Febre nos Estados Unidos, crossfit e similares têm fila de espera nas academias
“Não é para ficar fácil este exercício! Isso aqui, não se esqueçam nunca, é um treino de força!”. A frase, dita em voz alta pelo professor Renato Azevedo — no melhor estilo capitão Nascimento, de “Tropa de elite” —, resume bem o espírito do crossfit, modalidade que ganhou, em abril, um espaço próprio na Companhia Athletica do New York City Center.
Variedade mais conhecida dos HIIT — sigla para High Intensity Interval Trainings ou Treinos Intervalos de Alta Intensidade —, o crossfit virou febre após ser apontado como o número um em tendência fitness deste ano pelo American College Of Sports Medicine, associação americana de medicina esportiva. Quem o procura quer os resultados apontados pela entidade, como emagrecimento rápido, ganho de massa muscular e redução do percentual de gordura.
— O objetivo é desenvolver dez capacidades dos alunos: resistência cardiovascular, resistência muscular, força, flexibilidade, potência, velocidade, equilíbrio, coordenação, agilidade e precisão — explica Diogo Gomes, coordenador da sala dedicada à modalidade na Companhia Athletica. — Este trabalho era comum em pequenos espaços, mas agora foi adaptado para as academias.
A preparação para a implementação da modalidade começou em dezembro. O investimento foi de R$ 250 mil, incluindo compra de equipamentos importados e treino de professores no exterior.
Nas aulas, são usados materiais como tubos de PVC, caixas e halteres. Cada treino tem até 15 alunos. Os exercícios são divididos em Warm Up (aquecimento), Skill (técnica, com aprendizado ou aprimoramento dos exercícios) e WOD (Workout Of The Day, treino intenso de 12 minutos).
Durante a sessão que O GLOBO-Barra acompanhou, os praticantes chegaram com antecedência para garantir vaga.Na última etapa, ao som de “Iron man”, do Black Sabbath, o cronômetro regressivo foi ligado. Os alunos, previamente instruídos, iniciaram a sequência. Mesmo cumprindo-a lentamente — a preocupação dos instrutores é com a execução correta —, o suor escorria, e caretas e expressões de exaustão apareceram.
Ao final, todos desabaram. Homens fortes, habituados à malhação, se jogaram no tatame. A advogada Carol Garcia, de 37 anos, frequentadora assídua da musculação, se diz viciada na modalidade:
— É uma aula dinâmica, gostosa. Mesmo sendo preparada, na primeira semana eu senti meus músculos travarem, mas é apaixonante. Faço a aula quase todos os dias.
Cautela e rigidez para evitar lesões
De olho no burburinho, a Bodytech também vai inaugurar um espaço exclusivo para o HIIT na Barra. O diretor técnico da instituição, Eduardo Netto, conta que o local terá uma festa de inauguração, prevista para acontecer até o dia 15 deste mês. A unidade será a terceira no país a receber o espaço. Netto renega o nome crossfit:
— Nossa preocupação é como entrar nesta onda com uma metodologia própria, adequada à cultura do brasileiro e do carioca. O crossfit como é aplicado nos Estados Unidos é agressivo para nós.
Todos os profissionais entrevistados reforçam os cuidados que se deve ter ao para praticar o HITT:
— O cuidado para ensinar o exercício adequado a cada um é extremo. Não podemos correr o risco de lesionar um aluno; por isso, só atenderemos entre dez e 15 pessoas por treino.
Gestora da Companha Athletica, Élida Oliveira reforça os mesmos cuidados e não recomenda aos alunos a prática de qualquer outra atividade no dia do crossfit:
— A carga é muito intensa. Não dá para fazer o circuito e depois tentar andar na esteira ou fazer musculação.
Dieta ‘das cavernas’
Para suportar o ritmo intenso ditado pelo crossfit e seus similares, muitos adeptos dos treinos pesados correm para as salas dos nutricionistas. E a indicação para a maioria dos casos tem sido uma forma de alimentação conhecida como “dieta paleolítica”. Criada nos Estados Unidos, ela propõe uma alimentação similar à dos homens das cavernas. Ou seja: redução de carboidratos e nada (ou quase nada) de produtos industrializados, laticínios e cereais. Carnes vermelhas (magras) e brancas, são permitidas, à vontade.
A nutricionista Mila Moraes, do grupo de Maria Fernanda Pio, calcula que 85% dos pacientes atendidos no seu consultório atualmente seguem este regime integralmente ou com adaptações.
— É uma dieta limpa. Numa proposta radical, cortamos leite, derivados e leguminosas de fava, como feijão e grão-de-bico, mas os alimentos podem variar de acordo com a necessidade das pessoas — frisa a especialista, ressaltando as vantagens. — Quem pratica atividade física intensa, como o crossfit, queima proteínas com bastante facilidade, e esta dieta ajuda na reposição.
Entre as adeptas da paleolítica está a empresária Raquel Uzai. Dona do perfil no Instagram fitforlife_brasil, com 146 mil seguidores, Raquel conquistou esta legião de admiradores na rede social ao mostrar sua rotina de alimentação saudável mais exercícios. Ela criou o perfil há pouco mais de um ano, quando decidiu investir para valer na saúde. Nos últimos meses, com a intenção de ganhar massa muscular, adotou a nova dieta.
— Minha gordura corporal hoje é de 12%, e minha rotina de treinos, intensa. Como carne branca, às vezes, a cada duas horas — conta.
Mila frisa que nem todos podem seguir a dieta à risca:
— Pessoas com colesterol alto precisam de adaptações. Muitas carnes, embora pareçam magras, podem camuflar gordura saturada.
Fonte: O Globo
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