Investigação encontrou escola de filhos para chegar a Abdelmassih
21/08/2014 08h45 – Atualizado em 21/08/2014 09h40
Investigação encontrou escola de filhos para chegar a Abdelmassih
Operação achou escola com crianças gêmeas com aniversário em agosto.
Ex-médico chorou ao ser perguntado sobre os filhos, segundo a polícia.
A investigação que culminou com a prisão do ex-médico Roger Abdelmassih em Assunção precisou localizar os filhos gêmeos dele, que nasceram no Paraguai, para descobrir o paradeiro do ex-médico. A operação realizada pelas polícias federais do Brasil e do Paraguai buscou duas crianças gêmeas que faziam aniversário em agosto, mês de nascimento dos filhos de Abdelmassih, e descobriu que um colégio de alto padrão de Assunção tinha alunos com esse perfil. Os policiais conseguiram o endereço das crianças e chegaram ao médico, segundo informações do Bom Dia Brasil.
Abdelmassih foi preso quando buscava os filhos na escola na terça-feira 19. Na quarta (20), ele foi trazido a São Paulo e levado à penitenciária de Tremembé, no interior do estado.
O ex-médico foi condenado a 278 por casos de estupro e atentado ao pudor.
O estudante de medicina brasileiro Aldemir Magalhães Cavalcanti, 30 anos, que mora em Assunção, contou que os filhos de Abdelmassih estudavam na mesma classe que seu filho, de três anos. “Com a repercussão que o caso teve na época, acho que se eu o encontrasse na rua eu o reconheceria, disse.
No aeroporto de Congonhas, Abdelmassihchorou ao ser perguntado por policiais se tinha filhos, segundo o delegado Osvaldo Nico Gonçalves.
Prisão
O ex-médico Roger Abdelmassih deixou por volta das 16h40 desta quarta o Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul, e chegou a Tremembé por volta das 18h40.
O ex-médico foi recebido com gritos de revolta por vítimas de abuso sexual ao desembarcar em São Paulox. Abdelmassih foi vaiado por mulheres que o aguardavam no saguão.
Com um colete à prova de balas e escoltado por policiais, ele chegou com um sorriso no rosto. Uma mulher tentou furar o cerco policial para agredi-lo. Ele também foi hostilizado na saída, após ter feito exames de corpo de delito.
Em Congonhas, o ex-médico também passou pelos trâmites burocráticos que oficializaram sua prisão. Durante a conversa com os policiais, o ex-médico chorou ao ser perguntado pela polícia se tem filhos, segundo o delegado Osvaldo Nico Gonçalves.
Condenado em 2010 a 278 anos de prisão por 48 ataques a 37 mulheres entre 1995 e 2008, o ex-médico foi preso na terça (19) no Paraguai, por agentes ligados à Secretaria Nacional de Antidrogas do governo paraguaio com apoio da Polícia Federal brasileira.
O ex-médico era considerado um dos principais especialista em reprodução humana no Brasil. Após sua condenação e fuga, passou a ser um dos criminosos mais procurados pela Polícia Civil do estado de São Paulo. Ele ficou três anos foragido. A recompensa por informações sobre seu paradeiro era de R$ 10 mil.
A Polícia Civil de São Paulo pretende interroga-lo sobre mais 26 ex-pacientes que o acusam de estupro. Além disso, a 1ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), na capital paulista, quer ouvi-lo sobre crimes envolvendo manipulação genética irregular que ele teria cometido. Quatro pacientes relatam ter tido problemas na gestação ou má-formação dos filhos após se submeterem a tratamento na clínica que ele mantinha.
Médico alegava inocência
O ex-médico sempre alegou inocência. Chegou a dizer que só ‘beijava’ o rosto das pacientes e vinha sendo atacado por um “movimento de ressentimentos vingativos”. Mas, em geral, as mulheres o acusaram de tentar beijá-las na boca ou acariciá-las quando estavam sozinhas – sem o marido ou a enfermeira presente.
Algumas disseram ter sido molestadas após a sedação. De acordo com a acusação, parte dos 8 mil bebês concebidos na clínica de fertilização também não seriam filhos biológicos de quem fez o tratamento.
Em nota, os advogados Márcio Thomaz Bastos e José Luis Oliveira Lima afirmaram que a defesa “aguarda o julgamento da apelação interposta perante o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo” contra a decisão que o condenou.
A defesa alega que, por isso, a sentença não transitou em julgado. “No tocante a sua prisão, a defesa não irá se manifestar”, informaram em nota.
Roger Abdelmassih é fotografado pela Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai (Foto: Ho Senad/AFP)
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