PENDÊNCIAS RN-Lula e Moro – os comandantes reavaliando suas estratégias
Sergio Moro não seria o primeiro general a perder uma guerra por um erro estratégico, por afoiteza, por desprezar a força do inimigo, por tentar humilhá-lo mais do que derrotá-lo.
Sergio Moro não seria o primeiro comandante em chefe a perder uma guerra por ouvir o general errado ou desprezar a estratégia do general certo.
Na verdade, Sergio Moro ainda não perdeu guerra alguma. Mas a batalha de 04 de março de 2016 está perdida. Há em relação a isso até uma nota de reconhecimento.
É momento de analisar os erros e rever as estratégias e os estrategistas.
A Operação Alethea nasce de um pedido do Ministério Público Federal assinado pelo procurador Deltan Dallagnol. Nele se encontrava uma estratégia de guerra meticulosa e sofisticada.
Uma ação de busca e apreensão na residência de Lula e em outros endereços vinculados a ele. De familiares, da esposa e de um filho, inclusive.
Constrangimento de aliados. Clara Ant sofrendo mandato de busca e apreensão.
E a prisão temporária de Paulo Tarciso Okamotto, Jose de Filippi Junior e Paulo Roberto Valente Gordilho.
Contudo, Dallagnol não pede a condução sob vara do ex-presidente Lula.
A estratégia da busca e apreensão na casa de Lula era óbvia. Criar comoção pública – Operação Quimera.
Mas a estratégia sofisticada era a das prisões. Teria o efeito de acertar um torpedo na casa de máquinas do navio capitania. No caso, o Instituto Lula.
Okamotto é amigo de longa data de Lula e presidente do Instituro Lula, Filippi Jr. é ex-presidente do Instituto Lula e ex-tesoureiro da campanha de reeleição de Lula em 2006.
Quanto a Paulo Roberto Valente Gordilho, talvez estivesse entrando de gaiato nesse navio. Diretor da OAS, seria o responsável pelo projeto da cozinha do triplex do Guarujá. Muito pouco, ou quase nada. Mas, sem dúvida útil para jogar uma cortina de fumaça sobre as prisões de Okamotto e Filippi.
Há muito o Instituto Lula é o que foram no passado o PT e a CUT. Bastião e cidadela do lulismo. É o Instituto Lula que assumiu o combate às investidas da Lava Jato.
Prisão temporária na vara do juiz Moro é eufemismo para prisão preventiva e essa sinônimo de prisão perpétua ou até que, se não a morte, uma delação premiada a encerre.
Com o Instituto Lula neutralizado, Lula se tornaria um alvo fixo.
Uma estratégia brilhante que Moro não acatou.
Moro não só não autorizou a prisão de Okamotto e Filippi, como “mandou prender o Lula” e leva-lo para Congonhas de onde a qualquer momento poderia ser enviado para Curitiba. Isso sem esquecer-se de antes avisar a mídia – seu batalhão de propaganda e contra-informação.
Erro primário, tratava-se de uma encenação.
A prisão de Lula teria de ser efetiva. O comandante inimigo deve ser eliminado em uma ação fulminante que desnorteie suas tropas. A falta de comando central retardará qualquer reação das forças contrárias ao ponto de ela se tornar inútil quando e se alcançada nova liderança.
Se Moro ainda não reunia poder para tanto, nem deveria ser tentada uma demonstração de força que levasse o inimigo a uma reação desesperada.
O dia começou com Lula preso e terminou com Lula livre e exortando a militância. O general ferido em batalha incentivando as tropas a continuar na luta.
A quem Moro ouviu para tomar a decisão que tomou ninguém saberá. O que sabemos é que Moro, diante da estratégia vencedora, ouviu o general errado. Desperdiçou em uma batalha de efeito simbólico uma estratégia de guerra construída ao longo de muitos meses.
Lembremos que a Lava Jato já havia cometido outro erro quando, sem verificar todas as informações, investiu contra a Mossak-Fonseca julgando que capturaria Lula no Guarujá e acabou por apanhar o Jornalista Doutor Roberto Marino em Paraty. O general à frente dessa campanha não seria o mesmo que solicitou “em separado” a condução coercitiva de Lula?
Do lado do petismo e do lulismo também cabem análises. A “delenda Lula” não será interrompida, mas a estratégia será outra.
Lula é rápido, falou em percorrer o Brasil para denunciar o “espetáculo de pirotecnia”. Sabe que só tem o povo. Mas que povo é esse?
A militância esteve nas ruas, mas não era o povo. Era a militância.
Trinta e cinco anos atrás havia 150 mil trabalhadores no Vila Euclides e as fábricas paradas. No dia 04 de março de 2016 a militância esteve nas ruas, mas não era o povo. Era a militância.
PS: a Oficina de Concertos Gerais e Poesia apoia o Movimento Golpe Nunca Mais.
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