Neste capítulo de Lucas 20 estudo, Não é de agora, neste capítulo, que muitos questionam a autoridade de Jesus e nos dias do ministério terreno do Filho de Deus, os religiosos o fizeram de forma enérgica.
Os fariseus procuram de qualquer modo motivos para o incriminar, até o espionando. Jesus lhes conta uma parábola sobre o senhor de uma vinha, que fará justiça no grande dia, e é indagado sobre os tributos e impostos, respondendo muito bem aos questionamentos, mostrando toda sua sabedoria. Muitos outros conselhos acerca da vida o Mestre entregará a nós.
Lucas 20 estudo: Contexto histórico
Anteriormente, vimos Jesus contar a parábola do juiz injusto, do fariseu e do publicano, convidar as crianças a se achegarem a Ele e ensinando como alcançaremos a vida eterna.
Ele falou abertamente sobre seu sofrimento, sua morte e ressurreição que se aproximam, e libertou a vida de um homem cego de seu sofrimento.
(Lucas 20:1-2) A autoridade é questionada
v. 1 E aconteceu que, em um daqueles dias, enquanto ele ensinava o povo no templo, e pregava o evangelho, os principais sacerdotes e os escribas vieram a ele com os anciãos,
v. 2 e falaram-lhe, dizendo: Dize-nos, com que autoridade fazes tu essas coisas? Ou quem é que te deu tal autoridade?
Lucas não especificou que dia da Semana da Paixão foi este, mas o relato paralelo em Mc 11:19-20. indica que era terça-feira.
Os principais sacerdotes e os escribas e os anciãos faziam parte do conselho de líderes judeus, o Sinédrio (ver nota em Lc 22:66).
Os líderes religiosos judeus questionaram a autoridade de Jesus para expulsar os mercadores do templo (Lc 19:45), porque tal ato era uma afronta direta ao cerne da religião judaica.
Na opinião deles, só um blasfemo se atreveria a fazer uma coisa dessas. Desta forma, eles buscavam desacreditar Jesus aos olhos do povo que se ajuntara para a Páscoa.
(Lucas 20:3-8) A pergunta de Jesus
v. 3 E, respondendo ele, disse-lhes: Eu também vos perguntarei uma coisa, respondam-me:
v. 4 O batismo de João, era do céu ou dos homens?
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v. 5 E eles arrazoavam entre si, dizendo: Se nós dissermos: Do céu, ele nos dirá: Por que então não crestes?
v. 6 Mas, e se nós dissermos: Dos homens, todo o povo nos apedrejará, porque eles estão convencidos que João era um profeta.
v. 7 E eles responderam que não podiam dizer de onde era.
v. 8 E Jesus lhes disse: Tampouco eu vos direi com que autoridade faço estas coisas.
Como costumava fazer, Jesus chamou a atenção de volta para Seus inquisidores, perguntando-lhes acerca da autoridade do batismo de João Batista, Percebendo que não teriam como vencer naquela situação, os líderes religiosos responderam: “Não podiam dizer de onde era a autoridade de João”.
Tendo apanhado Seus oponentes em uma armadilha, Jesus também se recusou a responder a pergunta deles.
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(Lucas 20:9-12) O dono da vinha
v. 9 Então, ele começou a falar ao povo esta parábola: Certo homem plantou uma vinha, e arrendou-a a uns lavradores, e foi para uma terra distante por muito tempo.
v. 10 E, no devido tempo, enviou um servo aos lavradores, para que lhe dessem dos frutos da vinha; mas os lavradores, espancando-o, mandaram-no embora vazio.
v. 11 E novamente ele enviou outro servo; e eles também o espancaram, e o insultaram e o mandaram embora vazio.
v. 12 E ele enviou novamente um terceiro; e eles também feriram a este, e o expulsaram.
A vinha era um símbolo de Israel (Is 5:7) e seu proprietário era Deus. Os lavradores representavam o povo de Israel, principalmente seus líderes religiosos.
Os sucessivos servos que sofreram violência da parte dos lavradores representavam os profetas do antigo testamento, que foram enviados por Deus, mas foram rejeitados e até mesmo mortos pelo povo de Israel.
(Lucas 20:13-18) O envio do Filho
v. 13 Então, disse o senhor da vinha: O que eu farei? Enviarei o meu filho amado; talvez, vendo-o, o respeitem.
v. 14 Mas, vendo-o os lavradores, eles arrazoaram entre si dizendo: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, para que a herança seja nossa.
v. 15 Assim, eles lançaram-no fora da vinha, e o mataram. O que lhes fará, pois, o senhor da vinha?
v. 16 Ele virá e destruirá esses lavradores, e dará a vinha a outros. E, ouvindo eles isso, disseram: Deus o proíba!
v. 17 E ele observando-os, disse: Então, o que é isto que está escrito: A pedra que os edificadores rejeitaram, essa se tornou a cabeça de esquina?
v. 18 Qualquer que cair sobre aquela pedra será despedaçado, mas naquele em que ela cair, ela triturará ao pó.
Meu filho amado é Jesus (ver nota em Lc 3:21-22). Os líderes religiosos judeus não mataram Jesus para ficar com Sua herança, mas para rejeitá-lo como Messias e herdeiro do trono de Davi violenta é definitivamente.
O fato de o senhor da vinha (Deus) matar os lavradores (Israel) antecipa o acréscimo dos gentios ao plano de Deus para Seu novo povo do pacto, a Igreja.
Este é um dos principais focos de Lucas em seu próximo livro, Atos dos Apóstolos. O povo que estava perto do templo e ouvia a Jesus (v. 1,9) não conseguia imaginar Deus fazendo uma coisa dessas.
Nesta citação de Sl 118:22, Jesus é a pedra, a cabeça do ângulo (ver At 4:11 – Ef 2:20 – 1Pe 2:7). Não é dito quem eram os edificadores, mas sem dúvida eram os líderes religiosos de Israel (v. 1,19).
(Lucas 20:19-21) Os escribas não desistem
v. 19 E os principais sacerdotes e os escribas procuraram lançar mão dele naquela mesma hora, mas eles temiam o povo; pois perceberam que ele tinha falado a parábola contra eles.
v. 20 E, eles vigiando-o, enviaram espiões, os quais se fingiam de homens justos, para o apanharem em alguma palavra, e o entregarem ao poder e à autoridade do governador.
v. 21 E eles perguntaram-lhe, dizendo: Mestre, nós sabemos que tu falas e ensinas retamente, e que não fazes acepção de pessoas, mas ensinas o caminho de Deus verdadeiramente;
Os líderes religiosos (principais sacerdotes e os escribas) entenderam que a parábola de Jesus se referia a eles e quiseram se livrar dele imediatamente.
Contudo, para não enfurecer o povo, eles buscaram apanhar Jesus em uma outra armadilha, fazendo uma pergunta que lhes permitiria entregá-Lo às autoridades romanas.
Assim, enquanto tentavam aparentar piedade e respeito por Jesus, eles pediram Sua opinião acerca de um dos problemas mais polêmicos da época – o imposto per capita romano.
(Lucas 20:22-26) Os impostos
v. 22 é lícito dar tributo a César ou não?
v. 23 Mas, ele percebendo a sua astúcia, disse-lhes: Por que vós me tentais?
v. 24 Mostrai-me uma moeda. De quem é a imagem e a inscrição? E, eles respondendo, disseram: De César.
v. 25 E ele lhes disse: Dai, pois, a César as coisas que são de César, e a Deus as coisas que são de Deus.
v. 26 E eles não puderam tomá-lo em suas palavras diante do povo; e eles maravilhados da sua resposta, calaram-se.
Os líderes religiosos achavam que tinham encontrado a maneira perfeita de apanhar Jesus, independente de qual fosse Sua resposta.
Se dissesse que era lícito pagar o imposto per capita a César, isso colocaria o povo judeu contra Ele. Se dissesse que não era, seria motivo suficiente para que os romanos O prendessem por traição.
Contudo, Jesus não caiu na armadilha deles. Pedindo uma moeda (denário) usada especificamente para pagar o imposto per capita, Jesus demonstrou que os próprios líderes religiosos sabiam que era necessário cooperar com o governo romano vigente.
Dai, pois, a César as coisas que são de César foi um reconhecimento adequado do papel legítimo do governo humano no plano de Deus (Rm 13:1-7).
Dai… a Deus o que é de Deus não divide a vida em vida secular e vida santa, como se Deus fosse indiferente a alguns aspectos da existência humana.
Pelo contrário, a declaração de Jesus mostra que todos os aspectos da vida estão relacionados com Deus, inclusive a necessidade de nos submetermos ao governo.
Esta resposta deixou os mestres da lei e os chefes dos sacerdotes perplexos (v. 26), frustrando sua tentativa de pegar Jesus dizendo algo que condenasse a si mesmo.
(Lucas 20:27-33) A pergunta dos saduceus
v. 27 Então, chegaram-se a ele alguns dos saduceus, que negam haver ressurreição, e eles perguntaram-lhe,
v. 28 dizendo: Mestre, Moisés nos escreveu que, se morresse o irmão de um homem, tendo esposa, e ele não deixasse filhos, seu irmão tomasse a esposa dele, e levantasse descendência a seu irmão.
v. 29 Houve, pois, sete irmãos; e o primeiro tomou uma mulher, e morreu sem filhos.
v. 30 E o segundo a tomou como esposa, e morreu sem filhos.
v. 31 E o terceiro a tomou, e semelhantemente também os sete, e eles não tiveram filhos e morreram.
v. 32 E depois de todos, a mulher também morreu.
v. 33 Portanto, na ressurreição, de qual deles será a mulher? Pois os sete a tiveram por esposa.
Outro grupo dos líderes religiosos tentou apanhar a Jesus em uma outra armadilha proposicional.
Os saduceus não acreditavam na ressurreição dos morto porque ela não é ensinada na Torá (Gênesis até Deuteronômio).
Eles fizeram a Jesus uma pergunta destinada a desacreditar a ideia da ressurreição, fazendo com que ela parecesse absurda.
Se morresse o irmão de um homem… e ele não deixasse filhos diz respeito à lei do levirato, que se encontra em Dt 25:5.
Equivocadamente, os saduceus achavam que a vida após a ressurreição do corpo teria a mesma estrutura básica que a vida terrena.
(Lucas 20:34-36) O fim do casamento no céu
v. 34 E, Jesus respondendo, disse-lhes: Os filhos deste mundo casam-se, e dão-se em casamento;
v. 35 mas os que são considerados dignos de alcançar o mundo vindouro, e a ressurreição dos mortos, não se casam, nem se dão em casamento;
v. 36 nem podem mais morrer; porque são iguais aos anjos, e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição.
Jesus respondeu dizendo que o casamento se limita a este mundo. Os que são considerados dignos são aqueles que creem em Cristo, porque o único meio de alguém ser aceito por Deus é tendo fé no Messias (Rm 5:1 – Gl 2:16).
No céu, seremos como os anjos, que gozam de vários relacionamentos significativos, mas não se casam nem se reproduzem.
Depois da ressurreição, o ciclo de vida humano (nascimento, casamento, reprodução e morte) é mudado para sempre.
(Lucas 20:37-40) A vida após a morte
v. 37 Agora que os mortos hão de ressuscitar, até Moisés o mostrou no arbusto, quando ele chamou ao Senhor Deus de Abraão, e Deus de Isaque, e Deus de Jacó.
v. 38 Porque ele não é Deus de mortos, mas de vivos; porque todos vivem para ele.
v. 39 Então, alguns dos escribas disseram, respondendo-lhe: Mestre, tu dissestes bem.
v. 40 E depois disso, eles não ousaram perguntar-lhe questão nenhuma.
Jesus citou Ex 3:1-6 para acuar os saduceus, que reverenciavam os livros de Moisés. A lógica de Jesus é a seguinte: Deus só poderia dizer a Moisés que era o Deus de Abraão… de Isaque, e… de Jacó se eles ainda estivessem vivos na época de Moisés.
Mas eles já tinham morrido muitos anos atrás. Logo, precisava haver uma vida após a morte. Nenhum dos líderes religiosos ousaram mais atormentar Jesus, porque Ele “respondera bem” e os fizera parecer tolos.
(Lucas 20:41-44) Filho de Davi?
v. 41 E ele lhes disse: Como eles dizem que Cristo é filho de Davi?
v. 42 E o próprio Davi disse no livro dos Salmos: O SENHOR disse ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita,
v. 43 até que eu faça dos teus inimigos teu escabelo.
v. 44 Portanto, se Davi mesmo lhe chama Senhor, como é ele seu filho?
Então, Jesus fez Sua própria pergunta teológica difícil: como o Cristo (o Messias) poderia ser filho de Davi e SENHOR divino de Davi ao mesmo tempo? Embora Jesus não tenha dito, a resposta é que Ele, o Messias, é perfeitamente Deus (Senhor) e perfeitamente homem (Filho de Davi).
(Lucas 20:45-47) Cuidado com os escribas
v. 45 Então, ouvindo-o todo o povo, ele disse aos seus discípulos:
v. 46 Cuidado com os escribas, que querem andar com vestes compridas, e amam saudações nos mercados, e os principais assentos nas sinagogas, e os principais lugares nos banquetes;
v. 47 que devoram as casas das viúvas, e, por aparência, fazem longas orações; estes receberão maior condenação.
As vestes compridas dos escribas eram feitas de linho branco e tinham franjas decorativas. Os principais assentos eram aqueles onde a pessoa poderia ser vista por todos que estavam na sinagoga.
Devoram as casas das viúvas provavelmente significa que alguns escribas fraudavam viúvas indefesas, privando-as de suas casas e de seus poucos recursos.
Mateus 23 é uma passagem paralela estendida que descreve os pecados pelos quais os mestres da lei e os fariseus seriam julgados por Deus.
Conclusão
Após a entrada triunfal e os anúncios proféticos das dores, Jesus conta a parábola dos lavradores maus. A intenção é ilustrar o cuidado de Deus com sua vinha.
Ele enviou diversos profetas para receber os frutos da vinha, mas eles acabaram mortos e espancados. Por fim, o filho é enviado, mas a ideia dos lavradores é de matá-lo.
O filho, portanto, representa Jesus. Veio para salvar, mas acabou sendo morto e ao ouvir o exemplo, os líderes de Israel começaram a planejar como tirar-lhe a vida.
Daí em diante, os líderes religiosos também sabiam que se Jesus fosse contrário aos impostos e ao Império, ele estaria cometendo grave crime contra Roma. Crime este passível de morte.
A resposta de Jesus ecoa até hoje no mundo: “Portanto, deem a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. Ou seja, devemos ser bons cidadãos dos céus e da Terra.
O plano de fazer Jesus pecar continua, os saduceus lhe fizeram perguntas acerca da ressurreição. Mais uma vez a sabedoria é manifestada e Ele mostra aos saduceus que há um plano muito maior para a vida e para a morte. Muito mais amplo do que uma visão limitada.
Cristo termina nos advertindo contra o perigo de termos o mesmo caráter dos religiosos, pessoas cujo comportamento não nos inspira a amar e seguir a Deus, ao contrário, nos distanciam e transformam a nossa intimidade com Deus em algo amargo e doloroso.
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