Carros de sócio da Telexfree vão a leilão para pagar divulgadores
Um juiz do Espírito Santo determinou que dois carros registrados em nome do empresário Carlos Costa, que é um dos sócios daTelexfree, sejam leiloados para pagamento de quatro divulgadores. Os veículos foram apreendidos pela Polícia Federal. Além destes, outros dois automóveis que estão em nome de duas empresas, de Castelo e de Vitória, também serão disponibilizados para compra. A reportagem tentou entrar em contato com um dos advogados da Telexfree, Horst Fuchs, mas não teve sucesso.
A decisão foi tomada pelo juiz Ademar João Bermond, o 3º Juizado Especial Cível de Cariacica, na Grande Vitória. Serão colocados à arremate um Mercedez-Bens que custa mais de R$ 178 mil e um Kia Sorento, com valor estimado em R$ 84 mil, que pertencem ao empresário. De acordo com o magistrado, caso o leilão tenha êxito, o dinheiro deve ser usado para pagar aos colaboradores específicos e, caso sobre, a quantia deve ser utilizada para indenizar outras vítimas que ainda estão com o processo em fase de tramitação.
A princípio, os beneficiários dos leilões são pessoas que investiram na Telexfree, mas que devido ao bloqueio da empresa, decretado pela Justiça do Acre em junho de 2013, não tiveram tempo de recuperar as aplicações. Somente no Juizado de Cariacica, processos de 10 outros associados da Telexfree foram executados. Foram penhorados bens dos sócios da companhia e de outras empresas coligadas para pagar aos investidores.
O valor obtido com a venda do Mercedes-Benz vai indenizar em R$ 14 mil um divulgador. Os interessados vão poder arrematar o carro no dia 27 de novembro, às 15h, na sala de audiências do Juizado, localizado no bairro Alto Lage. O segundo leilão será do Kia Sorento e deve ser realizado no dia 1º de dezembro, a partir das 14h, junto à oferta do carro Fox City, avaliado em R$ 20.499. Os dois veículos serão usados para pagar duas dívidas de R$ 13 mil e de R$ 12 mil. O evento também será na sala de audiências.
O outro carro que vai a leilão é um Fiat Doblo, avaliado em R$ 33 mil. O evento ocorrerá no município de Castelo, em data ainda a ser definida, para reembolsar um investidor em quase R$ 12 mil. Segundo Bermond, essa decisão não entra em conflito com os outros processos que tramitam contra a Telexfree e os sócios. No Acre, a empresa é alvo de uma ação civil pública, que pede o fim da companhia, e a devolução do dinheiro para todas as pessoas que ingressaram no negócio.
Investigações
No Espírito Santo, em julho deste ano, a companhia e os donos tiveram novamente os bens apreendidos e alguns até sequestrados pela Justiça Federal em decisão que culminou na Operação Orion. Pessoas envolvidas com a Telexfree são acusadas pela Polícia Federal de participarem de um esquema de pirâmide financeira e de fraudes contra o sistema financeiro.
No mês de outubro, uma operação realizada pela Receita Federal do Brasil, a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) cumpriu mandados de busca e apreensão contra o esquema de pirâmide financeira no Espírito Santo. Segundo a Polícia Federal do estado, o objetivo era combater fraudes envolvendo a prática criminosa promovida pela empresa Telexfree, que tem sede em solo capixaba. As ações ocorreram nos municípios de Vitória e Vila Velha.
De acordo com os órgãos, a rede construída pelas empresas não condiciona os ganhos dos divulgadores à venda ou revenda dos serviços de telefonia, mas principalmente a novas adesões à rede, o que torna o esquema lucrativo somente para os membros que figuram no topo da pirâmide. O número de divulgadores prejudicados com a ação das empresas já ultrapassa um milhão de pessoas.
Além de ser investigada no Brasil, a Telexfree também é alvo de investigação nos Estados Unidos acerca de cometimento de fraude eletrônica instrumentalizada por uma pirâmide financeira. A Justiça americana, inclusive, determinou em abril o congelamento dos bens do grupo Telexfree. O pedido foi feito pela Securities and Exchange Commission (SEC), órgão equivalente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) brasileira, e determinado pelo Tribunal Distrital de Boston.
* Com colaboração de Mikaella Campos, do jornal A Gazeta
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