A preocupação com o êxodo rural no interior traz algumas preocupações. Porém, as famílias ainda apostam no agronegócio. Vila Lângaro é um exemplo. Está entre os municípios mais rurais do Rio Grande do Sul, onde mais de 80% da população mora no campo.

Para Lilian Dallangnol, extensionista rural da Emater, além do incentivo dos pais, é importante analisar a propriedade em si. “O incentivo por parte dos pais estaria em primeiro lugar, mas também precisamos ver a propriedade: o que ela oferece para o jovem, se ele tem internet disponível, se ele consegue acessar a mídia do jeito que ele gostaria”, explica.

Em cidades essencialmente rurais, a diversificação contribui com a sucessão em propriedades, mas não somente isso. Os jovens têm encontrado rentabilidade e qualidade de vida no campo.

Anderson Panisson é um exemplo. Formado em Ciências Contábeis, exerceu sua profissão por quatro anos em uma empresa na cidade vizinha, mas resolveu voltar para Vila Lângaro e ajudar nos negócios da família.

O jovem de 29 anos tem apostado no cultivo de hortaliças. “Vimos que era viável colocar essa área e investir nela e da mesma maneira trazer um pouco da tecnologia pra área agrícola, para nossa propriedade, agregando valor aos produtos e trazendo maior produtividade e um produto de melhor qualidade”, afirma Anderson.

Andrielli Panisson trilha por este caminho também. Ao que tudo indica, a irmã de Anderson dará sequência ao que os pais e avós começaram há muito tempo. Ela divide o tempo entre a faculdade de Administração e a lida no campo.

“Eu estou vendo que aqui está sendo muito bom. Os conhecimentos que a gente tem aqui com os que eu trago também pode ajudar os meus pais a terem um futuro melhor”, relata Andrielli.

A tecnologia está vindo para todo mundo é só ir atrás e trazer o conhecimento para as nossas propriedades”, acredita Anderson.

Para os pais de Anderson e Andrielli, a felicidade não poderia ser maior. “É importante ter os filhos ajudando um pouco e que eles continuem o trabalho. Eu estou continuando o serviço dos meus pais e espero que eles continuem o meu agora”, comemora Gesuíno Panisson.

Ivanize Panisson, mãe dos jovens, se sente valorizada pela escolha dos filhos. “Olha, eu posso te dizer que eu me sinto realizada. Eu incentivei meus filhos a estudarem e, com o estudo, eles também nos deram força como agricultores. Eu acho que muitos agricultores gostariam de estar no meu lugar hoje, ter o trabalho que eu estou tendo, ser valorizada pelo que eu estou fazendo.

A base do PIB de Vila Lângaro é formada em maioria pelo setor agropecuário. No ano de 2014, o IBGE mostrou que o PIB da agropecuária foi de R$ 39.612. Enquanto isso, nos setores de indústria e serviços, somados, o valor não chegou a R$ 20 mil.

Por isso, a prefeitura incentiva a permanência no município através de casas populares. Ao todo, nos últimos 12 anos, 120 foram construídas. Para o prefeito Claudiocir Milani, isso “incentiva principalmente que a família consiga ficar morando lá e tendo uma qualidade de vida boa na agricultura”.

O município mais rural do estado do Rio Grande do Sul é Chuvisca, localizado na Região Metropolitana de Porto Alegre. Possui 94% da população morando no interior. No estado, são 218 municípios que têm a população em sua maior quantidade no campo.

Tecnologia atrai jovens para o campo (Foto: Reprodução/RBS TV)