A PALAVRA DO DIA-Na incerteza do amanhã,…
Este texto escrevi a partir de uma reflexão que um irmão de nossa comunidade fez, em um evento para jovens. Utilizando o contexto da mensagem, ele falou que não saberia se veria seu filho (que tem alguns meses de vida) em seu primeiro dia de aula ou com sua primeira namorada. Citou ainda o exemplo da boate Kiss, na qual dezenas de jovens perderam suas vidas prematuramente.
Enquanto jovens, somos tentados a achar que viveremos ainda muitas décadas, afinal, esse é o ciclo natural da vida – nascer, crescer, envelhecer e morrer. Assim, fazemos planos, traçamos metas, buscamos nossos objetivos. Porém, nem sempre essas etapas são cumpridas à risca; muitos, por exemplo, pulam da primeira à última. Devemos, sim, colocar alvos em nossas vidas e batalharmos por eles, pois, quão desanimadora seria a vida se não tivéssemos propósito algum? Mas temos de ter o cuidado de não correr atrás do vento. Em uma reunião do Só a Escritura (grupo de jovens da nossa igreja, que tem esse blog como um dos projetos), um irmão nos falou sobre o perigo de confiarmos na força do nosso braço. Na correria alucinada do dia a dia, com mil e uma atividades, decisões e escolhas que temos de fazer, é fácil esquecermos que do Senhor procede toda determinação (Pv. 16.33).
A frase que dá título ao texto é de uma banda paulista de hardcore chamada CPM 22. Ela expressa justamente a ideia de brevidade e efemeridade da vida, e lembra-me um texto bíblico que se encontra em Tiago:
“Ouçam agora, vocês que dizem: “Hoje ou amanhã iremos para esta ou aquela cidade, passaremos um ano ali, faremos negócios e ganharemos dinheiro”. Vocês nem sabem o que lhes acontecerá amanhã! Que é a sua vida? Vocês são como a neblina que aparece por um pouco de tempo e depois se dissipa.” (Tg 4.13,14 – NVI).
Nesses versos, Tiago repreende essas pessoas, afirmando que elas estavam desconsiderando de modo arrogante a soberania divina, ao viver a vida e fazer planos para o futuro sem levar em consideração a providência de Deus¹. No verso seguinte ele mostra qual deve ser a atitude correta a ser tomada diante de tais projetos: “Ao invés disso, deveriam dizer: ‘Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo’”. Devemos confiar na soberania de Deus, colocando tudo o que formos fazer diante dEle, objetivando glorificá-lo em todas as nossas atitudes; vivendo uma vida Coram Deo (expressão em latim que significa “perante a face de Deus”), sabendo que tudo o que conquistamos é uma dádiva de Deus, proveniente de sua infinita bondade para conosco. Além disso, devemos ser gratos e agradecê-lo por cada uma delas. Como diz o teólogo R. C. Sproul, viver sob a soberania de Deus é “reconhecer que não há um objetivo mais elevado do que oferecer a honra a Deus”.
Outro texto interessante sobre o assunto tratado é o Salmo 90, que contrasta a eternidade de Deus e a transitoriedade do homem. Da mesma forma que Tiago exemplificou a vida do homem a uma neblina que logo se dissipa, o salmista compara utilizando o exemplo da relva que brota ao amanhecer, viceja e floresce pela manhã e à tarde, murcha e seca (vv 5,6); como também compara a um breve pensamento (verso 9). E no verso 10 afirma: “tudo passa rapidamente e nós voamos”. Ao ilustrar esse texto, o pastor da nossa igreja sempre fala para perguntarmos a nossos avós se o tempo realmente passou rápido para eles. “O tempo voou!”, eles dirão.
Diante de tudo isto, temos vivido sob o prisma de que nossa vida é efêmera? Um vapor que logo se dissipa ou uma erva que logo seca? Ou, de forma mais espantosa: como temos vivido sabendo que uma eternidade nos espera? O autor de Hebreus afirma que aos homens está ordenado morrerem apenas uma vez, vindo depois disso o juízo (Hb. 9.27). O apóstolo Paulo afirmou que “o viver é Cristo e o morrer é lucro”. A morte não é algo que amedronta o verdadeiro cristão, uma vez que ela o levará diretamente ao seu redentor. Nós não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura (Hb. 13.14). Somos estrangeiros e peregrinos nessa terra.
Portanto, busque sabiamente seus objetivos; persevere naquilo que você deseja. Mas considere todas as suas obras e veja se tudo o que você busca não é apenas vaidade. Poderíamos examinar também a passagem de Lucas 12.13-21, parábola que fala sobre o homem que possuía abundância de bens e disse consigo: “Tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te”. Porém, o final da parábola frustra o desejo do referido homem: “Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?”. Outras passagens poderiam ainda ser utilizadas, mas a questão é: quem pode, com toda sua riqueza, trabalho ou sucesso, adicionar mais alguns anos à sua existência?
Use o fôlego que ainda lhe resta para glorificar a Deus com sua vida e agradecê-lo por tamanha misericórdia concedida a você. Que Deus nos ajude a contar os nossos dias para que alcancemos sabedoria, aproveitando ao máximo cada oportunidade, pois os dias são maus (Ef. 5.16). Por fim, reflita na letra dessa música da banda Oficina G3:
“Quem pode falar, quem pode dizer/ O que o amanhã vai trazer?/ Quem pode falar, quem pode afirmar/ se vamos sorrir ou chorar amanhã?/ Fazemos tantos planos/ mas a Deus pertence o amanhã/ Meu amanhã é Seu!”²
¹Comentário da Bíblia de Estudo de Genebra
²Amanhã – Oficina G3
Gustavo Buriti
https://www.facebook.com/gustavo.buriti.1
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