PF busca documentos de empresas no RJ vinculadas a preso na Lava Jato
A Polícia Federal faz nesta sexta-feira (22) uma ação no Rio de Janeiro de continuidade da Operação Lava Jato, que desarticulou um esquema bilionário de lavagem de dinheiro. O objetivo é recolher documentos de 12 empresas vinculadas a Paulo Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento da Petrobras preso por suspeita de envolvimento nos crimes, e aos familiares deles.
Agentes da PF cumprem, desde a manhã desta sexta, 11 mandados de busca e apreensão e um de coerção coercitiva – quando a pessoa não é presa, mas é obrigada a prestar depoimento. Marcelo Barboza Daniel, sócio do genro de Paulo Roberto Costa, será ouvido, por supostamente ter emprestado dinheiro a ele. Os recursos foram apreendidos na casa do ex-diretor da Petrobras, na operação Lava Jato.
Sócio está no exterior
Segundo a PF, Barboza está nos Estados Unidos e se comprometeu a se apresentar assim que retornar ao Brasil para prestar esclarecimentos. O advogado de Paulo Roberto Costa, Nélio Machado, disse à GloboNews que não havia tomado conhecimento da operação.
De acordo com o Ministério Público Federal do Paraná (MPF-PR), a ação busca provas de que empresas registradas em nome terceiros poderiam estar sendo utilizadas por Paulo Roberto Costa no recebimento de valores de construtoras e empresas do setor petroquímico que celebraram contratos com a Petrobras.
Por volta das 12h30, policiais federeais chegaram à sede da PF na Praça Mauá, Zona Porturária, com malotes de documentos apreendidos na operação.
Repasses de R$ 2,9 milhões
Segundo nota enviada pela Procuradoria, foi constatado que Paulo Roberto Costa teria recebido um empréstimo de R$ 1,9 milhão de Marcelo Barboza Daniel em 2013. Também foi verificado que Humberto Sampaio de Mesquita, genro de Paulo Roberto Costa, declarou em 2012 ter recebido doação de R$ 1 milhão de Barboza.
Ainda de acordo com o MPF, várias empresas de consultoria de Barboza e Humberto, sendo uma de sociedade entre os dois, seriam sediadas no mesmo endereço, em um shopping na Barra da Tijuca, e seus clientes consistiriam basicamente em construtoras contratadas para a realização de obras pela Petrobras e por empresas do setor petroquímico. De acordo com a investigação, o suposto empréstimo e a doação poderiam servir para justificar o repasse de valores de propina para Paulo Roberto Costa.
Segundo a Polícia Federal, esta é a sexta fase de diligências ostensivas da ação e medidas foram requeridas ao juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba pelos integrantes da Força Tarefa do Ministério Público Federal, em trabalho conjunto com a PF.
A operação
Deflagrada em 17 de março pela Polícia Federal (PF), a operação Lava Jato desmontou um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que, segundo as autoridades policiais, movimentou cerca de R$ 10 bilhões. De acordo com a PF, as investigações identificaram um grupo brasileiro especializado no mercado clandestino de câmbio. Os suspeitos, informou a polícia, eram responsáveis pela movimentação financeira e pela lavagem de ativos de diversas pessoas físicas e jurídicas envolvidas em diferentes crimes. Entre os delitos cometidos pelos supostos “clientes” do esquema estão tráfico internacional de drogas, corrupção de agentes públicos, sonegação fiscal, evasão de divisas, extração, contrabando de pedras preciosas e desvios de recursos públicos.
A Lava Jato prendeu, entre outras pessoas, o ex-diretor de Refino e Abastecimento da PetrobrasPaulo Roberto Costa, suspeito de receber propina do esquema de corrupção, e o doleiro paranaense Alberto Youssef, que tem fortes ligações no meio político.
Petrobras
As investigações da Polícia Federal revelaram uma suposta ligação entre o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa com o esquema de lavagem de dinheiro comandado pelo doleiro Alberto Yousseff. Costa admitiu à polícia que recebeu um carro de luxo avaliado em R$ 250 mil do doleiro, mas alegou que o veículo foi dado em pagamento por um serviço de consultoria. Costa disse que já estava aposentado da Petrobras à época do recebimento do carro. No entanto, ele reconheceu que conhecia Youssef do período em que ainda estava na estatal brasileira. Costa foi preso em 20 de março enquanto destruia documentos que podem servir como provas no inquérito.
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