NATHAN FIGUEIREDO
Da Redação
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P pior pode estar por vir. Manchetes se multiplicaram nos últimos anos sobre a crise da Petrobras no Rio Grande do Norte, especialmente em Mossoró, e muitas outras notícias ruins ainda podem aparecer.
De acordo com dados da Procuradoria Regional do Trabalho da 21ª Região fornecidos ao JORNAL DE FATO, pelo menos cinquenta empresas passam por “problemas graves” com a Justiça do Trabalho em Mossoró – situação semelhante à da Empercom, cujos funcionários estão em greve há dois meses por atraso de salários.
No documento que reúne tais informações, o procurador Antônio Gleyson Gadelha de Moura, coordenador da Procuradoria do Trabalho de Mossoró, enfatiza: “Saliente-se que, para fins de relevância, colocamos as [cinquenta] empresas em que identificamos pelo menos cinco demandas desde 2011, mas há prestadoras de serviço com um volume de demandas judiciais de várias centenas”. Gadelha destaca, no texto, a expressão “várias centenas”.
Para o Ministério Público do Trabalho (MPT), a segunda maior cidade potiguar está no meio de um turbilhão de demissões e falências “com impactos ainda imprevisíveis” sobre a economia local. “A situação é calamitosa”, apontou o procurador em entrevista ao DE FATO realizada na semana passada. Demandas de atraso de salários e abusos trabalhistas lhe chegam diariamente. E ele alerta: “A situação ainda não se estabilizou e a gente ainda não sabe como vai ficar”.
Esse cenário dura há três anos por aqui e está atualmente em seu momento mais crítico, apontam registros do MPT e do Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Norte (SINDIPETRO/RN). De acordo com as homologações, as demissões no setor já somam cinco mil desde 2009.
Na empresa Empercom, cujos funcionários fizeram diversos protestos neste ano, são 1,5 mil trabalhadores afetados. O caso é considerado “sintomático” do que vive e ainda pode vir a ocorrer em Mossoró.
Manuel Assunção da Silva, diretor do setor de terceirizados do sindicato, opina que “as perspectivas não são boas” e lamentou o fato de que, mesmo com vários avisos e previsões de que essa sangria de desemprego iria ocorrer, o poder público, em todos os âmbitos, esteve praticamente imóvel para mudar essa situação. “Há cinco anos, fizemos várias audiências públicas mostrando que isso iria acontecer”.
Questionada sobre a situação da Empercom e sobre a situação das terceirizadas desde a quarta-feira (28), a gerência de imprensa Nordeste em Natal da Petrobras declinou de comentar o assunto.