O juiz Federal Sérgio Moro decidiu retirar o sigilo dos depoimentos de delação premiada prestados pelo doleiro Alberto Youssef e pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. A decisão foi tomada após o ministro Teori Zavacki, do Supremo Tribunal Federal (STF), enviar à Justiça Federal do Paraná as declarações que não envolvem citados que têm foro privilegiado.

Dentre os citados por Paulo Roberto Costa, vale lembrar, está o ex-presidente da Câmara Federal, Henrique Eduardo Alves (PMDB). O primeiro depoimento em delação premiada feito pelo ex-diretor foi divulgado ainda durante a campanha eleitoral de 2014 e foi considerado um dos motivadores da derrota do peemedebista na disputa pelo Governo do Estado.

Apesar do teor do documento que cita Henrique ainda não ter sido divulgado até esta sexta-feira, o envolvimento do ex-presidente da Câmara foi lembrado em alguns veículos de comunicação nacional. “O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), aparece na relação de políticos que teriam recebido propina de 3% do valor dos contratos da Petrobras. A denúncia foi feita pelo ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, segundo o jornal O Estado de São Paulo”, relembrou o texto do UOL sobre o assunto, publicado nesta quinta-feira.

O texto lembrou também que, na época, a assessoria de Henrique Eduardo Alves afirmou que “não há qualquer hipótese de verdade no meu envolvimento com as irregularidades cometidas na Petrobras. Tenho a consciência absolutamente tranquila. Reitero que a delação premiada é um instrumento que beneficia o réu e não deve ser tomada como prova de verdade”.

De qualquer forma, o fato é que, além de ser um motivador para a derrota dele na disputa pelo Governo do Estado, a citação de Henrique na operação Lava Jato acabou o impedindo, também, de assumir um ministério neste segundo governo Dilma Rousseff (PT). Indicado pelos líderes do PMDB, o ex-presidente da Câmara Federal teria ficado de fora, justamente, até o envolvimento dele no escândalo da Petrobras ser “esquecido” ou seguir se o envolvimento dele.

Quando liberou o acesso aos depoimentos, o juiz Sérgio Moro afirmou que, “seguindo os mandamentos constitucionais, o trato da coisa pública, aqui incluído o processo de supostos crimes contra a administração pública, deve ser feito com transparência e publicidade. Não se presta o Judiciário para ser o guardião de segredos sombrios”.

Delator de Henrique prestará novo depoimento na Justiça Federal

Homem responsável por envolver Henrique Eduardo Alves na Operação Lava Jato e no Petrolão, o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, vai ser ouvido mais uma vez pela Justiça Federal do Paraná. O depoimento, segundo o jornal Zero Hora, será prestado em Curitiba.

Costa é uma das testemunhas de acusação no processo criminal em que foram denunciados o ex-diretor Internacional da Petrobras Nestor Cerveró e o lobista Fernando Antônio Falcão Soares, o Fernando Baiano, apontados como elos do PMDB na arrecadação de propina na estatal.

Costa, que admitiu ser parte do esquema que arrecadava de 1% a 3% de propina em contratos da Petrobras a partir de 2004, vai confrontar Cerveró e Fernando Baiano, que até agora negaram integrarem a organização criminosa denunciada pela força-tarefa da da Lava Jato.

Presos na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, Cerveró e Fernando Baiano negam qualquer relação com o recebimento de propina e com crimes de lavagem de dinheiro. Por meio de suas defesas, os dois já recorreram das decisões que determinaram suas prisões, porém os pedidos foram negados pela justiça.