Famílias unidas furtam lojas e levam até bebês para despistar vendedores
Edição do dia 01/06/2014
01/06/2014 20h49 – Atualizado em 01/06/2014 21h08
Famílias unidas furtam lojas e levam até bebês para despistar vendedores
Câmeras de segurança espalhadas por todo canto registram delitos de famílias que furtam em série. Levam filhos, avós e netos para distrair lojistas.
Nada escapa as lentes das câmeras de segurança, que estão espalhadas por todo o canto.
Em uma loja de roupas infantis, um casal está junto. O homem esconde as peças no fundo falso da caixa.
Em uma loja de eletrônicos, um rapaz pega um computador, coloca embaixo da blusa e sai.
Em um estúdio fotográfico, uma mulher esconde, dentro do capacete, o celular que um funcionário tinha deixado sobre a mesa.
Todos esses furtos são de maio deste ano.
“Em nenhum momento, eles se sentiram intimidado pela câmera. Eles agiram com maior naturalidade, como se eles tivessem pegando uma fruta no pé do vizinho”, avalia o vendedor Brucy Fraga Leonardo.
Família furta em 11 minutos quase R$ 15 mil em ótica no Paraná
Os bandidos levam até bebês para despistar. Aparecem com os filhos. Chegam em família. A avó, os dois filhos dela e os três netos estão juntos. A família furtou uma ótica em Cascavel, no Paraná. Do lado de fora da loja, tem uma câmera, que está posicionada na rua. E dentro, outra câmera tem uma visão geral da loja. E no fundo da ótica, outras duas câmeras. A loja está bem monitorada. As câmeras foram instaladas para proteger, para tentar evitar a ação de ladrões, mas elas acabaram registrando a ação, o furto, dessas seis pessoas.
A funcionária trabalhava sozinha naquele dia, 16 de maio. A loja estava quase fechando quando o grupo entrou. Os três netos são menores de idade. Por isso, eles não serão identificados.
Enquanto a avó, de 62 anos, é atendida pela vendedora, os outros se espalham pela loja. Eles começam a experimentar os óculos. Um jovem pega os óculos da mesa, coloca na manga da blusa e depois passa para o bolso. O pai também esconde um no casaco. Atrás da vendedora, outro rapaz experimenta um modelo, mostra para o pai e coloca na bolsa. E assim eles vão pegando vários outros.
Depois de 11 minutos, deixam a loja. A vendedora, que já estava desconfiada, começou a contar os óculos. “Na hora que eles saíram senti falta de três óculos”, conta Rafaela Franco dos Santos, vendedora.
Depois, percebeu que era bem mais: “Foram 39 peças roubadas, aproximadamente R$ 15 mil”, revela Brucy.
“Você acha que é uma família comum, como você atende diariamente, que vem comprar óculos, quer ajudar, escolher, e não que alguém vai te usar para o restante roubar”, diz a vendedora.
Quatro mulheres levam 35 peças de roupa e tablet no Maranhão
Em São Luís do Maranhão, quatro mulheres apareceram na loja de roupas com um bebê no dia 18 de março. Só uma vendedora atendia todo mundo. Uma das mulheres esconde várias peças de roupa embaixo da arara de vestidos. Quando as outras três atraem a atenção da funcionária, ela aproveita e leva tudo para o provador. A cena se repete várias vezes.
A vendedora chega a ficar bem perto. Mas isso não inibe a mulher de pegar outras roupas e esconder na poltrona. A mesma mulher também vai até o caixa, abre e fecha as gavetas, até que encontra um tablete e leva. Do provador, ela mostra o aparelho para as companheiras.
Segundo a dona do comércio, elas saíram levando 35 peças de roupa e o tablet. Um prejuízo de R$ 4 mil.
Mãe e filha desfalcam quase R$ 6 mil em loja no Rio Grande do Sul
Em Santa Maria, Rio Grande do Sul, o desfalque foi maior: quase R$ 6 mil. Em 10 de maio, mãe e filha estavam juntas na loja de roupas e calçados. A filha experimentava várias botas, enquanto a mãe andava pela loja com uma bolsa grande. Ela para em uma bancada cheia de roupas, pega uma peça preta e coloca na bolsa. Abre uma calça, olha, e faz a mesma coisa.
Dois minutos depois, mexe nas sacolas e na bolsa de uma cliente. Tira uma carteira de dentro e colocar na bolsa dela também.
Especialista em segurança dá dicas para evitar essas situações
Mostramos as imagens dos furtos para o especialista em segurança Luiz Sambugaro para saber como evitar essas situações. “O expositor está exatamente na entrada da loja. Não tem nenhuma proteção, não tem nada. O caixa não tem ninguém. Caixa é um lugar que sempre tem que ter uma pessoa para tomar conta”, ele alerta.
Antes de furtar, a pessoa dá alguns indícios. É preciso observar o comportamento dessa pessoa.
“Procurando ver se tem câmeras, se tem gente olhando. Normalmente, eles entram em duplas, um distrai, mas na realidade quem vai furtar é o outro”, alerta Luiz Sambugaro, diretor de comunicação empresa de segurança.
Funcionária acompanha imagens de 16 câmeras
Por isso, ele diz que é bom ter sempre alguém olhando as imagens.
Em uma loja que tem 16 câmeras espalhadas, sempre tem uma funcionária acompanhando todas as imagens de olho, principalmente, nas atitudes suspeitas. “O tempo inteiro. Imagina que uma pessoa está com uma atitude suspeita, então eu vou aproximar, dar um zoom, e já vou passar para o meu colega que eu tenho uma pessoa suspeita ali fazendo alguma coisa”, explica Clarissa Castro, monitora de loja.
“Em 90% dos casos, essas pessoas acabam desistindo de realizar o furto. Quando nós temos certeza de que a pessoa realmente furtou a peça, nós esperamos a pessoa sair da loja e a polícia acaba fazendo o flagrante na área externa das nossas lojas”, afirma o diretor de lojas Nilson Nunes.
Polícia encontra sete óculos levados da loja no Paraná
No caso da ótica em cascavel, a filmagem mostrou toda a ação da família. Três dias depois, a polícia encontrou sete óculos levados da loja na casa da avó. Os adultos negaram o furto. Apenas dois adolescentes assumiram. Ninguém foi preso porque não houve flagrante. Eles vão responder em liberdade.
“Responsabilizados, eles efetivamente serão. Agora o fato de eles não serem presos gera, sim, uma sensação de impunidade”, avalia o delegado Edgar Dias Santana.
Filha nega e Mãe confessa furto no Rio Grande do Sul
Em Santa Maria, a mãe confessou o furto, as mercadorias foram recuperadas. A filha negou participação. Não houve nenhuma prisão por enquanto. No Maranhão, as mulheres sequer foram identificadas.
Especialista em Direito Penal afirma que quase ninguém vai para cadeia
A pena para furto pode chegar a oito anos de reclusão. Segundo Jair Jaloreto, especialista em Direito Penal, quase ninguém vai para cadeia: Em média, 90% das pessoas pegas em flagrante furtando pagam fiança e voltam para sua residência respondendo ao processo em liberdade. E quando condenados, prestam serviços à comunidade e dificilmente ficam presas”.
A ótica, colocou recado para os clientes e contratou mais uma vendedora. Mas os funcionários acham que só isso não resolve o problema. “Tem que haver uma punição para que eles não voltem a cometer outros tipos de delitos desses. A gente perde o chão. Não pode confiar nem em uma senhora, em uma avó, quem dirá ali de qualquer outra pessoa”, diz Brucy.
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