A PALAVRA DO DIA-0 Amós 5 1-27 – BUSCAI A DEUS E VIVEI – DEUS EXIGE JUSTIÇA E NÃO SACRIFÍCIOS.


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Amós 5 1-27 – BUSCAI A DEUS E VIVEI – DEUS EXIGE JUSTIÇA E NÃO SACRIFÍCIOS.

Como já dissemos, o livro de Amós é um livro que revela a severidade do julgamento divino por causa da infidelidade pactual em Israel e em Judá e declara a esperança de grande restauração depois da destruição e do exílio que estava se aproximando.

Estamos vendo agora a ver a parte III – ORÁCULOS CONTRA ISRAEL (3.1 6.14). Encontramos-nos na seção “B”, no capítulo 5.

  1. A severidade do julgamento (5.1 6.7).

Até o versículo 7, do próximo capítulo, 6, estaremos vendo a severidade do julgamento. Num oráculo de lamentação (5.1-17) e em dois oráculos de angústia (5.18-27; 6.1-7), Amós expressou o quanto seriam terríveis os julgamentos que estavam por vir. Assim, também dividiremos essa seção “B”, em três partes: 1. Lamento pela virgem Israel (5.1-17) – veremos agora; 2. Ai daqueles que desejam (5.18-27) – veremos agora; e, 3. Ai dos complacentes (6.1-7).

  1. Lamento pela virgem Israel (5.1-17).

Até ao verso 17, deste, estaremos vendo o lamento pela virgem Israel. Amós lamentou o destino de Samaria sob o domínio assírio, como ele descreveu na seção anterior.

Amós lamentou Israel como se ela já estivesse morta. Esse artifício literário é típico de profecias do Antigo Testamento, especialmente em Ezequiel (p. ex., Ez 19.1; 26.17; 27.2; 32.2).

Essa lamentação consiste em quatro partes:

  1. A descrição da tragédia (vs. 2-3).
  2. Um chamado à reação (vs. 4-6).
  3. Um discurso direto aos caídos (vs. 7-13).
  4. Uma convocação para o lamento (5.16-17).
  5. A descrição da tragédia (vs. 2-3).

Esse versículo dá início à lamentação com a descrição da tragédia. A declaração é de que a virgem caiu. Esse termo é usado em outras lamentações (p. ex., 2Sm 1.19,25,27; 3.34; Lm 2.21).

Essa personificação da virgem de Israel imperfeitamente compreendida de Israel (cf. 2Rs 19.21; Jr 18.13) é aplicada também a outras nações; por exemplo, a Babilônia (“virgem filha da Babilônia”; Is 47.1) e o Egito (“virgem filha do Egito”, Jr 46.11).

A julgar pela mitologia ugarítica, a frase pode ter a conotação de que a nação em questão era a esposa de um deus, como Israel era a noiva de Jeová e a igreja era a noiva de Cristo (Ap 19.7; 21.2,9; 22.17).

As drásticas derrotas militares descritas – 90% morrem – aqui ecoam a profecia de tais desastres na aliança (Dt 32.28-30). O Senhor alertou que essas calamidades viriam devido à idolatria (Dt 32.1518).

  1. Um chamado à reação (vs. 4-6).

O versículo 4 dá início ao chamado à reação. Buscai-me e vivei era o apelo do Senhor para eles. Compare com os vs. 6,14. O Senhor havia prometido estar disponível para aqueles que o procurassem, mesmo quando no exílio (Dt 4.29; cf. Lm 3.25), tragicamente, o povo do Senhor normalmente não o procurava (Is 9.13; Jr 10.21).

Os israelitas estavam acostumados a irem aos locais de cultos sincréticos para buscar ajuda em tempos de dificuldades, ao invés de buscar o livramento do Senhor.

Eles não deveriam entrar nem em Betel, nem em Gilgal – sobre Betel e Gilgal veja 4.4 -, nem em Berseba – esse antigo lugar sagrado (Gn 21.31-33; 26.23-25; 46.1-5) estava localizado cerca de 75 km ao sudeste de Jerusalém.

Evidentemente, o povo do norte viajava em peregrinação a esse santuário do sul (cf. 8.14). Em sua reforma, Josias havia desconsagrado os lugares altos “de Geba até Berseba” (2Rs 23.8). Deus ameaçou retirar o povo e devastar esses lugares caso não houvesse arrependimento.

A orientação de Deus era clara de que deveriam buscá-lo e viverem. Considerando que essa série de oráculos aparece em ordem cronológica, Deus já havia prometido punir as mulheres de Samaria (4.2) e estava a ponto de prometer destruir Samaria (6.8).

Aqui ele ameaçou fazer o mesmo com outras partes do Reino do Norte, a menos que o povo se arrependesse e o procurasse (veja o vs. 15).

Eles deveriam buscar a Deus de todo o seu coração para evitar que o Senhor irrompesse contra a casa de José, ou seja, o termo indica as tribos de Efraim e Manassés e assim cobre as áreas tribais que continham Betel (Efraim) e Gilgal (Manassés).

Conforme a BEG, esses santuários ao norte seriam destruídos; Berseba, no sul, não seria destruída pelo fogo do julgamento que varreria o Reino do Norte. O fogo do julgamento do Senhor não pode ser extinto (cf. Is 1.31; ir 4.4; Mt 3.12).

  1. Um discurso direto aos caídos (vs. 7-13).

Aqui, agora, se tem início ao discurso direto aos caídos. Eles estavam convertendo o juízo em alosna e deitando por terra toda a justiça. Esse epíteto segue o costume do epíteto divino ou real.

Assim como em 4.1, ele é novamente irônico – veja 4.13. A mesma frase ocorre em 6.12, e isso pesa contra a alteração feita por alguns, “Vocês que colocam a justiça de cabeça para baixo”.

Juízo e justiça geralmente estão juntos no Antigo Testamento como qualidades da vida que o Senhor deseja (cf. 5.24; Is 5.7). Aqui o profeta repreendeu os líderes de Israel pela sua falha em estabelecer o juízo e a justiça.

Essa série majestosa de títulos – vs. 8 e 9 – para o Senhor contrasta fortemente com o versículo anterior, o qual descreve um povo pecador. O Senhor é aquele que é:

  • O que fez as Plêiades e o Oriom.

Esse é um grupo de estrelas (conhecido como M45) na constelação de touro que inclui sete estrelas proeminentes visíveis a olho nu. Já Órion é o nome hebraico que possivelmente significa “o Tolo”, embora na literatura clássica fale-se em “o Caçador”. Sete-estrelo e Órion ocorrem juntos em outro lugar no contexto do poder e sabedoria incomparáveis de Deus (Jó 9.9; 38.31).

  • O que torna a sombra da noite em manhã, e transforma o dia em noite.
  • O que chama as águas do mar, e as derrama sobre a terra.
  • Deus e o Senhor é o seu nome.
  • O que faz vir súbita destruição sobre o forte, de sorte que vem a ruína sobre a fortaleza.

No verso 10, literalmente, “eles odeiam… e desprezam”. Esse versículo contrasta com os versículos seguintes (vs. 11-12), que estão na segunda pessoa.

No entanto, nenhuma diferença significativa de tom parece ser pretendida com essa mudança, e tais mudanças de pessoa são comuns em documentos do antigo Oriente-Próximo, incluindo cartas, tratados e dedicatórias.

Muitos dos assuntos legais de uma cidade eram realizados em sua porta, uma larga passagem com salas adjacentes. E eram nas portas que havia repreensão e o falar sincero, pois essas pessoas repreendiam a falsidade e davam testemunho verdadeiro num tribunal da lei. Israel odiava esses indivíduos, pois eles ameaçavam impedir a corrupção e o ganho desonesto (cf. 2.6-7).

Eles pisavam os pobres e ainda exigiam tributos de trigo, embora vivessem em casas de pedras. Literalmente, “casas de pedras lavradas”. Essas estruturas eram caras, em contraste às casas de tijolo de barro nas quais a maioria do povo morava – seria interessante comparar essa situação com Is 9.10.

Por isso, não haveriam de desfrutarem nem de suas casas nem de suas plantações.

As maldições de futilidades (p. ex., maldições que tornariam fútil qualquer esforço construtivo), que o Senhor já havia anteriormente infligido aos cananeus, seriam agora dirigidas ao seu próprio povo (Dt 6.10-12; veja também os vs. 16-17). A maldição aos vinhedos é extraída da aliança, como estipulada em Dt 28.30,39.

Eram graves e muitas as transgressões deles. Era importante que os israelitas percebessem que o Senhor tinha conhecimento do que eles imaginavam que ele não sabia (cf. Jó 22.13-14; SI 73.11; Lc 16.15). A aflição do justo e o aceite de suborno – refere-se ao pagamento de resgate pela vida de um assassino, o que era contra a lei (Nm 35.31) – os tornavam ainda mais dignos de juízo.

Portanto, o que for prudente guardará silêncio naquele tempo, porque o tempo será mau, ou seja, pode ser traduzido – conforme a BEG – esse “guardar silêncio” como “cessará”, uma vez que a palavra hebraica é usada em outro lugar como correspondendo à morte: “Portanto, cairão os seus jovens nas suas praças; todos os homens de guerra serão reduzidos a silencio naquele diz” (Jr 49.26; 50.30).

O Senhor retirou os homens sábios ou prudentes das posições de liderança como parte de seu julgamento de uma nação; por exemplo, Judá (Is 3.1-4,12) e Edom (Jr 49.7; Ob 8).

  1. Uma convocação para o lamento (5.16-17).

Novamente o apelo para a busca do bem e não do mal. Para esse pensamento, veja Is 1.16-17. Compare com 5.4, em que Deus ordenou que o seu povo o procurasse e vivesse.

Conquanto seja verdade que a obediência ao Senhor traz segurança e prosperidade (Dt 28.1-14), esse versículo aponta para uma verdade ainda mais profunda: conhecer Deus é a essência da vida (cf. Jo 17.3).

Em assim procedendo, buscando ao Senhor, fugindo do mal, o Senhor, o Deus dos Exércitos, seria com eles. Isso expressa a mais profunda necessidade do povo de Deus, a qual também é antecipada (mas com palavras hebraicas diferentes) em Is 7.14 – “Emanuel” significa “Deus conosco” (Mt 1.231).

Os israelitas, com confiança enganosa, afirmavam que o Senhor estava com eles, apesar de sua rebeldia, simplesmente porque ele havia feito uma aliança com eles. Para um exemplo semelhante de confiança sem fundamento, veja Mt 3.9.

Odiando o mal, amando o bem, estabelecendo o juízo na porta, sim, fazendo tudo isso, talvez o Senhor tivesse piedade do remanescente de José.

No tempo de Amós, Israel era relativamente próspero e forte. A frase antecipa o tempo futuro após a vinda do julgamento de Deus. Se o povo corrigisse seus hábitos, era possível que Deus fosse mais brando com relação ao julgamento de toda a nação.

Considerando que os oráculos estão em ordem cronológica, Deus já havia prometido enviar as mulheres ricas de Samaria para o exílio (4.2), mas aqui o profeta ofereceu esperança, embora isso não fosse uma garantia (“talvez”) de que o restante do povo fosse poupado caso se arrependesse. Essa série termina com Deus prometendo destruir Samaria (6.8).

Os versículos 16 e 17, conforme a BEG, compreendem a intimação ao luto que conclui o lamento.

Em todas as ruas – vs. 17 – e em todas as vinhas – vs. 18 – haveria pranto, porque o Senhor passaria pelo meio do povo.

Os lamentos sobre Israel continuariam em toda parte da Terra Prometida, pois todas as partes seriam punidas. Em todas as ruas dirão: Ai! Ai! Para outros usos proféticos dessa exclamação, veja o vs. 18; 6.1; Is 1.4; Jr 22.18. A mesma frase aparece em Êx 12.12, onde o Senhor falou sobre o iminente julgamento do Egito, “Porque, naquela noite, passarei pela terra do Egito”.

Ironicamente, pelo fato de seu povo ter-se tornado tão pagão quanto o povo do Egito, ele agora iria passar por Israel em julgamento, como uma vez havia passado pela terra de seus opressores.

  1. Ai daqueles que desejam o dia do Senhor (5.18-27).

O profeta pronunciou um “ai” sobre o Reino do Norte, em vista do seu futuro desanimador – vs. 18 ao 27.

O “dia do SENHOR” faz referência ao tempo em que Deus virá como Rei para julgar os seus inimigos e abençoar o seu povo fiel (veja Is 2.12; 13.6-13; Ob 15; Sf 1.7,14).

Todo período importante de julgamento no Antigo Testamento pode ser chamado de “dia do SENHOR”, assim como o Novo Testamento associa o termo com o Pentecostes (At 2.20), mas primeiramente com a ainda futura vinda de Cristo (1Co 1.8; 5.5; 2Co 1 14; 1Ts 5.2; 2Ts 2.1; 2Pe 3.10).

Para que desejais vós o Dia do SENHOR? Pode ser traduzido também como, “O que lhe trará de bom o Dia do SENHOR?” Os israelitas estavam tão confiantes de sua boa reputação com Deus que acreditavam que o dia do Senhor seria benéfico para eles.

Eles não compreendiam que suas violações notórias da aliança na verdade os tornavam inimigos de Deus, objetos da ira dele.

O dia do Senhor seria um dia de trevas e não de luz. Talvez isso seja uma repercussão do vs. 8. No julgamento, o Senhor tem poder para transformar o dia em noite, tanto de modo literal quando figurado.

O mal nos sobrevém por causa de nossas práticas erradas ou por causa de nossa boca? Adianta eu ficar declarando palavras boas e repreendendo o mal se minha conduta continua errada? Assim, eles precisavam de ter atitude, mas confiavam tanto em sua “fé” que se tornaram ainda mais nojentos.

Amós retratou a futilidade da tentativa de escapar do julgamento do Senhor – veja Is 24.17-18. Em hebraico, a pergunta “não será…” espera uma resposta positiva, ou seja, aqui seria de trevas e não luz, completa escuridade e não claridade. Figurativamente, isso representa bem-estar e motivo de alegria. Mas a claridade também é associada ao Senhor (SI 18.12; Is 4.5) e aos justos (Pv 4.18, Is 60.3; 62.1). A implicação aqui é de que não haveria luz da justiça na terra e nem claridade no semblante (favorável) do Senhor.

O julgamento seria sinistro e total, e tragaria toda a terra.

Agora o Senhor desabafa e diz não estar satisfeito com as práticas deles em festas e ajuntamentos solenes – vs. 21-23. Essa é uma breve crítica às práticas religiosas de Israel.

O ponto não é que as práticas eram erradas, pois o Senhor as havia ordenado. No entanto, elas estavam sendo praticadas de maneira não espiritual, tendo a forma religiosa, mas negando o seu poder (1Tm 3.5), ou seja, era tudo de fachada, como para enganar.

No verso 21, ele diz que aborrecia e desprezava aquelas festas e assembleias. Duas palavras combinadas para expressar mais fortemente um conceito que nenhuma das duas poderia transmitir sozinha.

Poderia ser traduzido, “Eu rejeito com absoluto ódio”. Deus não tinha nenhum prazer, literalmente, “não aspirarei”. A expressão vem do contexto dos sacrifícios. De modo semelhante, na aliança original o Senhor havia declarado “não aspirarei o vosso aroma agradável” (Lv 26.31), caso o seu povo se tornasse desobediente.

Há bênçãos nos cultos a Deus, nas festas, assembleias solenes, mas juntas com falsidade, hipocrisia e engano, o Senhor detestava, odiava. Uma visão deturpada de Deus os levavam a agir assim, como querendo fazer de Deus um gênio da lâmpada, poderoso, mas escravo do adorador.

Por isso que ainda que lhe oferecessem sacrifícios, holocaustos e ofertas, ainda assim não se agradaria deles. O Senhor sempre esteve mais interessado na nossa atitude espiritual em relação a ele (e aos outros criados à sua imagem) do que nos sacrifícios (cf. Mt 5.23-24; 1Co 13.3).

Até os cantos oferecidos a Deus eram, não melodias, nem músicas, mas sovam com um estrépito – vs. 23 – literalmente, “estrondo” e não como canções de adoração. A mesma palavra é usada para descrever o tumulto de águas no céu quando o Senhor ribomba o trovão (Jr 10 13), assim como o barulho das rodas dos carros do exército (Jr 47.3).

Em lugar daquilo tudo o que Deus queria e gostaria de ver neles era o juízo e a justiça, fluírem como um rio perene.

No Oriente Médio – nos ensina a BEG -, ribeiros são vales estreitos através dos quais a água flui na época de chuvas, mas que podem estar completamente secos em outras épocas. Simbolicamente, o Senhor, aquele que dá as chuvas, providenciaria chuva perpétua alegremente para suprir os ribeiros do juízo e da justiça, mas Israel, o ribeiro seco, não a receberia.

»AMÓS [5]

Am 5:1 Ouvi esta palavra que levanto como lamentação sobre vós,

ó casa de Israel.

Am 5:2 A virgem de Israel caiu;

nunca mais tornará a levantar-se;

desamparada jaz na sua terra;

não há quem a levante.

Am 5:3 Porque assim diz o Senhor Deus:

A cidade da qual saem mil terá de resto cem,

e aquela da qual saem cem terá dez para a casa de Israel.

Am 5:4 Pois assim diz o Senhor à casa de Israel:

Buscai-me, e vivei.

Am 5:5 Mas não busqueis a Betel,

nem entreis em Gilgal,

nem passeis a Berseba;

porque Gilgal certamente irá ao cativeiro,

e Betel será desfeita em nada.

Am 5:6 Buscai ao Senhor, e vivei;

para que ele não irrompa na casa de José como fogo

e a consuma, e não haja em

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