RIO DE JANEIRO-RJ-BRASIL-“Não luto por vaidade, luto porque eu amo”, diz Vitor Belfort
08/11/2015 – 18h37 – Atualizado em 08/11/2015 – 19h28 – POR VICTOR MORAES
“Não luto por vaidade, luto porque eu amo”, diz Vitor Belfort
Lutador afirma não pensar em aposentadoria e aproveita o sucesso no octógono para turbinar os negócios
Um lutador explosivo, um homem de negócios e um pai de família. Aos 38 anos, Vitor Belfort se diz, acima de tudo, um homem feliz. Já com seu nome escrito na história do MMA, ele segue em atividade no octógno do UFC e na madrugada deste domingo – já eram passadas as 4h da manhã – ele somou sua 25 vitória em 36 lutas na carreira ao bater Dan Henderson, por nocaute, ainda no primeiro round da luta disputada em São Paulo.
E poucas horas depois de deixar o Ginásio do Ibirapuera aclamado pelo público, ele conversou, com exclusividade, com a reportagem da GQ e falou um pouco sobre o segredo do seu sucesso e longevidade. “Eu não luto por vaidade, eu não luto porque tenho algo a provar para alguém. Eu luto porque eu amo”.
Aos 38 anos e há duas décadas no MMA, como você faz para manter o vigor?
Eu uso tudo o que é tecnologia. A primeira tecnologia que tem é a tecnologia orgânica. Chama-se força de vontade. Se você não tiver esta força de vontade, não existe milagre. Quando Deus fez Adão, ele tinha um dever. Mas Adão não conseguiu cumprir o seu dever. O ser humano é igual. Para um atleta, para um empresário, um empreendedor, quando ele desobedece, vem a consequência. No caso de Adão, que é só uma metáfora, é o pecado. O que é o pecado do atleta? É não querer acordar cedo. É não querer abrir mão de uma comida. Não abrir mão de amizades. Antes dessa minha luta, dia 31 de outubro foi aniversário da minha filha de oito anos. E a minha família é a coisa mais importante pra mim. A gente não conseguiu fazer a festa que ela queria. Por isso estou voltando terça-feira (Vítor mora nos Estados Unidos, com a mulher e os três filhos) porque eu prometi que ia trazer a vitória para ela e a gente ia fazer a festa que ela queria. Na vida, o sacrifício do atleta não é só ele, é a família. Mas para isso você tem que ter uma família unida. Então para mim o grande segredo do sucesso, da consistência, é saber que sem sacrifícios não há agora.
A cada luta você costuma apresentar um corte de cabelo diferente, ousado. É você mesmo quem escolhe ou você tem alguém que te ajuda a cuidar do visual?
Geralmente é a Joana, o Davi e o meu barbeiro. Eu chego lá nele, sentou e falo “E aí, o que vai ser agora”. Eu falo “vamos fazer uma linha aqui?”. Ele diz “vamos!”. É uma coisa muito inspirada.
Você se considera um homem vaidoso?
Com certeza. Eu tenho a minha vaidade. Ainda mais com uma mulher linda, maravilhosa como a minha e os meus filhos… A gente passa creme, a Joana (Prado, esposa de Vítor) me leva aos médico, diz “passa esse creme, você esqueceu”, “passa protetor solar”. Acho que a vaidade é uma coisa natural, é benéfica. Mas como tudo na vida, se você for para o extremo, não é bom. Então, o equilíbrio é o segredo.
O que te motiva a seguir lutando?
Estava conversando sobre isso ontem. Motivação, quando é externa, ela é passageira. Ela não é real. A motivação interna é a motivação que te leva para um lugar que ninguém consegue tirar. Por exemplo, um soldado que vai para uma guerra… a Joana faz muito essa comparação. A mulher de um lutador sofre, mas e a mulher de um soldado que vai para a guerra? Como será que deve ser? A gente estava lendo um livro e a mulher deste soldado teve que virar algo como se fosse um comandante. E quando ele ligava para ela para chorar as pitangas, ela falava “you can not fear dying” (“você não pode ter medo da morte”), porque se você tiver medo da morte, você não volta para mim. Então minha motivação é interna, é minha família, é meus filhos. É uma coisa interna que atinge as pessoas. Se torna um ciclo.
Você pensa em aposentadoria? O que você gostaria de fazer antes de parar?
Tem tanta coisa que quero fazer. O principal é poder levar, através daquilo que eu faço, esperança para as pessoas. A maioria das pessoas acha que 40 anos é velho. Quem disse que 40 anos é velho? A ciência está cada vez mais avançando. O avô da minha esposa tem 100 anos de idade, e o cara pega ônibus, come feijoada, tem uma vida que a maioria das pessoas não tem nessa idade. Porque as pessoas acham que com 60 anos chegou à velhice. E quem disse que 60 anos é velhice? A gente tem que quebrar os paradigmas da sociedade. Hoje em dia as pessoas são muito limitadas ao que os outros pensam. E quem disse que eu estou velho? Eu não me sinto velho. Então, na realidade, é um estilo de vida, o que você escolhe, você é. Pensar alto e pensar baixo dá o mesmo trabalho. Então porque escolher pensar baixo?
Até quando você quer lutar?
Eu deixo Deus agir. Eu não luto por vaidade, eu não luto porque tenho algo a provar para alguém. Eu luto porque eu amo. E acho que é isso que fazem as pessoas ficarem até 4h da manhã assistindo a uma luta. Se eu consigo atingir essa família, para mim isso não tem preço. Isso não é o Vitor lutador, é o Vitor pessoa. Eu luto porque eu amo e acho que isso contagia as pessoas, faz elas quererem estar junto comigo. Para mim é uma alegria imensurável.
O que mudou do Vitor de 1997, campeão mais jovem da história do UFC até hoje, com 19 anos, para o Vitor de agora, um veterano e lenda do MMA?
Se olhasse para trás e não mudasse nada eu diria “me leva Jesus”. Teria perdido meu tempo vivendo. Quando você olha para trás e vê que não evoluiu nada, é uma perda de tempo você viver. E hoje eu vejo o mundo assim. As pessoas olham para trás e falam “ah, como era bom naquela época”. Não, é “como eu estou bom hoje!”. Você tem que olhar para trás e pensar “nossa, como foi boa a minha vida, como eu aproveitei, como eu amadureci e cresci”. Acho que hoje as pessoas falam muito do passado. Para mim o passado é um cheque cancelado. Eu recebi um cheque de R$ 1 milhão. Que legal, mas cadê? Eu já usei. E o futuro é um cheque pré-datado. E o hoje é o dinheiro na mão, o dinheiro vivo. Você tem que viver hoje, é o seguinte: eu tenho uma esperança no futuro, mas a minha fé é que vai fazer eu chegar na minha esperança. Eu sou um cara que, quando olho para trás, eu penso como eu mudei. E se eu não tivesse mudado, acho que a Joana já tinha me dado um arm lock em casa (risos).
Ao lado da sua esposa você abriu recentemente uma academia. Como é o Vitor empresário? Como você concilia a rotina de lutador profissional com os negócios?
O segredo do bom empreendedor é ter uma equipe melhor que ele. Esse é o segredo do Ryan Buffer, esse é o segredo o Jorge Paulo Lemman, esse é o segredo de todo banqueiro bem sucedido. É quando o time dele é melhor do que ele. E eu tenho um time melhor do que eu. Então eu sou grato. Eu tenho um time que começa pela Joana, temos o Gustavo, o Pedro, a OTB, o pessoal da Nine, uma equipe tremenda de caras excelentes. O cara bem sucedido sabe dividir e ganhar mais.
E como é o Vitor com a família? O lado pai?
Acho que o grande segredo do homem é ele ter a coluna. O homem é a cabeça, mas a cabeça sem a coluna não presta para nada. Então Deus me deu a coluna, uma mulher maravilhosa e nossos filhos que são consequências do nosso amor. Então lá em casa a prioridade do Vitor é a Joana e a prioridade da Joana é o Vitor. Consequentemente os nossos filhos tem os melhores pais que eles poderiam ter.
08/11/2015 – 18h37 – Atualizado em 08/11/2015 – 19h28 – POR VICTOR MORAES
“Não luto por vaidade, luto porque eu amo”, diz Vitor Belfort
Lutador afirma não pensar em aposentadoria e aproveita o sucesso no octógono para turbinar os negócios
Um lutador explosivo, um homem de negócios e um pai de família. Aos 38 anos, Vitor Belfort se diz, acima de tudo, um homem feliz. Já com seu nome escrito na história do MMA, ele segue em atividade no octógno do UFC e na madrugada deste domingo – já eram passadas as 4h da manhã – ele somou sua 25 vitória em 36 lutas na carreira ao bater Dan Henderson, por nocaute, ainda no primeiro round da luta disputada em São Paulo.
E poucas horas depois de deixar o Ginásio do Ibirapuera aclamado pelo público, ele conversou, com exclusividade, com a reportagem da GQ e falou um pouco sobre o segredo do seu sucesso e longevidade. “Eu não luto por vaidade, eu não luto porque tenho algo a provar para alguém. Eu luto porque eu amo”.
Aos 38 anos e há duas décadas no MMA, como você faz para manter o vigor?
Eu uso tudo o que é tecnologia. A primeira tecnologia que tem é a tecnologia orgânica. Chama-se força de vontade. Se você não tiver esta força de vontade, não existe milagre. Quando Deus fez Adão, ele tinha um dever. Mas Adão não conseguiu cumprir o seu dever. O ser humano é igual. Para um atleta, para um empresário, um empreendedor, quando ele desobedece, vem a consequência. No caso de Adão, que é só uma metáfora, é o pecado. O que é o pecado do atleta? É não querer acordar cedo. É não querer abrir mão de uma comida. Não abrir mão de amizades. Antes dessa minha luta, dia 31 de outubro foi aniversário da minha filha de oito anos. E a minha família é a coisa mais importante pra mim. A gente não conseguiu fazer a festa que ela queria. Por isso estou voltando terça-feira (Vítor mora nos Estados Unidos, com a mulher e os três filhos) porque eu prometi que ia trazer a vitória para ela e a gente ia fazer a festa que ela queria. Na vida, o sacrifício do atleta não é só ele, é a família. Mas para isso você tem que ter uma família unida. Então para mim o grande segredo do sucesso, da consistência, é saber que sem sacrifícios não há agora.
A cada luta você costuma apresentar um corte de cabelo diferente, ousado. É você mesmo quem escolhe ou você tem alguém que te ajuda a cuidar do visual?
Geralmente é a Joana, o Davi e o meu barbeiro. Eu chego lá nele, sentou e falo “E aí, o que vai ser agora”. Eu falo “vamos fazer uma linha aqui?”. Ele diz “vamos!”. É uma coisa muito inspirada.
Você se considera um homem vaidoso?
Com certeza. Eu tenho a minha vaidade. Ainda mais com uma mulher linda, maravilhosa como a minha e os meus filhos… A gente passa creme, a Joana (Prado, esposa de Vítor) me leva aos médico, diz “passa esse creme, você esqueceu”, “passa protetor solar”. Acho que a vaidade é uma coisa natural, é benéfica. Mas como tudo na vida, se você for para o extremo, não é bom. Então, o equilíbrio é o segredo.
O que te motiva a seguir lutando?
Estava conversando sobre isso ontem. Motivação, quando é externa, ela é passageira. Ela não é real. A motivação interna é a motivação que te leva para um lugar que ninguém consegue tirar. Por exemplo, um soldado que vai para uma guerra… a Joana faz muito essa comparação. A mulher de um lutador sofre, mas e a mulher de um soldado que vai para a guerra? Como será que deve ser? A gente estava lendo um livro e a mulher deste soldado teve que virar algo como se fosse um comandante. E quando ele ligava para ela para chorar as pitangas, ela falava “you can not fear dying” (“você não pode ter medo da morte”), porque se você tiver medo da morte, você não volta para mim. Então minha motivação é interna, é minha família, é meus filhos. É uma coisa interna que atinge as pessoas. Se torna um ciclo.
Você pensa em aposentadoria? O que você gostaria de fazer antes de parar?
Tem tanta coisa que quero fazer. O principal é poder levar, através daquilo que eu faço, esperança para as pessoas. A maioria das pessoas acha que 40 anos é velho. Quem disse que 40 anos é velho? A ciência está cada vez mais avançando. O avô da minha esposa tem 100 anos de idade, e o cara pega ônibus, come feijoada, tem uma vida que a maioria das pessoas não tem nessa idade. Porque as pessoas acham que com 60 anos chegou à velhice. E quem disse que 60 anos é velhice? A gente tem que quebrar os paradigmas da sociedade. Hoje em dia as pessoas são muito limitadas ao que os outros pensam. E quem disse que eu estou velho? Eu não me sinto velho. Então, na realidade, é um estilo de vida, o que você escolhe, você é. Pensar alto e pensar baixo dá o mesmo trabalho. Então porque escolher pensar baixo?
Até quando você quer lutar?
Eu deixo Deus agir. Eu não luto por vaidade, eu não luto porque tenho algo a provar para alguém. Eu luto porque eu amo. E acho que é isso que fazem as pessoas ficarem até 4h da manhã assistindo a uma luta. Se eu consigo atingir essa família, para mim isso não tem preço. Isso não é o Vitor lutador, é o Vitor pessoa. Eu luto porque eu amo e acho que isso contagia as pessoas, faz elas quererem estar junto comigo. Para mim é uma alegria imensurável.
O que mudou do Vitor de 1997, campeão mais jovem da história do UFC até hoje, com 19 anos, para o Vitor de agora, um veterano e lenda do MMA?
Se olhasse para trás e não mudasse nada eu diria “me leva Jesus”. Teria perdido meu tempo vivendo. Quando você olha para trás e vê que não evoluiu nada, é uma perda de tempo você viver. E hoje eu vejo o mundo assim. As pessoas olham para trás e falam “ah, como era bom naquela época”. Não, é “como eu estou bom hoje!”. Você tem que olhar para trás e pensar “nossa, como foi boa a minha vida, como eu aproveitei, como eu amadureci e cresci”. Acho que hoje as pessoas falam muito do passado. Para mim o passado é um cheque cancelado. Eu recebi um cheque de R$ 1 milhão. Que legal, mas cadê? Eu já usei. E o futuro é um cheque pré-datado. E o hoje é o dinheiro na mão, o dinheiro vivo. Você tem que viver hoje, é o seguinte: eu tenho uma esperança no futuro, mas a minha fé é que vai fazer eu chegar na minha esperança. Eu sou um cara que, quando olho para trás, eu penso como eu mudei. E se eu não tivesse mudado, acho que a Joana já tinha me dado um arm lock em casa (risos).
Ao lado da sua esposa você abriu recentemente uma academia. Como é o Vitor empresário? Como você concilia a rotina de lutador profissional com os negócios?
O segredo do bom empreendedor é ter uma equipe melhor que ele. Esse é o segredo do Ryan Buffer, esse é o segredo o Jorge Paulo Lemman, esse é o segredo de todo banqueiro bem sucedido. É quando o time dele é melhor do que ele. E eu tenho um time melhor do que eu. Então eu sou grato. Eu tenho um time que começa pela Joana, temos o Gustavo, o Pedro, a OTB, o pessoal da Nine, uma equipe tremenda de caras excelentes. O cara bem sucedido sabe dividir e ganhar mais.
E como é o Vitor com a família? O lado pai?
Acho que o grande segredo do homem é ele ter a coluna. O homem é a cabeça, mas a cabeça sem a coluna não presta para nada. Então Deus me deu a coluna, uma mulher maravilhosa e nossos filhos que são consequências do nosso amor. Então lá em casa a prioridade do Vitor é a Joana e a prioridade da Joana é o Vitor. Consequentemente os nossos filhos tem os melhores pais que eles poderiam ter.
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