A PALAVRA DO DIA-Marcos 7 Estudo: Ensinamentos, Curas e Libertações de Jesus


Neste capítulo de Marcos 7 estudo, veremos uma longa discussão de Jesus com os fariseus que o acompanhavam, afim de presenciarem algum ato ilícito de Jesus.

Jesus é questionado sobre a falta de higiene e de decoro religioso de seus discípulos e aproveita a oportunidade para tornar puros todos os alimentos, ora antes impuros para o consumo.

Ele também liberta uma menina de um espírito imundo levando em conta a sabedoria de sua mãe e, pela primeira vez, cura um enfermo de forma particular, afastado da multidão.

Marcos 7 estudo: Contexto histórico
Jesus tinha acabado de visitar sua cidade natal, Nazaré, e não foi bem recebido pelos seus, um povo incrédulo e que o desprezou.

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Jesus então passa a pregar nas cidades vizinhas e envia os doze para irem também, de dois em dois. João é morto por Herodes, tendo sua cabeça decapitada, por um pedido de sua esposa, Herodias.

Jesus e seus discípulos vão à um lugar deserto, alimentam uma multidão com o milagre da multiplicação de alimentos. Este capítulo está divido em três partes importantes, com seus respectivos acontecimentos.

(Marcos 7:1-23) PARTE 1
Essa é a discussão mais longa de Jesus no Evangelho de Marcos.

(Marcos 7:1) Os fariseus o perseguem
v. 1 Então, ajuntaram-se a ele os fariseus, e alguns dos escribas, vindos de Jerusalém.

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Sobre fariseus e escribas, ver notas em Mc 1:21-22 – Mc 2:15-17 e Mc 3:22.

(Marcos 7:2) A impureza dos discípulos
v. 2 E eles, vendo que alguns dos seus discípulos comiam pão com as mãos impuras, isto é, sem lavar, eles encontraram uma falta.

Como em Mc 2:18 a disputa se deu em relação às ações dos discípulos de Jesus. Mãos impuras se refere à purificação ritual, não a higiene.

(Marcos 7:3-4) A tradição judaica
v. 3 Porque os fariseus, e todos os judeus, não comem sem lavar suas mãos, conservando a tradição dos anciãos.

v. 4 E, quando voltam do mercado, se não se lavarem, eles não comem. E muitas outras coisas há que receberam para guardar, como lavar os copos, e os jarros, e os vasos de bronze e as mesas.

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Estes versículos são um parêntese explicativo. Esta é a única referência de Marcos aos judeus como um grupo.

Lavar suas mãos conservando a tradição (lit. “lavar as mãos com o punho) poderia indicar a lavagem com um punhado de água ou a lavagem até o punho.

A tradição dos anciãos (v. 5,8-9,13) se refere a tradições orais que se desenvolveram paralelamente à lei escrita. Essas tradições se tornaram o centro do judaísmo rabínico.

Aparentemente, quando os fariseus voltavam do mercado, eles não lavavam apenas as mãos ritualmente; eles se purificavam por inteiro. Ver a passagem paralela em Mateus.

(Marcos 7:5) Os fariseus questionam Jesus
v. 5 Então, perguntaram-lhe os fariseus e os escribas: Por que não andam os teus discípulos conforme a tradição dos anciãos, mas comem o pão sem lavar as mãos?

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Jesus respondeu no v. 8 que a tradição dos anciãos era “mera tradição “dos homens”.

(Marcos 7:6-7) A resposta do mestre
v. 6 E ele, respondendo, disse-lhes: Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim.
v. 7 mas, em vão eles me adoram, ensinando por doutrinas os mandamentos dos homens.

A palavra para hipócritas indicava um ator escondido atrás da máscara. Assim, a palavra significava “farsante”.

A citação de Is 29:13 definiu claramente o que era um hipócrita e focalizou a condenação divina daqueles que divulgavam ensinando que eram doutrinas de homens.

(Marcos 7:8-9) Jesus os condena de não obedecerem a Deus
v. 8 Porque vós colocastes de lado o mandamento de Deus, e guardastes a tradição dos homens, como o lavar dos jarros e dos copos; e muitas outras coisas semelhantes a estas fazeis.
v. 9 E ele dizia-lhes: Bem sabeis rejeitar o mandamento de Deus, para que possais guardar a vossa própria tradição.

Jesus acusou os fariseus e escribas de negligenciarem o mandamento de Deus e, em vez disso, guardarem a tradição dos homens. Eles tornaram suas tradições orais mais importantes que a lei de Deus.

(Marcos 7:10) O quinto mandamento
v. 10 Porque Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe; e quem amaldiçoar o pai ou a mãe deixe-o morrer com morte.

Ao citar o quinto mandamento (Êx 20:12 – Dt 5:16 – Êx 21:17 – Lv 20:9), Jesus introduziu um exemplo específico daquilo que condenou em Mc 7:8-9.

(Marcos 7:11-13) O Corbã
v. 11 Mas vós dizeis: Se um homem disser ao seu pai ou à sua mãe: Isto é Corbã, isso quer dizer, uma oferta, o que poderias lucrar de mim, esse será livre.
v. 12 E nada mais lhe permitis fazer por seu pai ou por sua mãe,
v. 13 fazendo a palavra de Deus ficar sem nenhum efeito pela vossa tradição, que vós transmitistes; e muitas coisas semelhantes a estas fazeis.

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Há ênfase em vós dizeis, expressão que opõe o ensinamento rabínico à palavra de Deus. A prática rabínica do Corbã (modificada de Lv 27:28 – Nm 18:14) permitia que uma pessoa consagrasse todos os seus bens materiais ao Senhor.

Vergonhosamente, os rabinos permitiram que o Corbā liberasse os filhos de cuidar das necessidades materiais de seus pais idosos.

E muitas coisas semelhantes a estas fazeis enfatizou que a prática do Corbã era apenas uma amostra dos costumes hipócritas dos fariseus.

(Marcos 7:14-16) A verdadeira corrupção
v. 14 E, chamando todo o povo até ele, disse-lhes: Ouvi-me cada um de vocês, e compreendei;

v. 15 não há nada de fora do homem que, entrando nele possa corrompê-lo; mas as coisas que saem dele, são elas que corrompem o homem.
v. 16 Se algum homem tem ouvidos para ouvir, ouça.

Jesus ampliou o auditório chamando o povo e expandiu Seu ponto até a verdadeira corrupção. Ó v. 15 é o centro de Seu ensino.

As pessoas se corrompem pelo que sai delas, não pelo que entra. O v. 16 é interpolado segundo a edição crítica Bíblia textual.

(Marcos 7:17-18) Nem os discípulos entendem Jesus
v. 17 E, quando ele entrou em casa, os seus discípulos lhe perguntaram a respeito da parábola.

v. 18 E ele disse-lhes: Vós também estão sem compreender? Não percebeis que qualquer coisa de fora que entrar no homem, isto não pode corrompê-lo,

Em particular, os discípulos perguntaram acerca da parábola do v. 15. Jesus repetiu o que tinha dito e os repreendeu por sua falta de entendimento.

(Marcos 7:19) A purificação dos alimentos impuros
v. 19 porque não entra no seu coração, mas dentro do ventre, e sai na latrina, purificando todos os alimentos?

O que entra no estômago não corrompe, porque é digerido e lançado fora. Lembre que Marcos foi escrito sob influência de Pedro, e que Pedro aprendeu em At 10:15 que todos os alimentos são puros.

Desta forma, a afirmação intercalada de Mc 7:19 indica que Marcos, Pedro e os outros lembraram do que Jesus disse e perceberam que Ele havia declarado puros todos os alimentos.

Quando Jesus disse isso originalmente, eles falharam por completo em entender.

(Marcos 7:20-23) Os problemas morais
v. 20 E ele dizia: O que sai do homem, isso contamina o homem.

v. 21 Porque do interior do coração dos homens, procedem maus pensamentos, adultérios, fornicações, assassinatos,

v. 22 roubos, cobiça, maldade, engano, lascívia, inveja, blasfêmia, soberba, insensatez;

v. 23 todas estas coisas más procedem de dentro e corrompem o homem.

Jesus listou 13 problemas morais para ilustrar Seu ponto acerca da corrupção interior, Os primeiros sete estão no plural e indicam costumes, atos repetidos.

Fornicações (Gr. porneid) inclui todas as práticas sexuais ilícitas, fora do casamento, Maldade é um termo para malignidade.

Os seis últimos estão no singular, indicando atitudes. Inveja literalmente significa “olho mau”. Isso se refere a uma atitude ciumenta, invejosa, cobiçosa e ressentida.

Blasfêmia inclui espalhar notícias falsas sobre outros (2Tm 3:2). A palavra para soberba indica exaltar-se acima dos outros. Insensatez é falta de juízo moral.

(Marcos 7:24-8:10) PARTE 2
Estes versículos descrevem o ministério de Jesus em Tiro, Sidom e Decápolis, territórios gentios.

(Marcos 7:24) A ida para Tiro e Sidom
v. 24 E ele levantando-se dali, foi para as fronteiras de Tiro e Sidom, e entrando em uma casa, não queria que nenhum homem soubesse isto; mas ele não pôde se esconder.

Tiro ficava na costa do Mediterrâneo, a noroeste da Galileia. Jesus foi as fronteiras de Tiro, indicando o distrito administrativo ao redor de Tiro, e não a cidade em si.

Sidom ficava cerca de 30 quilômetros ao norte de Tiro. As pessoas dessas áreas tinham viajado anteriormente até a Galileia para ouvir Jesus (Mc 3:8).

(Marcos 7:25-26) A mulher siro-fenícia
v. 25 Pois uma certa mulher, cuja filha tinha um espírito imundo, ouvindo sobre ele, veio e lançou-se aos seus pés;

v. 26 a mulher era grega, de nacionalidade siro-fenícia, e ela pedia-lhe que expulsasse de sua filha o demônio.

Esta mulher não era uma gentia de etnia grega, e sim de cultura grega. Siro-fenícia (uma fenícia da Síria) reflete o uso da expressão dupla por Marcos, sendo o segundo termo o mais específico.

Lançou-se aos seus pés lembra o ato de Jairo (Mc 5:23) e do endemoninhado geraseno (Mc 5:6).

(Marcos 7:27) Os primeiros no Reino de Deus
v. 27 Mas Jesus disse-lhe: Deixa primeiro saciar os filhos; porque não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cães.

Na breve declaração de Jesus, filhos indica os judeus (cp. Mt 15:24). Tipicamente, os judeus se referiam aos gentios como cães.

Como os cães eram considerados impurezas pelos judeus (Êx 22:31 – 1Rs 21:23 – 1Rs 22:38 – 2Rs 9:36 – Pv 26:11 – Mt 7:6 – 2Pe 2:22), chamar alguém de cão era um insulto (1Sm 17:43 – 1Sm 24:14 – 2Sm 16:9 – Is 56:10-11). Ver passagem paralela em Mateus.

(Marcos 7:28) A humildade da mulher
v. 28 E ela respondeu, dizendo: Sim, Senhor; mas os cães comem das migalhas das crianças debaixo da mesa.

Senhor pode ser um título divino ou simplesmente um tratamento educado. A mulher insistiu que, embora os cães não comessem quando os filhos estavam à mesa. eles comiam as migalhas que caíam ao chão (Lc 16:21).

Ela aceitou a prioridade dos judeus na missão de Jesus, mas ressaltou que os privilégios de Israel não excluíam os gentios de aproveitar a abundância excedente.

(Marcos 7:29-30) Jesus se admira com a fé dela
v. 29 Então, ele disse-lhe: Por essa palavra, vai pelo teu caminho; o demônio já saiu de tua filha.

v. 30 E, quando ela chegou em sua casa, viu que o demônio havia saído, e sua filha deitada sobre a cama.

A narrativa volta ao exorcismo, que foi o motivo de a mulher ter vindo até Jesus. No relato de Mateus, Suas palavras por essa palavra focalizaram a grandeza da fé da mulher (Mt 15:28).

(Marcos 7:31-37) PARTE 3
Provavelmente este relato faz parte de um ministério maior de cura em Decápolis, resumido por Mateus (Mt 15:29-31).

Desta vez, a recepção de Jesus contrasta com a de Sua primeira visita (cp. Mc 5:17) e possivelmente dá a entender que a proclamação do endemoninhado geraseno foi bem-sucedida (Mc 5:20).

(Marcos 7:31) Jesus volta a Decápolis
v. 31 E novamente, partindo das regiões de Tiro e Sidom, ele foi até o mar da Galileia, passando pelo litoral de Decápolis.

Partindo das regiões de Tiro e Sidom… passando pelo litoral de Decápolis indica que Jesus viajou mais de 30 quilômetros para o norte antes de virar para sudeste.

A jornada completa ultrapassou 190 quilômetros. Sobre Decápolis, ver nota em Mc 5:19-20.

(Marcos 7:32) Jesus cura um surdo
v. 32 E trouxeram-lhe um surdo, que falava com dificuldade; e lhe pediram que impusesse a sua mão sobre ele.

Falava com dificuldade também é usado na versão grega de Is 35:5-6, passagem que Jesus cumpriu com este milagre.

(Marcos 7:33-34) Jesus cura em particular
v. 33 E, tirando-o de entre a multidão, pôs-lhe os dedos nos ouvidos, e cuspiu, e tocou-lhe a língua;

v. 34 e, erguendo os olhos ao céu, suspirou, e disse: Efatá; isto é, seja aberto.

Vejam que interessante. Somente aqui, e em Mc 8:22-26, Jesus levou à parte (tirando-o de entre a multidão) a pessoa que curou, Cuspiu (cp. Mc 8:23) provavelmente significa que Jesus cuspiu na mão e aplicou a saliva na língua do homem (Jo 9:6).

Erguendo os olhos ao céu, gesto que indica oração (ver nota em Mc 6:41). Suspirou mostra grande envolvimento emocional de Jesus. Para esclarecer, Marcos traduz a palavra aramaica Ephphotha (cp. Mc 5:41).

(Marcos 7:35) Cura total
v. 35 E imediatamente os seus ouvidos foram abertos, e a amarra de sua língua se soltou, e ele falava claramente.

Sua língua se soltou equivale literalmente “a corrente de sua língua foi quebrada”. E ele falava claramente indica que, como muitos surdos, antes esse homem era capaz de produzir sons, mas não de formar palavras coerentes.

(Marcos 7:36) As notícias se espalham
v. 36 E ele ordenou-lhes que não contassem a nenhum homem, mas quanto mais lhes ordenava, mais eles o divulgavam.

Contassem é a palavra que Marcos usou para falar a outros sobre Jesus (Gr. kerysso). O povo de Decápolis reagiu como o endemoninhado geraseno agora.

(Marcos 7:37) A admiração em Decápolis
v. 37 E eles admirando-se além do limite, diziam: Ele tem feito todas as coisas bem, ele faz ambos, o surdo para ouvir e o mudo para falar.

Embora as outras curas de Jesus trouxessem grande surpresa e admiração (Mc 1:22 – Mc 2:12), é a primeira vez que além do limite aparece, ou “além da medida”.

Ele tem feito todas as coisas boas lembra o palavreado de Gn 1:31. Novamente Jesus fez o que só Deus pode fazer (Êx 4:11).

Conclusão
Concluindo, Jesus passa a operar mais milagres a medida que seu ministério vai se tornando cada vez mais famoso, como se acompanhasse o poder de Deus se desenvolvendo dentro dele.

Ele também começa a debater com os fariseus sobre as leis e toda a religião que os aprisionava e falava abertamente sobre a hipocrisia que habitava nela.

Jesus demonstra que veio para os libertar do aquário e os levar para o oceano de seu Reino, que é infinito. Muitos milagres e sinais ainda seriam feitos.

Marcos 7 estudo.

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