), deixando evidente seu total desprezo pela Lei (v. 6, 7, 11.18).
Os Dez Mandamentos, a base da Lei mosaica, condenam expressamente a idolatria (Êx 20.3). Assim, os juízos seriam executados: (1) sem misericórdia e sem esperança de alívio (v. 11), (2) com o pleno derramamento da ira divina (v. 13); e (3) fazendo do povo de Deus uma lição e uma advertência para as nações vizinhas (v. 15). Na aliança com Seu povo, Deus havia prometido enviar essas maldições se os israelitas fossem rebeldes (Dt 28.15-68). O povo desobediente e rebelde não deveria ficar surpreso diante do horror que logo teria de enfrentar.
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