FOTOS IMAGENS-Mulher trans protesta ao ser proibida de entrar em igreja em Vitória
Mulher trans protesta ao ser proibida de entrar em igreja em Vitória
Ato aconteceu nesta quarta (18), em frente à Casa do Cidadão.
Pastor também responde por ação na Justiça por agressão contra ela.
Uma mulher trans fez um protesto contra um pastor que proibiu a entrada de transexuais em uma igreja. O ato aconteceu começou às 10h e foi atá as 14h30, em frente a Casa do Cidadão, em Vitória.
Mel é cabeleireira e conta que o problema com o pastor existe há um ano, quando ela foi à Igreja e teve uma experiência espiritual e a manifestação foi entendida pelo pastor como algo demoníaco.
A trans disse que o pastor a agrediu e a arrastou para fora da Igreja com empurrões. Após o episódio, Mel registrou um Boletim de Ocorrência e moveu uma ação na Justiça.
Ela disse que o pastor, além de não permitir a entrada dela na Igreja, não a deixa comprar os livros que são vendidos na porta do templo. Mel segue indo até a frente da Igreja, em protesto silencioso.
A trans disse que é batizada e que vai a cultos fora da Igreja toda semana. “O pastor queria que eu cortasse meu cabelo, usasse roupas de homens. Eu disse que não é assim, eu não devo obediência ao pastor, se eu sentisse no meu coração que é o que Deus quer, eu faria”, disse Mel.
Mel questiona a função da Igreja. “Deveriam pregar o amor. Eles estão incitando a violência, como pode? Mesmo com tanta intolerância não é difícil ser crente. Acho que a intolerância deles é por se acharem perfeitos, mas sei que não são. Se ele faz isso comigo tá ensinando os outros membros a fazer”, disse.
No dia 13 de outubro, ela gravou um vídeo com uma amiga, que também é uma mulher trans, mostrando a situação. “É porque homossexual não pode, transexual não pode, ali é proibido”, explica ela no vídeo.
Prefeitura
O Gerente de Direitos Humanos da Prefeitura de Vitória Dário Sérgio Coelho conta que a Casa do Cidadão já tem ciência do problema que a Mel tem enfrentado.
Em 2015, Dário confirmou que ela sofreu agressão na Igreja protestante e que moveu uma ação na Justiça contra o pastor. “Nós estamos orientado para ela fazer uma nova ação por causa dessa proibição, a Igreja não tem dono e acreditamos que ela tem direito”, completa Dário.
Pastor
O pastor foi procurado pelo G1 para explicar o posicionamento dele sobre o episódio. Os contatos foram estabelecidos por telefone e e-mail. Até o fechamento da reportagem, ele não se manifestou.
Especialista
O professor de filosofia da UFES Marcelo Martins Barreira explica que, do ponto de vista dos Direitos Humanos, o reconhecimento da dignidade de todas as pessoas respeitando suas especificidades é o que permite que as pessoas convivam democraticamente.
“Mesmo uma religião conservadora fere seus princípios ao ferir alguém. Um credo deve ser um elemento de enriquecimento da diversidade e não de discriminação. Muitas vezes os discursos religiosos são usados para justificar uma postura sexista e violenta, mas até as igrejas mais tradicionais elas fazem uma separação entre condenar o pecado e condenar o pecador”, comentou.
Documentário
Em julho de 2015, Mel participou de um documentário do cineasta capixaba Adryellison Maduro, em que relatou a violência sofrida no local. A produção foi publicada no Youtube.
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