‘Me sinto culpada’, diz mãe de jovem achada morta com o padrasto em GO
A empregada doméstica Sandra Rodrigues da Silva se sente culpada pela morte da filha, a estudante de enfermagem Loanne Rodrigues da Silva Costa, de 19 anos, que foi encontrada morta amarrada ao padrasto, o garimpeiro Joaquim Lourenço da Luz, de 47 anos, há cinco meses, em Pirenópolis . Apesar de o inquérito policial não ter sido concluído, o laudo cadavérico comprovou que causa da morte da estudante foi uma explosão provocada por dinamite. A mulher contou que, três dias antes do homicídio, viu os objetos usados no crime dentro do carro e indicou ao marido, após ser perguntada por ele, onde estava uma banana de dinamite que ele guardava em casa. “Eu me sinto culpada”, disse a empregada ao G1.
Sandra não estranhou o fato de o marido procurar pela explosivo. “Eu disse que estava junto com as coias de pescaria dele e ele não voltou ao assunto. Não desconfiei porque ele era garimpeiro”. Em relação aos objetos dentro do porta-malas do veículo, ela estranhou, mas foi convencida pelo argumento de Joaquim. “Vi o colchão e o saco preto no carro. Achei estranho, perguntei para ele [marido] porque as coisas estavam lá, mas ele disse que era para dormir no serviço. A dinamite eu não vi, devia estar embaixo do colchão”, relatou.
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A principal suspeita da Polícia Civil é de que o padrasto assassinou a enteada e depois se suicidou. Para Sandra, o marido não agiu sozinho. “Se o laudo der que não foi encontrado nada no organismo dela, eu duvido que ele fez isso sozinho. Eu conheço minha filha, sei que ela ia tentar reagir e tirar a dinamite dela”, afirma.
De acordo com o delegado responsável pelo caso, Bruno Costa e Silva, não há previsão para que o inquérito seja concluído, pois isso depende da emissão dos laudos da perícia. “Estamos esperando o laudo para poder concluir a investigação e apontar o que ocorreu. Não temos como concluir sem este relatório”, afirmou.
A gerente do 10º Núcleo Regional de Polícia Técnico-Científica de Anápolis, Regina Célia Gomes Menezes, informou que o relatório deve ser concluído no próximo mês, pois os exames complementares feitos em Goiânia ficaram prontos na última semana. “O perito responsável pelo caso está de férias e os laudos dos exames chegaram agora. Ele pediu os exames cadavéricos, de DNA, dosagem alcoólica, toxicológico e papiloscopia. Assim que ele voltar, vai analisar e emitir o laudo pericial de local de morte violenta”, explicou Regina.
Divulgado em fevereiro, o resultado de um exame grafotécnico apontou que o padrasto foi o autor de uma carta com ameaças de morte recebida pela enteada. O bilhete foi enviado à jovem no ano passado, após ela levar uma paulada na cabeça. Em janeiro, o laudo cadavérico comprovou que causa da morte dos dois foi uma explosão provocada por dinamite.
Dor irremediável
A empregada doméstica não consegue evitar o sentimento de culpa pela morte da filha. “Eu sinto que se eu não tivesse conhecido ele poderia ter evitado. Eu o coloquei dentro da minha casa. Aconteceu dentro da minha casa e eu não percebi. Jamais ia imaginar que ele ia fazer isso com ela porque ele a protegia”, lamenta.
Sandra tomou algumas atitudes para evitar se recordar da tragédia a todo o momento. Um delas foi procurar o auxílio de uma psicóloga. No entanto, ela interrompeu as sessões porque acredita que não a ajudou.
enterro (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
A empregada doméstica e o filho também se mudaram de casa e passaram a viver com a família de uma irmã. “Nem na rua da minha antiga casa eu passo mais. É uma recordação muito triste”, afirma. Na nova residência, fotos de Loanne estão espalhadas pela casa e os pertences guardados em um baú de madeira.
Mesmo com todas as tentativas, a doméstica conta que “todo dia volta na mente o que ocorreu”. “Todo dia tem explosão na pedreira. Eu escuto o barulho e já me lembro deles. Eu não aguento mais ouvir o barulho”, ressalta.
Sandra não consegue mensurar a falta da filha. “Sinto muita falta dela. Nós não desgrudávamos uma da outra, vivíamos juntas. O Dia das Mães nunca mais será o mesmo. Olho as fotos dela para tentar ficar mais perto dela, vou ao cemitério e levo flores e velas, lá sinto que ela está ao meu lado”.
Crime
Loanne e Joaquim foram encontrados mortos no dia 17 de dezembro, no Morro do Frota, ponto turístico de Pirenópolis, a 67 km de Anápolis. De acordo com a Polícia Civil, o padrasto e a enteada morreram abraçados, estando Joaquim com o pé acorrentado e Loanne amarrada com uma corda a uma árvore.
Cerca de um mês antes das mortes, o garimpeiro contratou um seguro de vida no valor de R$ 30 mil, no qual seu filho biológico aparece como beneficiário. Segundo o então delegado do caso, Rodrigo Jayme, uma testemunha contou que Joaquim teria pedido informações no banco se a apólice cobriria casos de suicídio. “Esse é mais um elemento que leva a crer que ele pode ter forjado a cena do crime para parecer que foi vítima e não autor”, afirmou na época.
O rapaz que seria o beneficiário do seguro relatou em depoimento que estranhava o amor que o pai sentia por Loanne. Já a outra filha biológica do garimpeiro afirmou que acreditava mesmo que o pai tenha planejado o assassinato da estudante.
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