A PALAVRA DO DIA- A VERDADE ILUMINA


se tornar conhecido” (Mateus 10.16b).

1. A VERDADE ILUMINA
Que palavra rima melhor com verdade?
Penso que é luz.
Os relatos evangélicos de Natal demonstram esta rima.
Os magos foram iluminados por uma estrela em seu caminho de lugar nenhum para Belém.
Os pastores foram despertados por uma imensa luz envolvendo o coro angelical que lhes deu a notícia do nascimento então recente do filho de Maria.
No seu prelúdio, João se refere a Cristo como sendo uma luz que veio ao mundo.
Penso em luz como rima para a verdade, porque penso nas trevas como o oposto de luz. O Natal de Jesus Cristo foi precisamente a dissipação das trevas.
Jesus foi a manhã do mundo e, não por acaso, o Apocalipse o chama de estrela da manhã, mais precisamente, de “resplandescente estrela da manhã” (Apocalipse 22.16).
Longe da luz, dominam as trevas, com seu terror (instalado nas esquinas), com sua mentira (uma simples sombra pode parecer um monstro), com suas incertezas (já que não dá para ver o que vem adiante) e seus mistérios.
Neste sentido, Natal é luz. Paulo nos fala de Jesus como sendo o mistério oculto nos tempos passados, mas, agora, depois do Natal, “dado a conhecer pelas Escrituras proféticas por ordem do Deus eterno, para que todas as nações venham a crer nele e a obedecer-lhe”. É por isto que Lhe  damos glórias para todo o sempre (Romanos 16.25-26).
Jesus é o mistério que estava oculto (1Coríntios 2.7). Ou seja: Jesus não é mais mistério. É luz. É verdade. O mistério é a agora nossa esperança de glória (Colossenses 1.27).
Não por outra razão, então, Jesus chama aos seus seguidores de filhos de luz (Lucas 16.18). Jesus convida a todos a serem filhos da luz (João 12.36). Então, os que aceitamos seu convite, somos chamados a viver como o que somos, como filhos da luz (Efésios 5.8). “Portanto” — diz o apóstolo Paulo — “não durmamos como os demais, mas estejamos atentos e sejamos sóbrios; pois os que dormem, dormem de noite, e os que se embriagam, embriagam-se de noite. Nós, porém, que somos do dia, sejamos sóbrios, vestindo a couraça da fé e do amor e o capacete da esperança da salvação. Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para recebermos a salvação por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele morreu por nós para que, quer estejamos acordados quer dormindo, vivamos unidos a ele” (1Tessalonicenses 5.6-10).
O apóstolo sabe que, embora digamos gostar da luz, mas há uma área em nós que precisa da escuridão: “Mas vocês, irmãos, não estão nas trevas, para que esse dia os surpreenda como ladrão” (1Tessalonicenses 5.4).
Rimemos nossas vidas com luz, não com trevas. Passemos nossas vidas pelo crivo da verdade, onde há luz, não da mentira, filha das trevas.

2. A VERDADE CONSOLA
Jesus nos diz que “não há nada escondido que não venha a ser revelado, nem oculto que não venha a se tornar conhecido” (Mateus 10.16b; cf. Marcos 4.22; Lucas 8.17, 12.2)
O Evangelho é prova disso. É notícia boa de que a vontade de Deus não ficou no mistério. Veio à luz. Jesus está-se referindo a si mesmo.
Ao mesmo tempo, está nos propondo um pensamento sapiencial, isto é, Jesus nos prefere uma frase típica da literatura de sabedoria. Até a estrutura do ensino segue o estilo dos provérbios, chamado “paralelismo sintético”, com a primeira frase (“não há nada escondido que não venha a ser revelado”) sendo reforçada na segunda ([“não há nada] oculto que não venha a se tornar conhecido”).
O que ele lembra está já inscrito na sabedoria popular, especialmente naquela que diz que a mentira tem perna curta. A fala de Jesus põe em tornos definitivos a sabedoria recolhida no livro de Provérbios: “A água roubada é doce, e o pão que se come escondido é saboroso! Mas eles nem imaginam que ali estão os espíritos dos mortos, que os seus convidados estão nas profundezas da sepultura.” (Provérbios 9.17-18). “Saborosa é a comida que se obtém com mentiras, mas depois dá areia na boca” (Provérbios 20.17).
A palavra de Jesus é, ao mesmo tempo, uma promessa e uma advertência.
É um consolo saber que a luz vai triunfar, especialmente quando as trevas da injustiça ou da mentira nos acossam.
Ouvi falar de um pastor que jamais rebatia as críticas, clara ou veladas, que lhe eram feitas. Imagino que era movido por sua certeza de que, no final, a verdadeira triunfaria, sob a vontade de Deus.
É um consolo saber que a luz vai vencer, especialmente quando as dores se alojaram no nosso corpo e na nossa mente.
Conheço inúmeras pessoas que sofrem, mas, ao tempo em que lutam pelo fim do sofrimento (pela oração ou pela medicação), sabem que suas dores um dia terão fim, sob a graça de Deus.
É um consolo saber que o mal tantas vezes perpetrado não durará para sempre. Há justiça — eis o que diz Jesus.

3. A VERDADE JULGA
Ao mesmo tempo, a palavra de Jesus é uma advertência, para todo aquele que se aproveita das trevas para fazer o que não faz sob o claro teto da luz. Há justiça porque há um Juiz que é justo, Deus, nosso Senhor. Ele julga os povos (Salmo 7.8). Há dois temas recorrentes nos salmos — este livro em que as almas se derramam — e são: a injustiça humana, em suas várias manifestações, e a justiça de Deus, em sua cristalina certeza. Os poetas bíblicos se alimentam de uma convicção para tocarem suas vidas: “Ele mesmo julga o mundo com justiça; governa os povos com retidão” (Salmo 9.8; 98.9).
O horizonte da liberdade deve considerar a responsabilidade. “Alegre-se, jovem — diz um sábio antigo — na sua mocidade! Seja feliz o seu coração nos dias da sua juventude! Siga por onde seu coração mandar, até onde a sua vista alcançar; mas saiba que por todas essas coisas Deus o trará a julgamento” (Eclesiastes 11.9).
Jesus é apresentado pelos apóstolos como o crivo (diríamos, a lei, a Constituição) pelo qual todos compareceremos diante de um “Pai que julga imparcialmente as obras de cada um” (1Pedro 1.17). Paulo garante que Deus julgará “os segredos dos homens, mediante Jesus Cristo” (Romanos 2.16).
É sempre estranha ao homem a idéia de julgamento. O homem natural anseia pela liberdade, mas tem horror à responsabilidade. No entanto, transportado para o final dos tempos o autor bíblico descreveu o que viu: “o mar entregou os mortos que nele havia, e a morte e o Hades entregaram os mortos que neles havia; e cada um foi julgado de acordo com o que tinha feito” (Apocalipse 20.13).

Tudo isto nos ajuda a conviver diante da maldade dos outros.
Enquanto isto, convivemos com a justiça e com a injustiça, com o crime compensando e com o crime sendo castigado. É certo que muitos se deixam levar pela certeza da impunidade (provável em alguns casos, mas não certa em todos) ou pela leveza da pena.
Mesmo num mundo injusto, em que “o ímpio aceita às escondidas o suborno para desviar o curso da justiça” (Provérbios 17.23), de vez em quando vemos num relance a justiça, mesmo que injusta, como é próprio dos homens. Eu me lembro disso quando vejo um corrupto, antes um senador, ou ministro ou governador que dava as cartas, saindo de uma casa algemado em direção a um presídio, onde ficará algumas horas… Conforta saber que mesmo que o sistema judiciário não o deixe na cadeia e mesmo que não pague pelo que fez, sua corrupção deixou o esconderijo. Agora todos sabem que ele realmente é: corrupto. Está às claras, não mais às escondidas, o que ele é: corrupto.

4. A VERDADE SE PÕE EM AÇÃO
E quanto à nossa própria maldade? O padrão é o mesmo. E mais pesado para os da luz. Se eu sou da luz, as exigências morais sobre mim são mais elevadas.
Devemos encontrar estímulos para a prática do bem como algo natural em nós, e não pela recompensa. Se formos motivados pela recompensa, que é real, seremos movidos pela ambição, que um dia também será revelada.
Este é um tema que tem gerado especulações ao longo da história.
O que faz uma pessoa devolver um cheque com valor tentadoramente superior ao devido ou a devolver uma carteira com valiosos dólares no seu interior? O que motiva alguém a salvar outras num naufrágio, com risco para a própria vida? O que levou Oskar Schindler a livrar tantos das garras do nazismo, por exemplo?
O psicanalista Contardo Calligaris nos fala de uma banalidade do bem (em contraposição à banalidade do mal, com a qual somos obrigados a nos acostumar).
Bom é quem pratica a bondade como se fosse algo natural, não obrigatório, não imposto, não porque haverá recompensa. Bom é quem repete uma frase que está numa das mais enigmáticas parábolas de Jesus, que termina assim: “Assim também vocês, quando tiverem feito tudo o que lhes for ordenado, devem dizer: ‘Somos servos inúteis; apenas cumprimos o nosso dever’” (Lucas 17). Jesus não está negando que haverá recompensa, mas está dizendo que não é a sua busca que nos motiva.
Bom é quem sabe, contra todas as evidências, que o que faz não é vão no Senhor, precisamente por isto: por ser feito para o Senhor e na força do Senhor (1Corintios 15.58).
Fizemos e não fomos reconhecidos? Não importa! Nosso trabalho foi para o Senhor.
Fizemos e ninguém nos notou? Não importa! Quem importa que notasse, Este notou. E nos abriu um inefável e intangível sorriso.
Quando fazemos o bem, nós nos parecemos com Jesus Cristo. Não é esta a meta de nossa vida?
Quando fazemos o bem, exalamos o bom perfume de Cristo. Poderíamos ter outro desejo? (2Corintios 2.14)
Na prática do bem, não devemos ser motivados pelo medo do julgamento, mas na prática do mal precisamos ter em mente que todos seremos julgados. Falta isto aos homens e é por isto que temos que convivemos com a banalidade do mal.

5. A VERDADE É CONVITE
A palavra de Jesus soa, então, não mais como consolo, mas como advertência.
Os padrões de Deus para os seres humanos são mesmo elevados. Um dia desses, os meios de comunicação noticiaram uma competição entre homens e macacos: quem demonstrava melhor habilidade com a memória. Num dos testes, venceram os símios… No entanto, um homem não é julgado por sua habilidade, seja qual for, física ou cerebral, mas por seu compromisso moral. É a consciência que distingue o ser humano. Para sua consciência, Deus põe padrões muito, muito elevados, porque foi feito à imagem de Deus.
Esses padrões não aceitam que um homem viva vida dupla, uma à vista e outra escondida.
Ele pode até viver, mas sua duplicidade vai ser desmascarada.
O que é o escândalo? Não é o mal ser praticado. É o mal ser praticado por quem não esperávamos que praticasse. Quando o pratica, mentindo, furtando, traindo ou enganando, ele escandaliza.
Então, Jesus nos diz: você vive uma vida publicamente e vive outra escondida? Saiba que a sua vida escondida será uma vida pública.
Se você vive uma vida às ocultas, diferente da que vive na luz, lembre-se que “é impossível que Deus minta” (Hebreus 6.18b) e Ele diz que trará para a luz aquilo que está na sombra. “Deus trará a julgamento tudo o que foi feito, inclusive tudo o que está escondido, seja bom, seja mau” (Eclesiastes 12.14).
Deixe que a palavra de Jesus leve você a desejar a viver na luz.
Vive na luz quem só vive uma vida, seja de noite, seja de dia.
Em lugar de pensar nos benefícios da vida às escondidas, pense na alegria de se parecer com Jesus a cada dia, todo dia, toda noite.
Deixe a luz de Jesus iluminar todas as áreas da sua vida, até não haver sequer um canto escuro.
Deixe-se confortar e desafiar pela palavra sábia de Jesus: “Não há nada escondido que não venha a ser revelado, nem oculto que não venha a se tornar conhecido” (Mateus 10.16b).

ISRAEL BELO DE AZEVEDO

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Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

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