GUAMARÉ RN-Lava Jato: cai o delegado das mordomias no Paraná, por Marcelo Auler


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Lava Jato: cai o delegado das mordomias no Paraná, por Marcelo Auler

Lava Jato: cai o delegado das mordomias no Paraná, por Marcelo Auler

Após as denuncias das reformas no prédio do GISE, onde criou entre outras mordomias uma ilha gourmet, Moscardi perdeu a chefia da DRE e a coordenação do Grupo. Foto reprodução do Youtube

Por Marcelo Auler

Do seu blog

Oficialmente a mudança não foi confirmada pelo Departamento de Polícia Federal (DPF), tampouco pela Superintendência Regional do DPF no Paraná (SR/DPF/PR) que, como sempre, ignoram nossas questões e nossos e-mails. Mas, na prática, o delegado Maurício Moscardi Grillo, responsável pelas mordomias criadas no prédio ocupado pelo Grupo de Investigações Sensíveis (GISE) conforme denunciamos em Polícia Federal, sem verba para a luz, mas com mordomias, perdeu seus cargos de chefia.

Para o seu lugar à frente da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) e, por consequência, a coordenação daquele Grupo de Investigações, já foi transferido da Delegacia de Paranaguá, no litoral paranaense, o delegado Sergio Luís Stinglin de Oliveira. Considerado por seus colegas como competente, discreto e sério, que não se curva no exercício de suas funções, ele poderá ser um estranho ninho na sede da SR/DPF/PR.

Moscardi, porém, não ficará ao desabrigo. Afinal, já prestou “importantes serviços” à Lava Jato como assumir a presidência da sindicância 04/2014. Nela, concluiu que o grampo encontrado na cela do doleiro Alberto Youssef era antigo e estava inativo. Suas conclusões foram contestadas pelo agente Dalmey Fernando Werlang, que confessou ter instalado a aparelhagem em 19 de março de 2014, data em que o doleiro foi preso, especificamente para captar suas conversas, ainda que ilegalmente. O grampo não tinha autorização judicial. Moscardi assumirá o posto de coordenador da Força Tarefa da Lava Jato na Superintendência,

O DPF Moscardi assume a coordenação, mas na Lava Jato quem manda mesmo é o triunvirato Erica, Igor e Marcio Adriano. Foto reproduções
O DPF Moscardi assume a coordenação, mas na Lava Jato quem manda mesmo é o triunvirato Erica, Igor e Marcio Adriano

Na avaliação de alguns policiais federais do Paraná, Moscardi terá uma posição mais decorativa pois, na prática, o lado operacional das investigações em torno da Lava Jato continuará sendo tocadas pelos DPFs Érika Mialik Marena e Márcio Adriano Anselmo.

Apesar de falarem que o DPF Igor Romário de Paulo se voltará para seu posto de  Delegado Regional de Combate ao Crime Organizado. (DRCOR), no fundo, pela posição que ocupa, continuará atuando também na Lava Jato.

Érika, que chefiou a Delegacia de Combate a Crimes Financeiros (Delefin) até alguns meses atrás, foi quem levou para Curitiba o embrião da Lava Jato. Ela esteve à frente das investigações do caso Banestado, depois substituiu Protógenes Queiróz no caso Daniel Dantas, cumprindo missões em São Paulo e Brasília. Deixou a chefia da Delefin quando retiraram a Força Tarefa da Lava Jato do âmbito desta delegacia. Desde então, passou a dividir com Marcio Adriano a coordenação operacional. das investigações. Marcio Anselmo está no caso desde o início das investigações e foi por algum tempo coordenador da Operação no DPF. Ao preferir as funções mais operacionais que burocráticas, passou a coordenação para Igor de Paulo que é o.

A tendência, portanto, é que Érica e Marcio Adriano continuem à frente das investigações, com Igor como coordenador no seu cargo de DRCOR, acima de todas as delegacias especializadas. A ida de Moscardi para a Força Tarefa, segundo alguns policiais, poderá gerar conflito entre os delegados.

Moscardi ficará na função burocrática cuidando da parte administrativa, isto é,  providenciará a chamada infraestrutura das operações. Mas, poderá aparecer diante das câmeras a cada entrevista da Força Tarefa. Se transformará na imagem do DPF, apesar de estar sendo investigado pela Corregedoria Geral que há meses já deveria ter apresentado o resultado da nova sindicância sobre o grampo na cela de Alberto Youssef.

Segundo todas as acusações já feitas e evidências levantadas, a COGER investiga se ele forjou um resultado para esconder que o aparelho de escuta, como disse o agente Werlang, foi instalado a mando de Igor de Paulo, na presença de Márcio Adriano e do superintendente Rosalvo. Além disso, sua tese de que o grampo foi colocado com autorização do juiz do Mato Grosso do Sul, colidiu com a versão apresentada pelo agente Paulo Romildo, o Bolacha, que deu versão diferente

Na sindicância ele também endossou a história contada por Igor e Marcio Adriano em juízo de que o grampo que Youssef guardou por cerca de dez dias, foi recolhida em uma vistoria feita na cela em busca de celulares. Na verdade, a ida da cúpula da Superintendência à cela foi com a intenção de achar o equipamento. Eles sabiam que o aparelho estava nas mãos do doleiro preso. Quem os informou foi o delegado da polícia civil  Silvio Jacob Rockembach, chefe da Agencia de Inteligência da Polícia Civil do Paraná. Ou seja, Moscardi endossou uma mentira em documento oficial. Ainda assim, aparecerá como porta voz da Força Tarefa?

Em um prédio público, onde policiais federais investigam tráfico de drogas, a cozinha está equipada como nas melhores residências, inclusive com uma lha gourmet.
Em um prédio público, onde policiais federais investigam tráfico de drogas, a cozinha está equipada como nas melhores residências, inclusive com uma lha gourmet, um bar, grupo de sofás e uma churrasqueira. De onde veio o dinheiro, o DPF e a SR/DPF/PR não explicam. Foi verba secreta?

Mordomias não explicadas – Até hoje continua sem uma explicação pública os gastos feitos por Moscardi no prédio ocupado pelo GISE, no centro de Curitiba, com as reformas que o dotaram de mordomias. Como mostramos na matéria citada acima, com verba de origem desconhecida, ele promoveu reforma nas dependências policiais que serve como delegacia. Na postagem de 11 de fevereiro, explicamos:

A suntuosidade da reforma promovida na sala de refeições e na cozinha de dois órgãos de investigação, em um prédio localizado no centro de Curitiba, contrasta totalmente com o discurso que delegados federais vêm fazendo de que faltará verba para as operações policiais. A origem do dinheiro, embora indagada, não foi explicada pelo DPF, menos ainda pela superintendência.

É praticamente certo que não foi verba orçamentária. Através do site Transparência Brasil foi possível verificar que entre maio de 2015 (início da reforma) e dezembro do mesmo ano, os pagamentos efetuados pela superintendência a titulo de obras e reformas não incluíram nenhuma delas na capital do estado. Foram pagas reformas nas delegacias de Maringá, Guarapuava e Cascavel.

Restam, portanto, duas alternativas. A primeira, e mais provável, uma nova doação feita por algum juiz federal de Curitiba, com verba apreendida em operações policiais e confiscada em sentença. Para isso, porém, é preciso um pedido oficial que tramita em forma de processo e passe pelo crivo do Ministério Público Federal.

Os gastos sigilosos – A segunda hipótese, menos provável, seria o uso das chamadas Verbas Secretas (VS) que as superintendências do DPF recebem de Brasília, mas destinam-se especificamente a operações policiais. É um dinheiro usado, com o respaldo da legislação vigente, para pagar informantes em operações de porte, principalmente no combate ao tráfico de drogas. Ele só pode servir esporadicamente para comprar bens de consumo em situação emergencial. Jamais uma máquina de café Nespresso ou uma ilha gourmet, para ficar em apenas dois exemplos de modernidades instaladas no prédio do GISE. A informação colhida pelo blog dá conta que, após a reforma do GISE, o DPF em Brasília reduziu à metade as remessas da verba secreta para o Paraná. Normalmente eram enviados R$ 32 mil que caíram para R$ 16 mil. È mais uma informação que se espera a confirmação pelo DPF junto com a explicação da origem do dinheiro usado na reforma.

O que é fato e está no portal da Transparência, é que, em 2015, a Superintendência Regional do DPF no Paraná efetuou “gastos sigilosos, com pagamentos efetuados com Cartões de Pagamentos do Governo Federal” da ordem de R$ 352.458,74. Outros R$ 4.683.400,75, da mesma verba sigilosa, destinaram-se a diárias. As especificações destas despesas como constam do portal, são “bloqueadas”, por serem “informações protegidas por sigilo, nos termos da legislação, para garantia da segurança da sociedade e do Estado”.

Após a reportagem, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) endereçou um pedido de explicações ao Ministério da Justiça. O Ofício que iria ser enviado a José Eduardo Cardozo, como noticiamos em Chico Alencar a Cardozo: “quem pagou mordomias da PF-PR?” acabou substituído por um novo endereçado ao já ministro da Justiça, Eugênio Aragão. Até esta sexta-feira (08/04) o deputado não recebeu qualquer resposta.

Perguntas ao DPF Moscardi – Pelas informações levantadas pelo blog, em Brasília havia disposição de se apurar tanto o comportamento de Moscardi diante da sindicância 04/2014 (sobre o grampo na cela de Youssef) como a questão das reformas no prédio do GISE. Inclusive, tivemos acesso a um rol de perguntas preparadas por algum setor do DPF que lhes seriam dirigidas. Deste rol, constava:

Sobre sua chegada a Curitiba em 2014: a) quando foi removido para a SR/PR? b) Quem o ajudou nessa remoção? c) Tem algum sentimento de gratidão a essas pessoas a ponto de fazer uma sindicância dirigida aos interesses dessas pessoas? d) É verdade que como prêmio pela sua “lealdade” recebeu a chefia da unidade GISE em Curitiba?

Sobre seu relacionamento com o delegado Mario Fanton: a) Conhece o DPF Mário Fanton? b) Qual sua relação com o DPF Mário Fanton?

Sobre a sindicância 04/2014 : a) no seu relatório de sindicância, existem duas aparentes conclusões sobre o equipamento apreendido sobre a cela utilizada por Alberto Youssef, uma de que foi instalado há muito tempo, conforme versão do APF ROMILDO, e outra que seria decorrente da medida judicial proferida nos autos 2008.70.00.006344-4. Afinal, qual das versões é a correta, no seu entendimento? b) É verdade que quando o equipamento de escuta ambiental foi descoberto, o DPF MÁRCIO ficou desesperado, jogando-se no chão e começando a chorar?

Sobre o chamado Organograma polêmico*: a) Tem conhecimento de algum croqui desenhado pelo DPF IGOR que descrevia uma possível organização criminosa chefiada pelo DPF IEGAS? b) Em que consistia essa ORCRIM?

Sobre outras escutas ambientais**: a) Tem conhecimento da colocação de escutas ambientais na sala da DPF CASSANDRA e do DPF ROSALVO, por conta da presença do DPF IEGAS, possivelmente ocorrida no dia 10/04/15?

Sobre uma estagiária que ele manteve no GISE após terminar o convênio do estágio: a) Teve alguma estagiária chamada MARCELA? b) Em caso positivo, esclarecer o período em que a estagiária atuou junto com o DPF Moscardi. c) Por que MARCELA saiu da PF (esclarecer se foi demitida e os motivos). d) Além da ajuda de custo recebida pela estagiária MARCELA, paga de forma regular, o DPF MOSCARDI, segundo informações, utilizaria recursos provenientes de suprimento de fundos de caráter sigiloso (conhecido como VS) para lhe pagar a quantia de R$ 1.000,00. e) Confirma essa versão?

Sobre a reforma do GISE: a) Desde quando é chefe do GISE/PR? b) Confirma a realização de reformas nessa unidade, principalmente a construção de uma luxuosa “cozinha gourmet” nesse ambiente? c) Quanto foi gasto nessa reforma e qual a origem dos recursos?

O Blog até hoje não conseguiu confirmar se estas questões foram realmente feitas ao DPF Moscardi, mas a existência delas – que nos foi entregue por fonte fidedigna – mostra que o delegado estava sob investigação. Se este procedimento prosseguiu ou foi arquivado não nos foi informado. Aliás, o DPF e a superintendência do Paraná continuam sem responder nossos questionamentos. Quem sabe o novo ministro mande a Polícia Federal esclarecer todas as dúvidas que persistem há meses?

O fato é que, para muitos policiais federais do Paraná, a indicação de Moscardi como coordenador da Força Tarefa da Lava Jato, apesar de ser para cuidar da parte administrativa, foi a maneira como cúpula da superintendência encontrou para protege-lo. Consideram difícil que a direção do DPF, o ministro ou outra autoridade determine seu afastamento estando ligado à Operação. Contam, para isto, com o apoio da chamada mídia tradicional e da opinião pública, que desconhece as possíveis irregularidades praticadas por ele. Se o escudo de proteção vai realmente protegê-lo, só o tempo dirá.

* Veja matéria – Lava Jato: o polêmico organograma, de 18 de outubro;

**Veja matéria – Lava Jato: surgem mais grampos na PF-PR. “Grampolândia”?, de 18 de outubro;

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Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

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