Engenheiros são responsabilizados por queda de muro que matou sete


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A Polícia Civil de Sorocaba (SP) apontou três engenheiros como os responsáveis pela queda do muro da antiga fábrica Cianê, que matou sete pessoas em dezembro de 2012. Em entrevista ao G1 na manhã desta quinta-feira (5), a delegada responsável pelo caso, Daniella Lara de Góes afirmou que o incidente deveria ter sido previsto pelos profissionais. Os três engenheiros eram responsáveis pela obra do Pátio Cianê Shopping, erguido no terreno da antiga fábrica têxtil.

Dois anos e meio após o início das investigações, o segundo laudo pericial emitido pelo Instituto de Criminalística avaliou com mais detalhes as razões do desmoronamento, apontando a responsabilidade de cada um dos engenheiros. “O importante foi não considerar apenas o fato, mas sim o que deveria ser feito para que isso não ocorresse ou para que acontecesse de forma mínima, sem riscos”, ressalta a delegada.

 

Queda de muro em Sorocaba matou sete pessoas (Foto: Assis Cavalcante/Agência Bom Dia)Queda de muro em Sorocaba matou sete pessoas
(Foto: Assis Cavalcante/Agência Bom Dia)

 

O primeiro laudo, emitido em abril de 2013, afirmava que o acidente foi causado por uma série de fatores: clima, vibração da obra, retirada do telhado e a idade da estrutura. Os dois últimos levaram ao pedido do segundo laudo técnico, que fundamentou a decisão da delegada. “Os engenheiros deveriam ter feito um estudo de estabilidade para ter a certeza de que a estrutura suportaria as situações adversas, afinal, as paredes foram construídas com uma técnica usada há mais de 100 anos”, destaca Daniela.

 

Nas provas apresentadas, os engenheiros não chegaram a verificar nem se a estrutura possuía rachaduras ou infiltrações. “Foi caracterizado a falta de cuidado necessário, que configura o crime culposo”, diz. A delegada recorda ainda de um vídeo que circulou na internet, no qual um homem fala dos perigos de se fazer uma obra no prédio da antiga fábrica de tecidos Cianê. “Se um leigo vislumbrou a hipótese da queda, um profissional também teria que avaliar tal possibilidade”, explica a delegada.

 

Delegada explica que inquérito está perto de chegar ao fim (Foto: Jéssica Pimentel / G1)Delegada explica que inquérito está perto de chega
r ao fim (Foto: Jéssica Pimentel / G1)

 

Próximos passos
O inquérito, que possui 11 volumes e 2.043 páginas, não chegou ao fim. No início da próxima semana os engenheiros serão indiciados formalmente pelas sete mortes e deverão prestar um novo depoimento, passando da condição de averiguados para indiciados, ou seja, com a responsabilidade criminal. Depois disso, a investigação será concluída.

 

Após os últimos depoimentos, a delegada irá relatar o inquérito à Justiça. Os acusados aguardarão o julgamento em liberdade. A pena por homicídio culposo pode variar de um a três anos de prisão por cada morte. Porém, o Código Penal Brasileiro prevê o agravamento da pena nos casos da morte de pessoas menores de 14 anos ou maiores de 65.

Entenda o caso
Uma parede com mais de 10 metros de altura desabou sobre a rua Comendador Oeterer no início da noite de 20 de dezembro de 2012, na região central de Sorocaba. Sete pessoas que passavam pelo local na hora do desabamento morreram, em uma das maiores tragédias da história da cidade.

 

Morreram o taxista Humberto Dias Ferreira, 53 anos; a assistente administrativa Samantha Bianca da Conceição, 24; o vigilante Rayner Alves, 28; a também auxiliar administrativa Nhayara Pamela Airola, 25; o estudante Tiago Alves Siqueira, 5; a dona de casa Evelin Cristina Siqueira, 30 e o médico Adilson Nunes Filho, 35.

 

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Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

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