Assú RN; Senado apressa proposta que modifica pré-sal e tumulto, agressões e prisões tomam conta da casa
Em votação marcada por traição em massa dos seus aliados, Dilma Rousseff sofreu uma derrota na noite passada no Senado. Por 42 votos a 17, os senadores aprovaram um pedido de tramitação urgente para um projeto de lei do tucano José Serra. Prevê mudanças no modelo de exploração do pré-sal. Com essa decisão, a proposta terá um rito abreviado. Em vez de passar por três comissões, será apreciada diretamente no plenário. Haverá uma sessão para debates dentro de 13 dias, em 30 de junho. E o texto já estará pronto para ser votado.
Hoje, vigora na extração do óleo do pré-sal a legislação aprovada no Congresso em 2010, ainda sob Lula. Nesse modelo, a Petrobras é a operadora única do pré-sal. Na licitação de cada jazida, a participação da estatal no consórcio vencedor tem que ser de no mínimo 30%, cabendo-lhe o comando da exploração. Pela proposta de Serra, os 30% e a primazia atribuída à Petrobras na operação passam a ser opcionais, não obrigatórios.
“Nós estamos aliviando a Petrobras ao retirar a obrigação”, discursou Serra. “Ela não está proibida de operar determinada área, nem de entrar com 30%. Nós estamos retirando a obrigatoriedade. Isso alivia a empresa, permite acelerar, se for o caso, a exploração do pré-sal, porque o governo vai segurar, já que a Petrobras não tem condições.”
O modelo que Serra quer modificar é considerado imutável por Dilma. O Planalto sinalizou para os aliados o desejo de desligar o projeto de Serra da tomada. Mas a recomendação foi solenemente ignorado. Afora o PT, todos os partidos orientaram seus senadores a votar a favor do requerimento de urgência. No PMDB, por exemplo, apenas dois senadores votaram contra o ritmo de toque de caixa: o paranaense Roberto Requião e o maranhense João Alberto de Souza, do grupo de José Sarney. (veja aqui a íntegra da lista de votação).
Até mesmo no PT, cuja liderança orientara o voto “não”, houve três defecções. Disseram “sim” à tramitação urgente do projeto de Serra os senadores petistas Walter Pinheiro (BA), José Pimentel (CE) e Delcídio Amaral. Pinheiro já foi líder da bancada do PT. Pimentel e Delcício são líderes do governo no Congresso e no Senado, respectivamente.
Em todas as manifestações públicas que faz sobre o pré-sal, Dilma diz que não cogita alterar o modelo do pré-sal, batizado de partilha. A facilidade com que foi aprovado o rito urgente funciona como um aviso: se quiser evitar que o placar adverso se repita no dia em que for votado o mérito do projeto, o Planalto terá de reanimar sua infataria.
PROTESTO
Um protesto de sindicalistas no plenário do Senado contra projeto do senador José Serra (PSDB-SP) que altera o modelo de exploração de partilha do pré-sal terminou em tumulto, troca de agressões e prisões nesta terça-feira (17) no Congresso.
Oito membros do Sindicato de Petróleo de São Paulo foram retirados à força do plenário por seguranças do Senado, a pedido do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Os policiais teriam usado uma arma de eletrochoque contra um dos sindicalistas ao esvaziarem o plenário, segundo relatos dos manifestantes. Outros foram imobilizados, atingidos por cassetetes, e detidos pela Polícia Legislativa -levados em um camburão até a delegacia do Senado.
A confusão começou quando os sindicalistas dispararam gritos, no plenário, contra a aprovação do projeto. Renan pediu para se manterem em silêncio, como previsto pelas regras do Senado para quem acompanha as sessões nas galerias. Os sindicalistas mantiveram os gritos, o que fez Renan determinar à segurança para evacuar as galerias.
“Os senhores são muito bem recebidos, mas se permanecerem em silêncio.
Se continuarem a fazer o que fizeram, vamos evacuar as galerias”, disse Renan. Segundos depois, o presidente do Senado sentenciou: “Peço à Polícia do Senado que evacue as galerias”.
Os sindicalistas gritavam frases como “Democracia em defesa da Petrobras” e “Isso é muito importante para os brasileiros”. Segundo relatos de senadores, alguns xingaram e fizeram gestos obscenos em direção aos congressistas, o que teria motivado Renan a pedir o esvaziamento das galerias.
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