Repórter
Segundo Vice-presidente da Convenção de Ministros da Assembleia de Deus no Rio Grande do Norte, o pastor Elinaldo Renovato chama atenção para a postura ética e cristã dos pastores diante do período eleitoral. Ponderando que a escolha dos candidatos é livre, o pastor chama atenção para ser evitada a apologia política durante os cultos.
O vice-presidente da Assembleia de Deus ressalta que essa é a orientação. Mas ele confirma a defesa para os fiéis escolherem candidatos que comungam das defesas da igreja. “Como eleitor cristão, o crente deve escolher com seu voto candidato que, sendo cristão, valorize sua fé, dando bom testemunho digno de uma pessoa evangélica ou cristã; que não seja favorável ao crime contra a vida, pelo aborto”, avalia.
O pastor Elinaldo observa que assumir bandeiras de candidatos durante os cultos seria discriminar os demais.
Sobre a orientação aos demais pastores e a expectativa dos fiéis-eleitores, o pastor Elinaldo Renovato concedeu a seguinte entrevista à TRIBUNA DO NORTE:
Qual a orientação do senhor para os demais pastores da igreja com relação ao pleito eleitoral deste ano? É possível os pastores assumirem defesas de candidatos nos cultos?
Oriento que os pastores, sob minha supervisão, devem ter uma postura ética e cristã, em todas as situações. Como cidadãos livres, têm o direito de escolherem candidatos de sua preferência, nos pleitos eleitorais. Conforme a legislação eleitoral, os púlpitos não podem ser usados como palanque político para nenhum candidato, mesmo que sejam evangélicos. Assim, não se pode assumir defesa de um candidato, nos cultos. Isso seria discriminar os demais candidatos que podem surgir (e surgem) em nosso meio.
Qual a orientação da igreja para os fiéis?
No caso da igreja que lidero, pela graça de Deus, oriento em dois aspectos, indicando o perfil do candidato e do eleitor cristão. Como eleitores, somos livres para votar em quem quisermos. Como candidato cristão, o mesmo deve ter bom testemunho como cristão; seja cumpridor de seus deveres cristãos; que seja bom pai de família e bom esposo; que seja cumpridor de seus deveres cristãos, sociais e cívicos. Somos cidadãos do céu e cidadãos da terra. Que o candidato cristão não se alie com partidos cuja ideologia e programa sejam contrários aos princípios cristãos. Se o candidato ou candidata é favorável ao aborto, que consideramos “crime hediondo”; se for favorável à união de pessoas do mesmo sexo; se apóia a legalização de tóxicos, se apóia a legalização da prostituição, considerando “profissão” digna, e temas semelhantes, o candidato cristão não deve fazer parte de aliança desse tipo, pois será cúmplice de atentados contra a Lei de Deus. Como eleitor cristão, o crente deve escolher com seu voto candidato que, sendo cristão, valorize sua fé, dando bom testemunho digno de uma pessoa evangélica ou cristã; que não seja favorável ao crime contra a vida, pelo aborto; que não aprove outro tipo de casamento ou de família, senão o que foi programado e instituído por Deus; o casamento só é reconhecido, na Lei de Deus, como sendo entre um homem e uma mulher; e família, na palavra de Deus, tem que ser formada de pai, mãe e filhos. O eleitor cristão não deve apoiar candidatos que são contra os princípios cristãos.
Como o senhor avalia a participação de pastores como candidatos ao pleito deste ano?
Avalio com muita cautela. Se o pastor dirige uma igreja, dificilmente terá condições de exercer bem um cargo político; mas, se não dirige igreja, e tem competência para ser um político, que represente o segmento evangélico, de modo honrado e digno, vejo que é desejável, visto que os evangélicos precisam ter voz nas diversas instâncias política da nação; o país tem sido dominado por uma ideologia materialista e anticristã, que deseja eliminar a liberdade de expressão, de crença e de religião, assegurados pela Constituição brasileira; é interessante que haja políticos de expressão, no congresso e em outros parlamentos, para serem uma voz em defesa dos princípios cristãos.
É notório que há candidatos focando no eleitorado evangélico, como o senhor avalia esse fato?
Avalio de modo positivo, desde que não seja por oportunismo. Os evangélicos já são um percentual considerável , em número e em participação como cidadãos do País.
Na sua avaliação, qual o principal desafio a ser enfrentado pelos candidatos neste pleito?
Na minha ótica, o principal desafio é direcionar o país e os estados para o rumo da ética e do respeito aos princípios democráticos. A Democracia brasileira é forte, mas tem sido ameaçada de forma tremenda nos últimos governos. Há propostas para cerceamento da liberdade de imprensa, de expressão, de opinião e de crença. Precisamos de representantes que lutem em defesa desses princípios, que são uma conquista da democracia. Não basta o país ser bem desenvolvido em termos econômicos e sociais. Precisa ser um país sério, onde a corrupção deixe de ser endêmica; onde os jovens possam ter esperança no futuro, com segurança e credibilidade.
O que o senhor espera do eleitorado neste processo?
Espero que o eleitorado tenha amadurecido um pouco mais, e vote com consciência visão democrática. Que não se venda, em troca de quaisquer favores por parte de quem quer que seja. Se for evangélico, precisa lembrar seu compromisso com Deus de ser “sal da terra” e “luz do mundo”, como disse Nosso Senhor Jesus Cristo.
A Assembleia de Deus promoverá alguma discussão ou debate entre os candidatos?
Só posso falar pela Assembleia de Deus em Parnamirim, onde sirvo a Deus há 15 anos. Até o momento, não pensei em promover esse tipo de debate. Em anos passados, o fiz, mas não vi uma repercussão desejável. Se a igreja realizar esse tipo de discussão, em local neutro, que não seja no recinto do templo, entendo que é salutar, desde que não tenha um “candidato oficial”, o que contraria a Lei. Creio que a igreja deve orientar os eleitores quanto ao perfil de um candidato que possa nos representar e orientar quanto ao comportamento do cristão, num momento de tamanha seriedade, como é o próximo pleito.